quinta-feira, 25 de março de 2010

O último comboio do Katanga (2)


Porque se caminhamos, se vivemos, se os tememos… então não vivemos! O tempo move-se e nós tão parados, tão amordaçados. Prometeram a independência, a felicidade e a liberdade às populações escravas para as espoliarem e as renovarem para os séculos futuros da mais vil sujeição. Já não sabem, já se esqueceram que a beleza de uma nação é como a da mulher, não se vê, sente-se nas nossas almas.

Quando uma sociedade se torna aviltantemente elitista, uma revolução paira, está para breve. Porque quando os políticos prometem mundos e fundos é evidente que estão a mentir. Eles querem é o poder para continuarem com as oligarquias e nos ensombrarem, nos dominarem. A História é a morte do tempo das multidões sem poderes. Mas, o que é melhor que a democracia?! É não haver democracia. As zungueiras carregam-na nas costas com os filhos. Carregam o fardo muito pesado que lhes dobram as costas… Angola. Continuamente vemos multidões de pessoas a girarem à nossa volta. E no entanto continuamos perdidos, irremediavelmente sós.

Confesso-lhes um grande segredo: a coisa mais difícil que existe é viver. Se não existissem seres humanos, tudo se tornaria tão fácil. Mas conseguiremos viver sem eles? E há um navio negreiro chamado Angola. Há países que só têm um presidente e um palácio. Povo não existe, exterminam-no. Para que servem canalizações sem água, condutores eléctricos sem energia, automóveis sem estradas. País sem governo é como doentes sem hospitais.

Como estudantes sem escolas e livros sem leitores. Também impressiona ver como os democratas destruíram a democracia em Portugal. É como os bancos dos brancos… para que servem se nunca têm sistema? São como os submarinos, raramente vem a superfície. Algures no Universo a galáxia Angola foi engolida por um buraco negro.

Voltando a Portugal… para avançar têm que acabar com os partidos políticos e instaurar a tal ditadura benévola. Portugal não tem democracia, espelha Angola, que tem uma idiossincrasia. Um manicómio de loucos atacados pela sismodemocracia. E os hospitais psiquiátricos não chegam para a demanda. Que patético, que orgulhoso país que produz tantos loucos. Fabricantes exclusivos da loucura colectiva.

É o Inverno democrático. Agora é que os esbanjadores da democrata Angola podem comprar Portugal… está em saldos. Uma corja de malfeitores que debaixo da ferrugenta capa da democracia capada, destruíram Portugal e os portugueses. E tentam a todo o custo convencer a dinastia Isabelina para também utilizar o mesmo sistema em Angola. Mas não é necessário, porque já está devidamente assentado.

Não deixa de estranhar a salutar, muito familiar analogia, o incremento da destruição de Angola e Portugal na mesma lagoa. Por exemplo, em Luanda pouco falta para quando sairmos à rua os esfomeados nos assaltarem, alias já acontece. Por incrível que pareça não existe nenhuma política de emprego para nacionais, apenas para estrangeiros e para o Politburo. Isto e mais os espoliadores das terras e dos casebres. Resistem ainda os vulcões da ignomínia onde o nascimento tumultuoso é sempre certo. Entretanto ultimam-se os preparativos para a vitória da miséria total e incompleta. É que depois de uma revolução mal sucedida, acendem-se velas, porque outra se aproxima, se afirma.

Imagem: FOLHA 8

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