quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Epopeia das Trevas (50)



Sinceramente não sei que interesses têm as nações, ganhos, em estupidificar as suas populações com super doses de estádios de futebol. Isto é a outra civilização, a da bola. Quantos, tantos estádios de futebol, que deveriam transformarem-se em bibliotecas de cultura. Jogos olímpicos do livro, da literatura, de quatro em quatro anos. Isso existia na Grécia mas… as ditaduras e o Cristianismo colocaram os seus cadeados, invocando que eram cerimónias pagãs. Os poetas foram proibidos de jogar as suas odisseias. Os Celtas com as suas tradições orais fintaram a Igreja, e depois escreveu-se o Santo Graal, o Rei Artur, Guinevere, Lancelot, Avalon... Sim! E Excalibur, a espada mágica que simboliza as forças da Natureza, o destino da Humanidade. Eis o paradoxo: nascer para morrer. Ou melhor: nascer para destruir civilizações.

A miséria obriga a que por qualquer motivo se descaia, faleça, em qualquer local inesperado, sem direito a assistência médica e social. Os transeuntes, despregados de humanismo – mas, quem só pensa em dinheiro, tem tempo para estas coisas? Até lhe chamam de louco! – Cansados da viciosa morte gritam maquinalmente: Morreu! Morreu! – No tempo dos romanos era: viveu! viveu! - A vítima jaz no chão indefinidamente abandonada. É a vida diária dos campos de concentração petrolíferos do Golfo da Guiné.

O novo comboio passará. Será mais rápido que o outro que existiu. Levantaram-se muros de protecção. Os moradores para circularem têm que saltá-los, os funerais também. Crianças sem instinto de conservação aproveitam o anoitecer e cagam no cimo dos muros. Os moradores trepam e sentem as mãos desagradáveis. Ficou oásis para bandidos. Pela intranquilidade os seguranças recebem extras, facturam nas pessoas.

A História não é coisa parada, é movimentada. Novas descobertas surgem. O que hoje é uma descoberta revolucionária, no outro dia já não o é.
Famílias a viverem ao relento. A nobreza Politburo rouba terrenos e somaliza casebres para construir palacetes, palácios, com a abundância das receitas do petróleo. O que está na berra, na moda, são os condomínios. Abertos dentro, no ocultismo por fora.
Os primitivos tinham cavernas, os actuais desalojados nem isso têm. Os mirones acercam-se na praxe subjectiva. Interrogam-se que talvez seja um circo de cavalinhos debandado.
- A rua é a vossa nova casa?
- Os Politburo partiram-nos as casas, roubaram-nos as terras e sempre assim sucessivamente.
- Vão se queixar nos direitos humanos.
- Não dá mano, esses quando falam os Politburo ameaçam-nos, prendem-nos, matam-nos. E que me adiantaria isso? Risadas e papeladas não despachadas.
- É lepra Politburo contagiante! Exilem-se!
- Sim… vamos para o Índico, a ver se algum mercador de escravos nos compra.

Regressei ao mar, desperta por onda dimensional que balançou a embarcação. Segurei-me bem. Os marinheiros nem por isso, nas calmas, insensíveis às ondas. Sensíveis falantes, não se cansam. O Ulisses bordeja:
- O dinheiro sujo civiliza-nos. É o dono do mundo, patrão da hodierna civilização. Antes arrasaram, mataram, dizimaram, escravizaram os antepassados. Até que finde… quando não sobrar nada….
Antes que me esquecesse, intrometi uma deixa:

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