Maputo
(Canalmoz) – Um lote de 28 viaturas militares FIAT, marca italiana, acaba de
desembarcar no Porto de Maputo com o propósito até aqui desconhecido, embora a
evolução do conflito aberto pelo Governo em Muxúnguè, a 03 de Abril de 2013,
acentue as suspeitas de que o executivo liderado por Armando Guebuza anda à
procura de uma nova guerra.
Entre
as madrugadas de quinta e sexta-feira últimas, quadros do Ministério da Defesa
estiveram envolvidos no desempacotamento dos referidos carros militares.
Entretanto,
parte dos tanques de guerra não conseguiu sair do porto por apresentarem
“problemas mecânicos”.
Fontes
seniores do Porto de Maputo informaram ao Canalmoz/Canal de Moçambique
sobre a existência daquele material militar, em contentores, no recinto do
porto.
A
Reportagem do Canal deslocou-se ao porto e viu o material.
Quando
a equipa de Reportagem lá chegou apenas dois dos carros bélicos ainda lá
permaneciam devido a problemas mecânicos.
Esta
é a segunda vez, em menos de dois anos, que a Reportagem do
Canalmoz/Canal de Moçambique testemunha a importação de grande quantidade de
material bélico pelo Governo.
No
dia 14 de Outubro de 2011 o Canalmoz/Canal de Moçambique testemunhou o
descarregamento de material bélico novo no quartel policial das Forças de
Intervenção Rápida (FIR), subordinadas ao Ministério do Interior. Parte do
referido material de guerra viria a ser usado já este ano contra os desmobilizados
civis que protestavam pacificamente em frente ao Gabinete do
Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina, contra o não pagamento das suas
pensões de reforma.
Segundo
apurou o Canalmoz/Canal de Moçambique de fontes portuárias, as 28 viaturas
(veja a imagem, no Porto de Maputo) chegaram à capital do País transportadas
num navio denominado MOL pertencente à gigante italiana Mediterranean Shipping
Company (MCS).
A
FIAT é uma marca italiana de viaturas.
Há
muitos receios em relação ao real propósito da compra destas máquinas de guerra
numa altura em que se vive uma grande tensão militar provocada pelo próprio
Governo na zona centro do País, mais concretamente no Posto Administrativo de
Muxúnguè, no distrito de Chibabava (terra natal do líder da Renamo, Afonso
Dhlakama), na província de Sofala.
Tentativas
de contactar o ministro da Defesa para se saber o real propósito daquela
aquisição militar redundaram em fracasso. Até ao fecho desta edição ligávamos
para o seu celular mas não atendia.
Movimentação de generais para Gorongosa
Na
sexta-feira à noite o ministro desembarcou no aeroporto de Vilankulo e rumou
para a zona do rio Save numa coluna de várias viaturas. Fontes no Inhassoro
revelaram-nos que o ministro Filipe Nhussy ia pernoitar em Mambone para a partir
dali orientar as forças no terreno.
Ao
mesmo tempo chegaram-nos notícias dando conta que Alberto Chipande, ex-ministro
da Defesa, estava na zona da Gorongosa, em Sofala, nas proximidades da Base
Cavalo onde está instalado Afonso Dhlakama.
Enquanto
isto, um jornalista free-lancer reportava-nos esta terça-feira (16 de Abril de
2013), a partir de Muxúnguè, que a FIR continua no terreno acompanhada de
militares dos “Comandos” das FADM, o que certifica que o Governo já está a
envolver o Exército no conflito latente que ele próprio desencadeou ao atacar a
sede local do Partido Renamo, com recurso a armas ligeiras e pesadas e ainda
gás lacrimogénio.
Em
Muxúnguè, segundo o referido jornalista que nos pediu anonimato por recear
represálias dado estar no terreno das hostilidades, continua uma grande tensão
embora alguns estabelecimentos comerciais e barracas já tenham voltado à
actividade. Reportou-nos que a FIR e soldados de uma unidade de “Comandos” das
FADM andam aos pares e fortemente armados a patrulhar Muxúnguè e a prender todo
o cidadão conotado com a Renamo, o maior partido da oposição com assento na
Assembleia da República.
Ouvidos
vários cidadãos, certificámo-nos telefonicamente que persiste um clima de
terror no local devido às perseguições que estão em curso e que continuam a pôr
em risco o tráfico de pessoas e bens pela Estrada Nacional N1 no troço entre o
Rio Save e o Inchope, entroncamento entre a via de serventia para o norte do
País e a N6 também conhecida por “Corredor da Beira”.
Egídio
Vaz, analista político, convidado pelo Canalmoz/Canal de Moçambique a comentar
a importação de material bélico disse que “é normal que num momento de ampla
contestação popular o Governo invista em meios sofisticados de repressão”.
Vaz
admitiu que “há um progressivo descontentamento popular que acaba tendo um
pendor violento e o Governo, apercebendo-se disso, encontra na sofisticação dos
meios de repressão a sua saída”.
“Agora
se isso é bom ou não é uma resposta política”, concluiu.
Vários
outros comentaristas têm admitido ultimamente que o presidente da República em
fim do seu segundo mandato procura um novo conflito no País para alegar que não
há condições de haver eleições e permanecer no poder.
Numa
outra notícia nesta edição damos conta do que Afonso Dhlakama disse a semana
passada na sua actual residência na Gorongosa, sobre a situação prevalecente.
O Governo está neste momento confrontado com
uma forte contestação popular a todos os níveis e em várias partes do País. O
descontentamento civil agrava-se e o caso do assalto à sede da Renamo no posto
administrativo de Muxúnguè, a 03 de Abril, seguido do assalto da Renano na
madrugada seguinte, ao quartel da FIR, onde se registaram 4 mortes e 13 feridos
da Polícia e dois mortos da Renamo, estão a gerar uma enorme impopularidade
para o partido no poder. (Matias Guente e Redacção)
Imagem: www.baixaki.com.br
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