quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Devaneios de um ditador


Acho que perdi para sempre os meus sentimentos. Vejo pessoas a morrerem à fome e não ligo patavina. Vejo miséria por todo o lado, fico insensível. Só penso em mim. Os outros que se lixem. Só eu existo. O dinheiro que roubo, porque a isso sou obrigado, reparto-o comigo muito bem repartido. Sinto-me feliz e seguro, quando vejo nos ecrãs os mortos pelas bombas do crude, e o deambular dos esfomeados e demais miseráveis desprezados. Rio-me imenso com as anedotas dos discursos dos políticos. Sinto grande pesar quando vejo o verde das plantas amarelecer, a desaparecer, devido a uma grande negociata. Perante este estado de coisas, sinto-me a qualquer momento morrer sem esperança. É o que nos resta. Creio que estamos num beco sem saída. Andamos mas não sabemos para onde. No fundo da minha alma… acho que estou muito doente, uma doença incurável.

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