Nova Iorque - As forças de segurança angolana atacaram jornalistas que, no sábado, cobriam um protesto contra o governo na capital, Luanda, segundo reportagens da imprensa. Ao menos duas dezenas de pessoas foram presas e várias outras ficaram feridas, enquanto a polícia atribuiu a violência aos manifestantes.
Fonte: CPJ
As forças de segurança agrediram vários jornalistas durante os protestos no Largo da Independência em Luanda. Os jornalistas que disseram ter sofrido agressões foram identificados como Alexandre Neto, correspondente local da emissora financiada pelo governo norte-americano Voz da América, os cinegrafistas Hugo Ernesto e Nicolau Chimbila da emissora portuguesa RTP, e os repórteres Coque Mukuta da Rádio Despertar e Ana Margoso do Novo Jornal.
A emissora estatal angolana TPA também relatou que sua equipe de profissionais foi atacada, supostamente por manifestantes, de acordo com relatos da imprensa. Neto disse ao CPJ que policiais e homens não identificados a paisana o derrubaram e pegaram sua mochila, com seu celular, câmera, passaporte e carteira de motorista. Os itens não foram devolvidos, segundo jornalistas locais. A RTP transmitiu cenas de um homem não identificado em trajes civis atacando uma de suas câmeras e derrubando um membro de sua equipe. O responsável pelo escritório da RTP em Luanda, Paulo Catarro, informou que uma das câmeras da emissora foi quebrada.
Agentes de segurança também atacaram o jornalista português António Cascais, que estava conduzindo um treinamento de jornalismo em Angola, quando ele deixou o hotel para caminhar em direção ao protesto, informou a imprensa. Os agentes jogaram Cascais no chão, revistaram seus bolsos e confiscaram uma câmera digital e dois telefones, disseram jornalistas locais.
“Condenamos o uso de violência e da intimidação pelas forças de segurança para impedir os jornalistas de cobrir os protestos contra o governo”, declarou o coordenador de defesa dos jornalistas da África no CPJ, Mohamed Keita. “As autoridades devem devolver todo o material jornalístico confiscado e indenizar os danos aos equipamentos. Também devem fazer com que os responsáveis pela violência contra a imprensa prestem contas”.
Algumas centenas de manifestantes se reuniram para pedir que o presidente José Eduardo dos Santos renuncie depois de 32 anos de governo, segundo informes da imprensa. A polícia e agressores não identificados começaram a agredir os participantes depois que um grupo de manifestantes tentou marchar em direção ao palácio presidencial para exigir a libertação de Pandito Nerú, um de seus líderes, que havia sido raptado sob a mira de armas mais cedo naquele dia pelas forças de segurança.
O protesto de sábado foi ao menos a segunda ocasião, desde março, que autoridades angolanas tentaram impedir que jornalistas cobrissem protestos públicos que pedem reformas democráticas e econômicas, segundo a pesquisa do CPJ.
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