quarta-feira, 4 de março de 2009

Breve História do Terrorismo Bancário (9)


Outra onda: agora, a crise só afecta os bancos de todo o mundo, os de Angola não. E enriquecer em Luanda é fácil… basta emitir facturas falsas. Em Luanda não existem bancos, só saloons em ambiente de faroeste.

«Sua dívida externa total saltou de menos de US$ 2 trilhões em 1980 para mais de US$ 5 trilhões em 2007 e metade dela é detida pelas economias mais fortes da Ásia. (Bulard, 2008:12) Se não fossem os donos da moeda de troca internacional, os EUA estariam ainda mais vulneráveis do que já são.

2. O estado de pobreza da inteligência econômica: depois da queda de setembro-outubro de 1929, a maioria dos conselhos dos economistas “eram quase unanimemente perversos”. A tentativa de ampliar a renda disponível para o consumo e manter o investimento de capital por meio de reduções de impostos não teve praticamente nenhum resultado, exceto em favor das camadas de mais alta renda; a manutenção do investimento, salário e emprego foi feita apenas enquanto não era financeiramente desvantajosa para as empresas; daí para a frente, as políticas quase inteiramente empurraram a economia para o precipício.

O fundamentalismo do orçamento equilibrado imperou: não podia haver aumento de gastos públicos para aumentar o poder de compra e aliviar o empobrecimento; também não podia haver mais redução de impostos. Depois de 1930, esta regra ou fórmula cedeu à pressão do desemprego maciço. Além disso, o crescimento do estoque de ouro dos EUA foi enorme até 1932. Dois riscos assombravam a economia: abandonar o padrão ouro e alimentar a inflação. Mas em vez disso, o país entrou na mais violenta deflação de sua história.

Os conselheiros viam embutido o risco de aumentos descontrolados de preços. Este temor reforçou a demanda pelo equilíbrio orçamentário. Limitou a baixa das taxas de juros, a abundância de créditos e a fácil tomada de empréstimos nas condições dadas. A rejeição de usar as políticas fiscal e monetária naquelas circunstâncias significou recusar toda política econômica governamental afirmativa. Os conselheiros econômicos eram unânimes em desacreditar todas as medidas disponíveis para o controle da deflação e da depressão: “triunfo do dogma sobre o pensamento”, conclui Galbraith argutamente. Atualmente, a fixação dos conselheiros influentes é na reativação da economia por quaisquer meios.

Estão abandonando, pelo menos temporariamente, a dogmática neoliberal e injetando maciças cifras de fundos públicos nos bancos, empresas e fundações. E, como satisfação ao público contribuinte, estão estatizando partes importantes do controle acionário desses agentes econômicos. Na reunião do G20 de 15/11/08 em Washington D.C., os presidentes dos países mais afluentes e dos ‘emergentes’ do planeta decidiram adotar um plano de ação comum visando apenas aliviar os impactos da atual crise financeira (O Globo, 16/11/08: 28).

Os EUA e a Inglaterra se recusaram a endossar a criação de uma regulação global padronizada e uma agência internacional com o poder de monitorar as atividades do sistema financeiro internacional, de forma a tornar obrigatório o cumprimento das regras. Não se falou em atacar os fatores da crise nem em redefinir o modo de desenvolvimento a serviço do qual o sistema financeiro opera, agora em processo falimentar. Os presidentes e seus conselheiros parecem vesgos para o principal, que é ir às raízes do problema.»

In Ladislau Dowbor
Foto: http://www.elmundo.es/albumes/2009/02/06/max_ernst_semaine/index.html
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