segunda-feira, 29 de abril de 2013

Carvoeiro Alvejado no Cuango




Guardas da empresa privada de segurança Bicuar alvejaram ontem, 25 de Abril, por volta das 7h30, o cidadão congolês Jingongo Lemba com um tiro na região torácica enquanto este trabalhava junto ao rio Txacanga, em Cafunfo, município do Cuango, na província da Lunda-Norte.
Jingongo Lemba, de 30 anos de idade, residente no bairro Pone, em Cafunfo, é localmente conhecido como carvoeiro e trabalhava na produção artesanal de carvão, quando uma patrulha de três guardas da Bicuar o alvejaram de surpresa, sem ter havido qualquer diálogo. O tiro causou graves ferimentos e a fractura de uma costela do cidadão congolês, que está a ser assistido no hospital de Cafunfo. A equipa médica, segundo depoimento um familiar da vítima, Adelino Kamanda, aconselhou a família a levá-lo para uma unidade hospital com condições adequadas de tratamento para o salvar.
Adelino Kamanda revelou ao Maka Angola que o autor do disparo é conhecido apenas como David. Familiares e activistas locais informaram a Polícia Nacional sobre o incidente.
Guardas da Bicuar, empresa ao serviço da Sociedade Mineira do Cuango, estiveram envolvidos num outro caso de violência, ocorrido a 20 de Abril na zona de Kambamba, que vitimou fatalmente um garimpeiro.
A Bicuar substituiu, desde Março de 2012, uma outra empresa – Teleservice – na prestação de serviços de segurança à Sociedade Mineira do Cuango, que explora diamantes na região, e tem estado envolvida desde então em vários actos de violência contra garimpeiros e aldeães.
Várias denúncias têm sido feitas à impunidade dos gestores da Sociedade Mineira do Cuango, uma empresa de exploração de diamantes formada pela Endiama, a ITM-Mining e a Lumanhe. Esta última, que detém 21 porcento da sociedade, é conhecida como a empresa dos generais, tendo como sócios, com quotas iguais, o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Hélder Manuel Vieira Dias “Kopelipa”; o inspector-geral do Estado-Maior General das FAA, general Carlos Hendrick Vaal da Silva; o chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino, general Adriano Makevela Mackenzie; o general Armando da Cruz Neto, governador de Benguela; e os generais João Baptista de Matos, Luís Pereira Faceira e António Emílio Faceira, respectivamente exchefes do EstadoMaior General das FAA, do EstadoMaior do Exército e dos Comandos.
A região diamantífera das Lundas tem sido palco de sistemáticas violações de direitos humanos, incluindo dezenas de casos de tortura e assassinato, perpetrados por membros das Forças Armadas Angolanas e guardas de empresas privadas de segurança ao serviço das empresas diamantíferas, particularmente a Sociedade Mineira do Cuango.



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