quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O Cavaleiro do Rei (51). Novela


Capítulo XV
Os feiticeiros

«O país pobre tem reservas limitadas. O Brasil tem reservas da ordem de 30 bilhões de dólares, a Argentina algo como 10 bilhões. Para comparar, um especulador médio como Edward Jones maneja, segundo o Business Week, 255 bilhões de dólares, a Merril Lynch algo como um trilhão de dólares. Mohamed el Erian, que tanto contribuiu para quebrar a Argentina, algo como 180 bilhões. Joseph Stiglitz, premio Nobel de economia de 2001, explica o processo de forma meridiana, usando o exemplo concreto de uma operação na Tailândia. Um especulador de Wall Street pede um empréstimo de um bilhão de dólares aos bancos tailandeses, em moeda local. Como se trata de um grande investidor internacional, os bancos locais ficam encantados.
Com este bilhão, o especulador sai comprando dólares no mercado local. Vendo o dólar sumir do mercado, outros banqueiros e especuladores locais também passam a comprar dólares, cuja cotação sobe vertiginosamente. Depois de um tempo, o especulador revende parte dos dólares para pagar o empréstimo local, e sai com um lucro líquido de 400 milhões de dólares para cada bilhão empatado. Não produziu nada, não precisou movimentar um centávo seu, e como o controle do movimento de capitais é pecado mortal na doutrina dos que Stiglitz chama apropriadamente de “fundamentalistas do mercado”, o dinheiro sai do país. O especulador não precisou sair de Manhattan. A poupança de um país é transferida para outro. Isto se chama “globalização”.»
In Altos juros e descapitalização da economia. Ladislau Dowbor

Apesar dos convites que os feiticeiros lhe fizeram, Epok preferiu ignorá-los. É certo que tinha alguns feiticeiros na família, mas não queria nem era aconselhável que os nobres soubessem disso, porque decerto criariam intrigas para lhe lixar a vida e ocuparem o seu lugar. As invejas eram muitas. Já tinha sobrevivido a muitos feitiços porque o dele era muito forte, mais poderoso que o petróleo.

Então anuncia-se a realização do 1º Congresso dos Feiticeiros Petrolíferos, no Palácio dos Feitiços. Diz a lenda que o Palácio nasceu devido ao esforço conjunto de unidade mental quando todos viviam em harmonia. Fizeram um grande feitiço e do nada surgiu a obra, que ainda continua a ser motivo de orgulho e coesão mental. Os trabalhos do congresso dividiam-se em quatro capítulos.

Capítulo um

Abertura dos trabalhos feita pelo Grande Feiticeiro. Ele entra acompanhado por várias jovens feiticeiras semi-nuas. Lançam-se dezenas de morcegos, cobras, galinhas, corvos, mochos, ratos, aranhas, baratas, porcos, pregos enferrujados, caveiras e ossos à sua passagem. O corredor central é ladeado por panelas com água a ferver, junto com mistelas para que sejam efectuados alguns feitiços como prova de organização. No púlpito o orador começa a palrar.

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