Moradores do Bairro Huambo, ao Rocha Pinto, acusam o director da agência local da EDEL de não lhes fornecer «luz», alegadamente por pertencerem a um conglomerado residencial onde o «Galo Negro» tem militantes e simpatizantes em números consideráveis.
Alguns bons milhares de moradores do Bairro Huambo, comuna do Rocha Pinto, ao município da Maianga, estão sem energia eléctrica há 120 dias, por alegada decisão do director da agência local da EDEL, Francisco Kapita, que assim terá procedido por na sua maioria pertencerem ao «Galo Negro», como soube o Semanário Angolense de alguns munícipes lesados.
A interrupção selectiva do fornecimento da «luz», segundo os queixosos, foi iniciada há três meses, quando o bairro foi surpreendido com a chegada de uma «brigada» da agência local da distribuidora, com o intuito de efectuar cortes no bairro sem uma causa justificável. Eles dizem que, mesmo com os seus contratos feitos e contas regularizadas, os funcionários acabaram por efectuar os cortes, sem mais explicações, ficando-se a saber mais tarde que tal se devia a supostas (mas sempre inaceitáveis) razões políticas. «Acho que situações do género já não deviam acontecer mais num país que está a marcar alguns passos rumo ao desenvolvimento. O bairro é composto por pessoas de distintos partidos, pelo que Francisco Kapita não tinha que particularizar a distribuição de energia eléctrica por motivos políticos.
É uma aberração», disse um dos queixosos, que preferiu escudar-se no anonimato. Em face disso, vários moradores do Bairro Huambo cogitam a possibilidade de realizarem uma manifestação de protesto, além de escreverem para a direcção central da empresa distribuidora para os devidos esclarecimentos. Segundo contam, os moradores lesados já fizeram tudo para que Francisco Kapita recuasse, mas sem sucesso, devido à sua intransigência. Mesmo implorando.
«Às vezes, perguntámo-nos se a EDEL é uma empresa pública ou é pertença do director da agência da Samba para ele proceder desta maneira. O governo tem de disciplinar isso», disse um outro queixoso, revoltado. «Tenho o contrato feito, tenho as minhas conta pagas, mas mesmo assim não escapei das loucuras do senhor Kapita: deixou-me a casa sem corrente eléctrica. É demais», acrescentou um munícipe que confessou ser simpatizante de um partido da oposição, considerando que isso não é motivo para ser discriminado.
Kapita nega O Semanário Angolense ouviu Francisco Kapita, por telefone, a propósito do assunto, tendo ele negado as acusações, referindo, em contrapartida, que a sua agência só efectuara cortes nas casas de clientes faltosos em relação a contas com a empresa. «A energia da EDEL é um bem que deve ser consumido por todos que se sintam capazes do ponto de vista financeiro. Os nossos compatriotas desta zona da Maianga querem consumir a energia gratuitamente», justificou-se. Segundo Kapita, não existem razões para se separar os clientes em função da sua filiação partidária. O que acontece, como diz, é que, quando solicitada, a empresa concede energia provisoriamente, dando o prazo de um mês para firmar o contrato.
Ao fim desse tempo, quem não regularizar a sua situação, fica sem ela. «A zona tem clientes insuportáveis que ficam durante dois meses sem se preocupar com os seus contratos. Depois, quando lhes é retirada a corrente eléctrica, recorrem a comunicação social com historietas desse tipo», disse Francisco Kapita. Aproveitou a ocasião para revelar que, independentemente desse caso, a zona está às escuras devido à danificação de dois de alimentação, estando a sua agência, no momento, preocupada com a superação dessa avaria. Por fim, disse que as tais «razões políticas» apontadas pelos queixosos não colhiam, por sermos todos «uma nação». Quanto ao consumo de energia, isto é para quem está capacitado para pagá-lo, já que ela não é de borla.
O resto é conversa.
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