segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Instituto de Segurança da África do Sul debate onda de repressão em Angola


Johanesburgo – No seguimento do cenário de violência e detenções contra estudantes universitários que se manifestaram em Angola, o prestigiado Instituto de Estudos e Segurança promoveu Quarta - feira em Luanda, uma conferencia sobre o assunto.

Fonte: Club-k.net
Detenção de estudantes no centro das atenções
A conferência foi repartida em dois painéis, um dos quais que debateu a situação política em Moçambique tendo como orador um acadêmico e responsável do Centro de Estudos Estratégicos daquele país. O segundo e último painel centrando sobre a situação em Angola teve como orador, o economista e secretário-geral do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes.

O político angolano começou a sua dissertação falando da presente situação política marcada com protestos de estudantes contra a situação social e o uso da violência como reacção por parte das autoridades. Filomeno Vieira Lopes explicou que a onda de manifestação em Luanda iniciou desde o dia 7 de Março através de uma convocatória anônima feita através das redes sociais.

“Desde o anúncio do 7 de Março, num contexto de revoluções ocorridas no Norte de África, que o Governo de Angola ensaiou uma contra ofensiva de grandes proporções, com vista a abortar o desejo de manifestar.”, recordou o conferencionista acrescentando que “ Membros da instância superior do Mpla como Dino Matrosse, Rui Falcão e Bento Bento afirmam que Angola não é “Norte de África”, acusam os partidos políticos por estarem por detrás das manifestações e prometem utilizar todos os meios para destruir qualquer intuito de desenvolver um movimento similar no país.”

Segundo aquele dirigente “O Mpla defende a tese de que os manifestantes querem fazer “guerra”. Por isto, realizaram 2 dias antes, a 5, uma Manifestação, dita da “Paz” onde os gastos foram avaliados em mais de 20 milhões de USD.” Disse revelando que “ No pacote de luta do Governo figura rapto e sequestro de lideranças juvenis à mão armada, perseguições sistemáticas, roubos de computadores, agressões dirigidas, ameaças e intimidações a familiares e amigos dos manifestantes, uso de gases tóxicos para dispersar manifestantes, utilização de contra-manifestantes especiais da polícia secreta com armas brancas, suborno.”

Disse ainda que “A última Manifestação convocada pelo Núcleo ligado ao Mata Frakus e Universitários, liderados por Carbono Casimiro, ocorreu a 3 de Setembro, em que se registaram graves incidentes, havendo sido presas em dois momentos distintos mais de 60 cidadãos e julgados 48 entre manifestantes e transeuntes. Entre os detidos encontra-se uma sexagenária do partido Bloco Democrático, Ermelinda Freitas, e, ainda, o líder da Juventude da UNITA, Mfuca Muzemba”

Filomeno Vieira Lopes revelou igualmente que “Analistas defendem que os últimos acontecimentos podem ser aproveitados pelo partido no poder para criar um clima de instabilidade tendente, em primeiro lugar, a distrair a oposição e a sociedade civil para não lutarem até ao fim num modelo de legislação eleitoral credível e, a médio prazo, para justificar o protelamento das eleições.”

“Isto mesmo é indiciado já pelo assassinato ocorrido no dia 17 corrente dum militante da Unita na Província litoral de Benguela e de anúncio de manifestação do Mpla para o dia 24, dia em que os Jovens já tinham informado ao Governo de Luanda que voltariam a rua. Este, por sua vez, num comunicado inédito proibiu não só quaisquer manifestações no largo da independência, mas igualmente que cada cidadão só se pode manifestar no Município de sua residência.”, observou o também economista.

Na visão de Viera Lopes “ o período de transição para a democracia em Angola foi incapaz de criar o espírito democrático, a cidadania e as instituições correlativas e, hoje ensaiam-se decisivamente novas formas de alcançar a democracia no país, desacreditada pelo peso incomensurável do Partido-Estado em Angola.”

A conferencia com o político angolano contou com a presença de diplomatas estrangeiros baseados em Pretória, membros de instituições de defesa sul africana, activistas cívicos seguindo-se de um almoço oferecido aos presentes. Na hora das perguntas e respostas, a platéia sobretudo a estrangeira centrou-se em fazer perguntas sobre uma possível saída do actual Chefe de Estado e se a oposição estaria unida para assumir responsabilidades de governação caso seja esta a vontade popular.

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