Aguardo sempre a infinita espera da demora
como na magia das margens do meu céu desespera um anjo
Nunca esquecerei o meu gesto de ternura
sempre dedicado ao meu filho no longínquo abandonado
por promessas que nunca serão cumpridas
Nunca esquecerei as esperas das minhas incontáveis bichas
Filas humanas para conseguir o essencial de todos os dias
Séculos e séculos desesperados para me afirmar como mulher
Com dignidade habituei-me a suportar
os desprezos que sobre mim tem lançado
E nesta condição humana provocada
renasce-me a negra existência, e penso:
Sou negra como o sol castanho das tardes
Como o luar das noites, e naturalmente
manchada das alvas amarelas do anual malmequer
Porque sou bela, como o amanhecer de todos os dias
Sou negra porque sou digna, nobre descendente africana
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