segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Epopeia das Trevas (53)


O esmeraldino das folhas das plantas desaparece. Sofre, porque as forças de intervenção rápida odeiam o verde. Tudo o que é cinzento, vermelho da cor do inferno em vida é negociável. Chegaram, estão entre nós, ninguém parece se aperceber. Estamos comandados, escravizados, por seres deste mundo, terríveis, impiedosos… parece ficção científica mas não é. A raça humana está a ser exterminada. Despertem gentes antes que seja tarde. Os que nos governam, os mais poderosos, os donos do nosso mundo, das nossas vidas, do nosso destino, aterraram na terra, não vieram de outro planeta. Vão acabar com as nossas vidas. OS SENHORES DO MUNDO SECRETO ESTÃO AQUI PARA SEMPRE.

O namorador adulterou-se com mais uma. Brilhou o popó, e abrilhantou-a numa serenata passeata. Dançaram, festejaram, farrearam, reviveram o paganismo. Concordaram-se no término do descaminho nocturno no rio da kanvuanza. Encaminhavam-se bem às mil e uma apalpadelas. Cupido desarmou-se, esgotou as setas. Estavam já no momento oportuno das vias de facto quando ouvem forte restolhar. Alarmam-se, suspendem a emissão e a recepção. O namoradeiro vasculha a área, e o que vê deixa-o gélido. Treme-treme como um castelo assombrado. O instinto de conservação liga a ignição. De pé na tábua faz-se de disco voador, pára e não repara onde está. Deve ter voado uns cem quilómetros distanciado. Suores frios inundam-lhe o rosto e as costas. A namoradeira desperta-o com o resto do frio da noite. Ele justifica-lhe porque retirou tão abruptamente o pénis da sua quentinha.
- Meu bombom, temos que avisar os outros para não virem aqui… era uma sereia.

Esta civilização está muito desenvolvida, dizem. Mas não perdemos os hábitos da idade da pedra.
A religião e a ditadura são as algemas da mente.
Os ditadores não deixam os democratas descansarem.
Gritos da morte na noite escura. Mais um esfomeado que disse adeus à ditadura.
Preciso de uma chave para abrir as sete chaves da fechadura desta ditadura.
Na democracia incipiente até os cães são hipócritas.

Nas sociedades modernas as prisões estão sempre com a lotação esgotada.
As esquinas da política enchem-se de aventureiros.
Vivemos sempre no receio, que a prisão da noite nos bata à porta.
Estamos sempre a reviver os momentos do Conde de Monte Cristo.
O melhor partido político é a fome, e esta é a melhor conselheira.
Os abutres estão no poder, mas o albatroz vigia-os.
As colunas militares avançam na madrugada. Vão enviar balas aos esfomeados.
A fome é proporcional aos discursos dos políticos.
Se mais petróleo houvera, lá chegara.

Sempre mais adiante há um fosso, mais um poço de petróleo.
Até o surdo ouve o murmurar das promessas de liberdade.
As estruturas do poder estão ferrugentas, cairão por falta de manutenção.
A maldade é a bíblia dos ditadores.
Para sentir o vento da liberdade basta uma janela aberta.
Somos como aves engaioladas na ditadura.
Até o surdo faminto consegue ouvir o barulho da fome.
Os incompetentes eternizam-se no poder, mas não são eternos.
As ondas do mar repousam na areia, os ditadores dormem nas areias movediças.
A noite termina, a manhã começa, o dia do poder não acaba.
A luz dos faróis cega-nos, roubaram as lâmpadas.

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