Um grupo de
construção apoiado por vultuosas linhas de crédito do Banco Nacional de
Desenvolvimento Económico e Social brasileiro. Presidido por um homem que tem
uma relação “tu cá tu lá” com José Eduardo dos Santos. Mais do que um grande
investidor em Angola, a Odebrecht é hoje um veículo do “soft power” brasileiro
em Angola, afirma a investigadora Raquel Patrício.
Durante o
colóquio “Vizinhos Atlânticos – Angola e Brasil”, organizado pelo Observatório
Político, que decorreu em Lisboa no dia 5 de Abril, Raquel Patrício defendeu
que os grandes grupos económicos brasileiros têm sido atores no processo de
aproximação da Angola. Maior empregador privado em Angola, a Odebrecht vai para
além da construção, atuando já na energia, diamantes, supermercados ou
aeroportos.
“A Odebrecht
tem uma ligação de proximidade com Angola significativa.” Para Raquel Patrício,
o nepotismo, favoritismo e a corrupção são contornadas por uma relação de
grande proximidade. Este “tu cá tu lá”, revela-se nas visitas anuais a Angola
de Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da empresa para
reunir directamente com Eduardo dos Santos. “Na política africana, e em Angola,
especificamente, a relação é mais próxima”, disse.
Segundo um
estudo recente, das linhas de financiamento 6,4 mil milhões reais abertas desde
2006 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) para
empresas brasileiras com destino a Angola, 49% couberam à Odebrecht. A segunda
colocada, Andrade Gutierrez, ficou com menos da metade do que sua concorrente.
“A Odebrecht
e a Vale (empresa de mineração com forte presença em Moçambique) têm uma
postura diferente das companhias chinesas”, afirmou a académica. Estes grupos
brasileiros apostam no desenvolvimento de Angola, na capacitação dos angolanos
que trabalham para si, bem como na tecnologia que usam para as suas
actividades.
Além de ter
responsável pela existência do supermercado “NossoSuper” em todas as
províncias, a Odebrecht também ergueu o Belas Shopping, o ex-líbris comercial
da capital, Luanda.
Angola
apresenta-se como um óptimo ponto estratégico para o investimento brasileiro,
pelo seu franco crescimento económico. As empresas de construção civil em
Angola têm vindo a ganhar espaço no panorama nacional. A construção de
infra-estruturas tem merecido a dedicação do governo num país que carece ainda
de reconstrução.
A aposta
brasileira numa política africana é mais próxima, directa e “quente”, no
sentido afectivo. Os projectos de ajuda ao desenvolvimento nos sectores
agrícola, dos recursos enewe da construção civil, são exemplo da aposta.
“A
Comunidade de Países de Língua Portuguesa é uma iniciativa muito brasileira, o
que não de vê tanto na realidade porque o Brasil não mostra para a Comunidade a
sua supremacia, tem um poder brando”, afirmou Raquel Patrício.
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ANGOLA24HORAS
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