O pequeno corredor no centro do casebre guardava sete vasos de hortelã. Pensei que era por causa dos gatunos. Em simultâneo olhei para eles e para Mentor que explicou:
- Como a hortelã é óptima para as doenças respiratórias, comprei vasos e neles a plantei. Cresceu rápida, ficou atraente. As folhas esverdeavam a liberdade das plantas.
A meio da noite acordava com a respiração opressa que lembrava chiadeira de gatos. Levantava-me, ia a um dos vasos, colhia quantidade suficiente. Mastigava-a, engolia-a e pouco depois sentia-me melhor. A expectoração saía forçada pela tosse, os pulmões arejavam e a respiração normalizava.
Tinha um pequeno jardim e notei que alguns pardais apareciam. Duma vez contei oito. O piar era muito barulhento mas agradável. Talvez protestassem porque não tinham comida. Revivia neles a salutar Natureza. Coloquei-lhes recipientes com arroz e água. Vieram regularmente, comiam, bebiam e iam. No passar dos dias,noto que um pardal corria com os outros. Surpreendi-me… porque ele assenhoreou-se da comida e bebida. Quando outros pardais apareciam, ele voava como um míssil, e zás! Não queria compartilhar a sua propriedade privada.
Habituou-se à minha presença, sentia-se à vontade, mas sempre desconfiado. Reconhecia a área como um cão ou gato. A cadeira onde me sentava não escapava à vigia. Sentia-se ser de casa.
Gostava de observar o crescimento da hortelã. Numa manhãzinha verifiquei constrangido que quase desaparecera, incluindo raízes. Não tardei a encontrar explicação. Os outros pardais, furiosos porque estavam proibidos de se alimentarem da comida do colega, vingaram-se na hortelã… como se eu fosse culpado.
Enfureci-me, retirei-lhes o arroz e a água. Gritei-lhes: «aqui não há mais comida e bebida para ninguém». Fi-lo por vingança, decidido a nunca mais enfrentar ingratidão de asas.
O comensal reapareceu, viu que a comida desapareceu, piou estridente até se cansar. Imóvel, provavelmente pensava: «mas, que mal fiz?!». Repetiu-se por quatro dias, quando percebi com grande surpresa: Não era um, era uma pardaleja que acompanhava o seu pequenino que iniciava o manejo das asas. O bebé abria o bico à espera que lá caísse qualquer coisa. A mãe desesperada bicava areia e enfiava-lha pela goela. Mas o bebé não se calava, queria comida de verdade. Percebi… era chantagem. A mãe culpava-me da morte do filho pela fome. Senti-me varado, gritei-lhes: «chega, estou despassarado!»
Lembrei-me que os pardais são como as pessoas esfomeadas. Quando têm fome, são válidas quaisquer regras de sobrevivência.
Arrastei os vasos para lugar seguro, replantei a hortelã. Coloco-lhes regularmente arroz e água. Agora, ela tem condição para alimentar o filho. Deixa-o localizado porque sabe que está seguro. Dá umas voltas, quem sabe…talvez discutir com o marido que ousou abandonar o filho.
Os cães e o vento uivavam nervosos, temerosos da escuridão que agitava os sons do silêncio da noite. Tiros ouviam-se de vez em quando. Era um nocturno melancólico de uma sinfonia fantástica.
Ouvimos o miar de gato na porta da rua seguido de arranhadelas que vão aumentando de tom. Depois o ladrar de cão seguido de dois socos. Ficámos muito atentos, expectantes. Mentor esboça um largo sorriso, levanta-se e abre a porta rapidamente. Depara-se com alguém que traz um mostruário de vendas. Não demonstra surpresa, adivinhara quem chegara.
- Ulisses… não é possível… a venderes telemóveis!? Sempre com astúcia!
- Claro… depois será o disfarce de presidente de um partido político. Exigirei o dinheiro que me é devido, depois financiarei uma armada grega para atacar os Politburo. Vou-lhes lançar setas, onde lhes dói mais.
- Entra, entra, vou procurar algo para te sentares.
- Como a hortelã é óptima para as doenças respiratórias, comprei vasos e neles a plantei. Cresceu rápida, ficou atraente. As folhas esverdeavam a liberdade das plantas.
A meio da noite acordava com a respiração opressa que lembrava chiadeira de gatos. Levantava-me, ia a um dos vasos, colhia quantidade suficiente. Mastigava-a, engolia-a e pouco depois sentia-me melhor. A expectoração saía forçada pela tosse, os pulmões arejavam e a respiração normalizava.
Tinha um pequeno jardim e notei que alguns pardais apareciam. Duma vez contei oito. O piar era muito barulhento mas agradável. Talvez protestassem porque não tinham comida. Revivia neles a salutar Natureza. Coloquei-lhes recipientes com arroz e água. Vieram regularmente, comiam, bebiam e iam. No passar dos dias,noto que um pardal corria com os outros. Surpreendi-me… porque ele assenhoreou-se da comida e bebida. Quando outros pardais apareciam, ele voava como um míssil, e zás! Não queria compartilhar a sua propriedade privada.
Habituou-se à minha presença, sentia-se à vontade, mas sempre desconfiado. Reconhecia a área como um cão ou gato. A cadeira onde me sentava não escapava à vigia. Sentia-se ser de casa.
Gostava de observar o crescimento da hortelã. Numa manhãzinha verifiquei constrangido que quase desaparecera, incluindo raízes. Não tardei a encontrar explicação. Os outros pardais, furiosos porque estavam proibidos de se alimentarem da comida do colega, vingaram-se na hortelã… como se eu fosse culpado.
Enfureci-me, retirei-lhes o arroz e a água. Gritei-lhes: «aqui não há mais comida e bebida para ninguém». Fi-lo por vingança, decidido a nunca mais enfrentar ingratidão de asas.
O comensal reapareceu, viu que a comida desapareceu, piou estridente até se cansar. Imóvel, provavelmente pensava: «mas, que mal fiz?!». Repetiu-se por quatro dias, quando percebi com grande surpresa: Não era um, era uma pardaleja que acompanhava o seu pequenino que iniciava o manejo das asas. O bebé abria o bico à espera que lá caísse qualquer coisa. A mãe desesperada bicava areia e enfiava-lha pela goela. Mas o bebé não se calava, queria comida de verdade. Percebi… era chantagem. A mãe culpava-me da morte do filho pela fome. Senti-me varado, gritei-lhes: «chega, estou despassarado!»
Lembrei-me que os pardais são como as pessoas esfomeadas. Quando têm fome, são válidas quaisquer regras de sobrevivência.
Arrastei os vasos para lugar seguro, replantei a hortelã. Coloco-lhes regularmente arroz e água. Agora, ela tem condição para alimentar o filho. Deixa-o localizado porque sabe que está seguro. Dá umas voltas, quem sabe…talvez discutir com o marido que ousou abandonar o filho.
Os cães e o vento uivavam nervosos, temerosos da escuridão que agitava os sons do silêncio da noite. Tiros ouviam-se de vez em quando. Era um nocturno melancólico de uma sinfonia fantástica.
Ouvimos o miar de gato na porta da rua seguido de arranhadelas que vão aumentando de tom. Depois o ladrar de cão seguido de dois socos. Ficámos muito atentos, expectantes. Mentor esboça um largo sorriso, levanta-se e abre a porta rapidamente. Depara-se com alguém que traz um mostruário de vendas. Não demonstra surpresa, adivinhara quem chegara.
- Ulisses… não é possível… a venderes telemóveis!? Sempre com astúcia!
- Claro… depois será o disfarce de presidente de um partido político. Exigirei o dinheiro que me é devido, depois financiarei uma armada grega para atacar os Politburo. Vou-lhes lançar setas, onde lhes dói mais.
- Entra, entra, vou procurar algo para te sentares.
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