sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Epopeia das Trevas (52)


A nau perseguia o destino Atlântico, o mar que ensinou os homens a navegar. Depois melhoraram as embarcações e reembarcaram, descobriram-se com outras gentes. Parecia inacreditável, mas existiam outros povos primaveris que pisavam rodeadas riquezas incomensuráveis. Com olhos cobiçados e cabeças tontas vergavam-se os exploradores perante tantas montanhas de ouro inexploradas. Eldorados, ilhas encantadas, misteriosas cidades do ouro, esmeraldas, diamantes, prata, petróleo, urânio. E matavam-se, rematavam-se e matavam. Riquezas humanas, povos… civilizações espadeiradas, tiroteadas, apenas porque os seus deuses eram árvores, rios e terra. Eram-lhes superiores porque amavam a Natureza. Agora os neo-exploradores esfolam-se e esfolam. Destros superficiais boçais.

Reanimei-me, e reaprendi a amar, a desenvolver o amor do meu Deus implantado na árvore iluminada de esmeraldas, riqueza verde insubstituível.
Louvei as minhas inclinações a Anfitrite, Oceano e Mentor pelo agrado do improvisado sushi. E voltámos aos nossos sons, como se o mar entendesse, participasse mudo e quedo.
- Mentor, meu amigo… não vou nos futebóis das bolas brancas, nem nas políticas dos políticos melífluos.
- O autor dos FFF é prezado… o ser humano necessita da prova de fogo constante. Como os grandes hipnotizadores de multidões que nos conduzem à solução final.
- Os cães são livres, nós não.
- Não entendo.
- Eles podem ladrar, perdemos esse direito.
- Por isso existem canis.
- O que é uma discriminação.
- Sim! Não há diferença entre os homens e os cães.
- Há uma, comem a mesma comida.
- Então os criminosos deviam estar nos canis e os cães na prisão dos homens.
- É tempo de acabar com essa injustiça.
- O homem não é um animal.
- Por certo, os animais pensam que o homem é irracional.

Mesmo sem trovoada oiço muitos trovões. Esses que saem dos escapes das motos. Esses mesmos, os da civilização Branca. Quando o fumo sai branco é bom. Quando escuro é mau. É contrário aos desígnios do deus Branco.
Um deus com cores: Preto, branco, vermelho, amarelo… um deus para cada cor, para cada povo, para cada raça. Ah, os humanos, só eles podiam inventar uma coisa assim. Ah, … tão cansada destas coisas estou, que já não sei o que sou. A relatividade do tempo gerou-me e estacionou-me na ceifa do divulgado, grandioso desastre ecológico. Por mais que tente desadapto-me ao dormente terreno.

Quando retornarei à nebulosa cometária? Há infindáveis anos espero que me venham resgatar. Impossibilito-me neste planeta. No outro vivia tão feliz… com os meus pais na irmandade familiar. Não sei, desfaço-me porque sou incapaz de entender. Quero voltar, levem-me!
No mundo dos desumanos vou morrer só, abandonada, ninguém me ligará. Para quê… não é preciso. Só pensam no dinheiro. Se isto é viver, que o meu Deus, o meu anjo Verde me ouça, que não me abandone, que me transporte.
ESTOU A ALERTAR PARA O RUMO QUE NOS QUEREM LEVAR. Não é o menino, não são as chuvas, vulcões, ciclones, tufões, maremotos, terramotos – isto sempre aconteceu, e acontecerá – são os malditos políticos que nos desgovernam, que querem o mundo só deles. RENEGUEMOS MAIS VIVER COM CONSTRUTORES DE PAREDES.

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