Por Maka
Angola
Guardas da empresa privada de segurança
Bicuar mataram ontem, 20 de Abril, por volta das 08h00, o garimpeiro Kazumiri
Wanga, conhecido como Apolinário Kavukila, com um tiro no ombro, na zona de
Kambamba.
O garimpeiro, de 30 anos de idade, residente
em Cafunfo, efectuava o garimpo artesanal com meios de “casabula” (mergulho),
numa ilhota do Rio Cuango, quando foi baleado.
Amado Nduji, de 33 anos, também garimpeiro,
acompanhava Apolinário Kavukila no momento em que foram surpreendidos pelo
grupo de guardas da Bicuar. De acordo com o seu testemunho ao Maka
Angola, os referidos guardas haviam estabelecido um acordo com os
garimpeiros, para a prospecção e exploração artesanal de diamantes naquela
zona, em troca de percentagem do valor das pedras eventualmente encontradas.
Mas, na manhã de ontem, os guardas surpreenderam os garimpeiros com um forte
tiroteio, tendo um deles atingido mortalmente Apolinário Kavukila.
A Bicuar substituiu, desde Março de 2012, uma
outra empresa – Teleservice – na prestação de serviços de segurança à Sociedade
Mineira do Cuango, que explora diamantes na região.
O garimpeiro baleado foi socorrido por
companheiros, que o levaram para a vila de Cafunfo, e acabou por falecer no
hospital central daquela localidade.
Familiares e companheiros da vítima fizeram
participação da ocorrência junto da Polícia Nacional em Cafunfo, que deteve
sete guardas da Bicuar. As autoridades policiais, segundo informações
recolhidas no local, soltaram cinco dos suspeitos após interrogatório
preliminar.
Os homicídios e actos de tortura contra
garimpeiros fazem parte da rotina das empresas privadas de segurança que operam
na região diamantífera das Lundas. Em Setembro de 2012, um outro garimpeiro havia sido baleado mortalmente por guardas
da Bicuar.
As autoridades têm sido as principais
responsáveis pela onda de violência sistemática contra garimpeiros, devido à
promiscuidade que se verifica nas estruturas accionistas, tanto das empresas
mineiras como das empresas privadas de segurança. A família presidencial e os
generais têm sido os principais beneficiários privados da indústria
diamantífera em Angola.
Recentemente, Maka Angola denunciou o envolvimento do presidente do Conselho de
Administração da Endiama, António Carlos Sumbula, no negócio directo de compra
de diamantes dos garimpeiros através da sua empresa Mi-Diamond. A
Procuradoria-Geral da República, órgão que vela pela legalidade, continua a
ignorar esses crimes públicos e a facilitar a impunidade dos dirigentes.
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