quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ilse Koch. A Cadela de Buchenwald e o Esfolador do Reno




Ilse Koch passou para a posteridade como “A Cadela de Buchenwald”. Adoro esse epíteto. A Cadela de Buchenwald. Sugere maldade, sugere sadismo, e era isso mesmo que se podia dizer de Ilse Koch. Ela era má, ela era sádica. Mulher de um comandante de campo de concentração nazista, amante de um dos oficiais subordinados ao marido, Ilse desenvolveu gosto especial pela crueldade. Apreciava cavalgar pelo território da prisão e, em meio ao passeio, apontar para um prisioneiro:
- Este!

O escolhido de Ilse era arrastado para uma sala, onde os esbirros o chicoteavam com método e devoção. Ilse assistia ao espancamento e delirava de prazer ante o sofrimento da vítima.

Mas não foi isso que a transformou em A Cadela. Foi outro costume: o de mandar esfolar os prisioneiros mortos para usar as peles deles como pantalhas dos abajures da sua casa. Ilse preferia os prisioneiros tatuados, que, naturalmente, rendiam abajures com motivos mais alegres.

A Cadela de Buchenwald. Raras mulheres na história da Humanidade foram tão infames. Assassinas seriais, então, isso quase não se encontra. Houve Marie Besnard, por exemplo, que passou alguns anos do começo do século 20 atarefada em envenenar parentes e contraparentes a fim de amealhar heranças e livrar-se de metidos. Mas não foi por maldade que Marie Besnard matou; foi por conveniência. E seus assassinatos eram limpos, nada de vísceras expostas, nada de estrangulamentos, nada de armas brancas ou empalamentos.

É que as mulheres não são movidas pela mesma agressividade que é marca do mundo masculino. Há monstros de sobra entre nós, homens. O Estrangulador de Boston, o Vampiro de Londres, o Esfolador do Reno. Há Landru, que seduziu mais de 200 mulheres e eliminou pelo menos 10 durante a I Guerra Mundial incinerando-as em um forno industrial. Além dos celebérrimos Hitler, Pol Pot, Stalin et caterva. Vasculhe as estatísticas policiais: os homicídios são, quase sempre, obra dos homens. Os acidentes de trânsito fatais, idem. A violência física, da mesma forma.

O homem é naturalmente agressivo e violento. A Civilização, no entanto, nos faz sublimar esses instintos bárbaros. Algumas formas clássicas de sublimação da nossa selvageria são: a música, as artes e… os esportes. Arrá! Eis o busílis! Os esportes! Li, como sempre leio, a Martha Medeiros escrevendo dias atrás sobre o futebol feminino. Disse, a Marthinha, que falta às jogadoras a força física que têm os homens. Falta. Mas não é a força física que torna o futebol masculino mais atrativo do que o feminino. É a agressividade. E não me refiro exclusivamente aos zagueiros truculentos ou aos volantes carniceiros. Nada disso. Porque um bom atacante é muito mais agressivo do que um zagueiro. O bom zagueiro é cerebral. O atacante, não. O bom atacante é puro instinto. Não é à toa que os grandes atacantes roçam a marginalidade. Um Edmundo, um Romário, um Ronaldo. Um Éder, um Renato Portaluppi, um Maradona. Um Heleno de Freitas, um Garrincha, um Roberto Rivellino. Os maiores atacantes em todos os tempos foram algo próximo a desajustados. Tinham de ser. Ou não seriam atacantes.

É o que falta ao futebol feminino. A ferocidade, a barbárie, a selvageria, a crueldade, a maldade, a violência, a brutalidade do mundo masculino, todas essas idiossincrasias que transformam homens em monstros. Ou em gênios.

Publicado em Interessante, ou não!,

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3 comentários:

alien disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
alien disse...
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