terça-feira, 10 de março de 2009

O Cavaleiro do Rei (7). Novela


Fazemos tudo por tudo para mantermos as nossas populações, o nosso povo, sempre infelizes. E têm motivos para isso. Finalmente, crianças e adultos nos lixos, nas ruas, procuram comida, como cães vadios, abandonados. Isto não se chama Pátria. É uma coisa ignóbil que inventaram, para nos continuarem a escravizar, neocolonizar… desde a independência.


Os mosqueteiros na grande cavalariça aguardam que o mensageiro chegue com reforços. Os republicanos vão avançando, entrevistam um aldeão:
- Saíram daqui à força?
- Sim.
- Vão para onde?
- Não sabemos. Tiraram-nos tudo. A terra, o que plantámos, os nossos cavalos. Estamos na miséria… dormimos debaixo das árvores.
- O rei sabe disso?
- Sabe. São os mosqueteiros dele que fazem isso. Não deixam ninguém passar.

Os mosqueteiros decidem enviar outro mensageiro. Quando atravessa o Morro da Maianga a população mostra-se muito apreensiva.
- Outro? Desta vez a coisa é mesmo grave.
- Devem ter roubado muito.
- É melhor prepararmo-nos para fugir.
- Para onde? Eles estão em todo o lado.
- Vamos pedir ajuda aos republicanos.
- Isso não, vamos morrer todos.
- Se passar outro mensageiro, é porque vem aí uma grande guerra.

O outro mensageiro entra no Palácio, exactamente como o anterior.
- Mensagem para o rei.
O chefe da guarda coça a cabeça. Olha para o céu sem estrelas.
- Vou pedir a demissão ao rei. Deixo o meu lugar a um maluco qualquer.
Olha para o novo mensageiro. Não sabe o que fazer, exclama:
- Porra! Não sabia que os republicanos são todos malucos.
De repente o seu cérebro pela primeira vês na vida começa a trabalhar. Chama um guarda.
- Tu aí! Vai às cavalariças reais e traz o mosqueteiro de serviço.
O mosqueteiro de serviço chega, conduzem-no à masmorra. Olha para o preso, admira-se, desconfia-se.
- Mas, é o quê… tá a fazer quê?!
- Trago uma mensagem para o rei, mas prenderam-me.
- Traição! Traição!

O chefe da guarda entra aflito.
- Quem é o traidor?.. prendo-os todos!
Interroga o prisioneiro.
- Não sabes que o rei está fora? Como é que trazes uma mensagem para o rei, se ele não está aqui?
- Chefe! Só me ensinaram a dizer assim: mensagem para o rei. Se ele está ou não, nada tenho a ver com isso. Temos que enviar reforços para as novas cavalariças… os republicanos estão lá.
- E só agora é que me dizes isso?!
O preso silenciou-se, pensou para si.
– É… é só parvalhões, não admira que o rei se eternize no poder.

Foto: Angola em fotos

Visite-me também em: Universidade, Universe, Medicina e X-Files

Sem comentários: