Há informação de fontes hospitalares que indicam haver
quatro agentes da Polícia mortos 13 agentes da polícia feridos e uma senhora
civil ferida. Todos deram entrada no hospital local, segundo fontes
hospitalares não autorizadas a falar a Imprensa
No hospital local a reportagem do Canalmoz viu na sala de
tratamentos oito agentes da Polícia fardados que estão a receber tratamento com
sinais de ferimentos graves. Entrevistados, disseram que foram atacados pela
Renamo.
Na vila, a população está a abandonar em debandada
as suas residências. Não há comércio nem outra actividade desde ontem. As
escolas estão fechadas.
Muxungue
(Canalmoz) – Um ataque conduzido pelos agentes da Força de Intervenção Rápida
(FIR) à sede da Renamo no posto administrativo de Muxungue, distrito de
Chibabava, em Sofala, está a degenerar em situação de conflito armado. Desde a
madrugada de ontem (quarta-feira) que a FIR atacou a sede da Renamo onde
alega-se que estavam reunidas dezenas de pessoas, a vida em Muxungue deixou de
ser normal.
A
Reportagem do Canalmoz estacionada em Muxungue descreve a realidade no terreno
que é caracterizada por medo, boatos e falta de informação oficial por parte
das autoridades. As autoridades não falam. Por exemplo, no hospital local onde
estão a ser assistidos agentes da Polícia feridos, esta manhã de quinta-feira
esteve a equipa do Canalmoz que foi recomendada a contactar o administrador
distrital para qualquer informação que queira apurar.
Sem
informação oficial, só se houve o que contam as populações locais, os que ainda
estão na vila, pois a maioria já abandonou as suas casas em busca de refúgios
em locais seguros.
Há
também versão não conformada de que os polícias feridos e mortos foram vítimas
de tiros da própria corporação, mas até aqui tudo não passa de suposições. A
verdade custa apurar pois neste momento Muxungue está sitiado. Andar pela
pequena cidade é perigo eminente de ser atingido pelos tiros.
Ataque de quarta-feira
O
que a população diz ter acontecido é que agentes da Força de Intervenção Rápida
atacaram nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira a sede da Renamo no
bairro de Mutongoti onde encontravam se membros do partido. A FIR entrou a
disparar para matar sem razão aparente tendo inclusive morto uma senhora que
nem era membro da
Renamo
mas que se encontrava nas imediações.
Cerca
de oito pessoas contraíram ferimentos graves sendo que parte delas foi
transferida para o Hospital Central da Beira, na Capital de Sofala. Segundo
relatos há mais de uma dezena de membros da Renamo detidos pela polícia. Todas
as pessoas que falaram para o Canalmoz estão convictas de que “foi um ataque da
FIR a homens civis que sempre trabalharam na sede da Renamo. A população diz
que é a FIR que começou com a violência.
Segundo
contaram ao Canalmoz as fontes, há dias que a FIR chegou em Muxungue e “está a
semear medo e terror”. “Pessoas são violentamente espancadas por falta de
Bilhetes de Identidade. Até arrancam dinheiro e bens das pessoas” contou-nos
uma jovem que trabalha numa das inúmeras barracas da pequena, mas movimentada
cidade localizada junto a Estrada Nacional Número 1 (N1).
Ambiente de guerra
Depois
do ataque da FIR instalou-se um verdadeiro ambiente de zona de combate na vila
do Muxungue. Os habitantes da vila estão desesperadamente a deixar seus bens
fugindo para Chibabava, sede do distrito. Durante todo o dia ontem,
quarta-feira, não havia corrente eléctrica e as redes de telefonia móvel eram
constantemente interrompidas em Muxungue. As comunicações foram restabelecidas
durante a noite de ontem. Muxungue está irreconhecível. Os camionistas não
estacionam na vila por causa do medo de serem alvejados.
A
reportagem do Canalmoz está no terreno e testemunhou a transformação quase que
repentina da movimentada vila de Muxungue numa vila fantasma. Quase todos os
estabelecimentos nocturnos fecharam durante a noite. Até as bombas da BP que
ali funcionam tiveram que fechar mais cedo.
“A
população está com medo da FIR” disse-nos um funcionário da BP que se
encontrava a encerrar as bombas a recusar abastecer viaturas.
O
Canalmoz conversou com um professor da Escola Primária Completa de Mucolocoche
onde estudam mais de 600 alunos e confirmou-nos que ninguém foi à escol na
quarta-feira. As pessoas estão aterrorizadas com a acção da FIR que segundo
contam-nos terá a resposta violenta da Renamo.
Situação na quinta-feira
Pela
madrugada da quinta-feira voltou a se ouvir tiros na pequena cidade. A partir
de 3h40 minutos ouviam-se disparos de armas de guerra, pesadas e ligeiras. Os
disparos pararam cerca de 4 horas.
Mortos e feridos no hospital
A
reportagem do Canalmoz deslocou-se ao hospital local onde apurou de fontes
hospitalares terem dado entrada quatro mortos e 13 feridos, todos agentes da
FIR. Imagens captadas pelo Canalmoz no local mostram feridos em tratamento na
unidade sanitária.
Ninguém
sabe como os polícias teriam sido alvejados. Ninguém fala de ataque da Renamo,
mas a verdade é que há estes mortos e feridos. Os polícias feridos em
tratamento disseram que foram atacados pela Renamo.
“É tudo mentira”
Contactado
o inspector da Polícia e porta-voz do Comando Geral da polícia Pedro Cossa,
disse que não houve nenhum ataque em Muxungue. “Isso é mentira. Esses teus
colegas que estão em Muxungue estão a mentir”, disse Pedro Cossa. Mesmo após
informa-lo que o Canalmoz dispõe de imagens que retratam a situação, Pedro
Cossa insistiu que é “tudo mentitra”.
“Se
o senhor telefonou para mim para saber a verdade, diga que isso é mentira”,
disse e desligou o telemóvel.
Versão da Renamo
Contactado
o General da Renamo que está em Maputo, Hermínio Morais, disse que da parte do
seu partido não houve ordens para atacar a polícia, nem para ripostar o ataque
da FIR.
Desconhece-se
como os polícias estão feridos e outros mortos.
Camião carregado de gás
Um
camião carregado de gás que pernoitou nas bombas da BP em Muxungue é dado como
perigo eminente. O seu condutor disse ao Canalmoz que em caso de ser atingido por
um disparo de arma de fogo, a carga pode explodir e queimar tudo ao redor num
raio de 5 quilómetros.
Entretanto,
o tráfego até as 7 horas de hoje, quinta-feira continuava na N1 em Muxingue,
nos dois sentidos norte e sul, mas a qualquer momento pode ser cortado dado o
medo que se vive na pequena vila. (Fernando Veloso e Luciano da
Conceição, em Muxungue)
(NR: Notícia em actualização em www.canalmoz.co.mz)
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