terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Cavaleiro do Rei (60). Novela




- Estás a criticar o Governo Real?
- Quem não critica o Governo, é porque dele recebe alvíssaras.
- Outro valor mais alto se levanta, é o dinheiro.
As atenções viram-se para os bancos. Entram e deixam os cofres vazios. A acusação é:
- Confisco por corrupção dos bens da população.

Armazéns, estabelecimentos, lojas, o que resta de fábricas, sofrem uma grande pilhagem. O pretexto era sempre o mesmo:
- Alimentos impróprios para consumo. Bens com defeitos de fabrico.
A vida no reino pára. Não há comida, não há nada. Roubam camiões, carregam-nos e dirigem-se para a Namíbia. A fila é imensa. Conseguem passar nas calmas. É tarde quando Epok ordena prender os chefes. Estes já estão bem escondidos nos paraísos fiscais a gozarem os rendimentos na companhia de mulheres de ocasião. Nem o dinheiro disponibilizado para os gastos do Exército Real Anti-corrupção escapou. Foi o maior roubo da história do reino. (Foi isto que originou os novos-ricos)

Capítulo XIX
Os congressos

«A mudança nas tecnologias muda as dimensões espaciais do trabalho, na medida em que as finanças, o comércio, os diversos serviços “intangíveis” que hoje assumem tanta importância, como publicidade, advocacia, gerenciamento a distância, circulam nas “ondas” do novo sistema de informações (TCI – Tecnologias de Comunicação e Informação) em segundos, fazendo por exemplo uma secretária que trabalha em Washington perder o emprego para uma secretária que vai fazer o mesmo trabalho, via computador, a partir da Índia.
In o que acontece com o trabalho?» Ladislau Dowbor

Em Jingola o que um faz os outros copiam. Começa a moda dos congressos. Agora é a vez do Congresso dos Alcoólicos Petrolíferos.
Epok gostava de beber o seu copo. De vez em quando apanhava uma bebedeira, mas sabia disfarçar. Dizia que estava com paludismo, que lhe doíam as costas, que lhe doía a cabeça, que não sabia o que tinha, ou que desconfiava que tinha sido enfeitiçado. Declinou o convite que lhe apresentaram com a desculpa que tinha deixado de beber.
Agora que a moda pegou, e no reino imitam tudo o que vêem, surgirão congressos por todo o lado. Como as lanchonetes e as cantinas.

Patrocinadores haviam de sobra. Eram todos do reino português. Não patrocinavam comida, só bebida. Era obrigatório levar bebidas de todas as marcas para dar um ambiente salutar e acolhedor. As crianças, futuras continuadoras da grande revolução alcoólica, incentivavam-nas a beberem com à vontade. Pelo menos seis ambulâncias aguardavam impacientes com os motores prontos a arrancarem. Como era festa nacional a população foi convidada a participar. No exterior colocaram-se torneiras. Quem quisesse beber o seu copo bastava aproximar-se. Havia um grande cartaz: AMIGO DO COPO É NOSSO AMIGO. Outro dizia:
EM CASA DO BÊBADO HÁ:
- COMIDA
- FELICIDADE
- SAÚDE
- RIQUEZA

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