Por Maka
Angola
Guardas da empresa privada de segurança Bicuar
alvejaram ontem, 25 de Abril, por volta das 7h30, o cidadão congolês Jingongo
Lemba com um tiro na região torácica enquanto este trabalhava junto ao rio
Txacanga, em Cafunfo, município do Cuango, na província da Lunda-Norte.
Jingongo Lemba, de 30 anos de idade, residente no bairro
Pone, em Cafunfo, é localmente conhecido como carvoeiro e trabalhava na
produção artesanal de carvão, quando uma patrulha de três guardas da Bicuar o
alvejaram de surpresa, sem ter havido qualquer diálogo. O tiro causou graves
ferimentos e a fractura de uma costela do cidadão congolês, que está a ser
assistido no hospital de Cafunfo. A equipa médica, segundo depoimento um
familiar da vítima, Adelino Kamanda, aconselhou a família a levá-lo para uma
unidade hospital com condições adequadas de tratamento para o salvar.
Adelino Kamanda revelou ao Maka Angola que o autor
do disparo é conhecido apenas como David. Familiares e activistas locais
informaram a Polícia Nacional sobre o incidente.
Guardas da Bicuar, empresa ao serviço da Sociedade
Mineira do Cuango, estiveram envolvidos num outro
caso de violência, ocorrido a 20 de Abril na zona de Kambamba, que vitimou
fatalmente um garimpeiro.
A Bicuar substituiu, desde Março de 2012, uma outra
empresa – Teleservice – na prestação de serviços de segurança à Sociedade
Mineira do Cuango, que explora diamantes na região, e tem estado envolvida
desde então em vários actos de violência contra garimpeiros e aldeães.
Várias denúncias têm sido feitas à impunidade dos
gestores da Sociedade Mineira do Cuango, uma empresa de exploração de diamantes
formada pela Endiama, a ITM-Mining e a Lumanhe. Esta última, que detém 21
porcento da sociedade, é conhecida como a empresa dos generais, tendo como sócios,
com quotas iguais, o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do
Presidente da República, general Hélder Manuel Vieira Dias “Kopelipa”; o
inspector-geral do Estado-Maior General das FAA, general Carlos Hendrick Vaal
da Silva; o chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino,
general Adriano Makevela Mackenzie; o general Armando da Cruz Neto, governador
de Benguela; e os generais João Baptista de Matos, Luís Pereira Faceira e
António Emílio Faceira, respectivamente ex‐chefes
do Estado‐Maior
General das FAA, do Estado‐Maior do Exército e dos Comandos.
A região diamantífera das Lundas tem sido palco de
sistemáticas violações de direitos humanos, incluindo dezenas de casos de
tortura e assassinato, perpetrados por membros das Forças Armadas Angolanas e
guardas de empresas privadas de segurança ao serviço das empresas
diamantíferas, particularmente a Sociedade Mineira do Cuango.
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