segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Cavaleiro do Rei (59). Novela


As várias comissões de trabalho deram por encerradas as suas tarefas. Gastaram apenas um milhão de dólares. Têm dois anos de prazo para apresentarem o relatório das contas. O nome da nova polícia: Exército Real Anti-corrupção.

Os efectivos tinham direito a alimentação e ao vencimento mensal de quinhentos dólares. Nos primeiros dias ainda comeram. Depois os pratos ficaram vazios. Não havia nada para lá colocar. Nem um pão. Dois meses depois sem receberem um tostão, chega a refrega habitual. Os automobilistas são abordados.
- Você é corrupto?
- Não.
- Então deixa aqui qualquer coisa.
- Mas vocês não são do Exército Real Anti-corrupção?
- Somos, vá, dá alguma coisa!

Estavam em todas as esquinas. Demoraram pouco tempo a limpar quem trocava dólares. As kinguilas, mesmo com os seus maridos na polícia não escapavam. As esfomeadas zungueiras com os filhos às costas eram um alvo fácil. As pobres ficavam confusas, se deviam salvar os filhos ou os alguidares. Os Anti-corruptos aproveitavam e carregavam tudo. Elas preferiam salvar os filhos. Um filho mais crescido pergunta:
- Mamã, são os da UNITA? Eles não pararam com a guerra?
- Não, são mercenários que o reino contratou.
- Estrangeiros?
- Sim meu filho.

As jovens não escapam. As preferidas são as que usam saias muito curtas, ou vestidos transparentes.
- Estás presa!
- Porquê!?
- Estás a corromper os nossos olhos.
Um polícia já tinha galado uma jovem. Esta resistia-lhe dizendo que não queria namorar com ele. Preferiu ser presa por outro polícia. O galã diz para o colega.
- Essa é minha, há muito que ando com o olho nela.
Os lavadores de carros passam mal.
- Estás preso porque estás a corromper o asfalto.
Os jovens vendedores de bugigangas sofrem uma limpeza sem limites.
- Tens factura da compra?
- Não.
- Estás preso por corromperes os comerciantes.

Ameaçam os moradores dos prédios e em especial os dos casebres que serão demolidos por uso corrupto. Alguns chefes escolhem as melhores habitações para albergarem as suas mulheres e a conta infindável de filhos. Conta-se a proeza de um que tinha mais de vinte mulheres. A família reunida nem em dois grandes hotéis caberia. Que super macho. – Diziam.
Ressuscita-se a Lei dos quarenta e cinco dias por abandono do reino. Uma moradora atónita fala com a vizinha.
- Vão demolir os prédios e os casebres?!
- Vão-nos pôr aonde?!
- No Nova Vida.
- Aiué! Vamos fugir para o Zimbabué.
- Lá fazem a mesma coisa.
Começa o interrogatório aos moradores.
- Prova que não saístes do reino há mais de quarenta e cinco dias.
- Sempre vivi aqui.
- Chegaste agora?
- Não, nunca saí daqui. Querem roubar as casas não é!!!

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