Neste momento o mundo continua teimosamente, criminosamente nas mãos da grande conspiração dos especuladores mundiais. Nada há a fazer, a não ser aguardar pela próxima catástrofe Mundial.
Dificilmente conseguia desenvolver as minhas actividades, porque o transporte escasseava. Depois fiquei sem energia eléctrica. A Cidadela enviou uma circular a informar que, para o restabelecimento da energia teriam que ser pagos quatro mil dólares. O gerador passou a funcionar somente para a padaria. Quando esta terminava o trabalho, não havia luz. Quando haviam jogos ou outros acontecimentos desportivos, não se conseguia trabalhar, devido ao barulho que os adeptos faziam.
Quando saía e voltava era impedido de entrar, porque não tinha passe. A estação das chuvas chegou, e com ela as inundações. A corrente de água era tão intensa, que fazia com que o acesso não fosse possível. Como se não bastasse ficámos sem comunicações. Resumi tudo isto a Heitor, que me esclareceu:
- Os carros estão todos avariados. O gerador, o Elder disse para o ligar só para a padaria. Os telefones foram desligados por falta de pagamento.
- Necessito de dinheiro para as despesas correntes. O Elder não falou nada disso?
- Não, não me falou nada.
- Mas, ele disse-me que teria um fundo de maneio. Como é que vou conseguir trabalhar?
- Não sei.
Vi que estava a perder tempo, mesmo assim insisti, repeti:
- Sabe que os telefones foram desligados por falta de pagamento?
- Sim, sei. O Elder disse-me para não gastar nenhum dinheiro. Para aguardar até que ele chegue.
- Heitor, como sabe, até agora não consegui falar com ele. Trabalhar nestas condições não é possível. Diga-lhe que vou sair daqui. Vou voltar para o apartamento.
- Sim, ele também me disse que vai sair daqui.
- Sabe o que é que eu penso disto tudo?
- Não.
- Resume-se apenas a duas palavras vulgares. Sabotagem e irresponsabilidade.
Regressei ao apartamento. A despensa estava vazia. Liguei para Heitor que me tranquiliza:
- Já vou tratar disso.
A comida que me enviou, eram apenas umas latas de salsichas, queijo e presunto. O pão ficou esquecido. Liguei-lhe:
- Heitor, obrigado pelo que me enviou… falta o pão.
- Não temos carro.
- Não se esqueça que estou sem dinheiro.
- Está bem, já lhe vou enviar alguma coisa.
- Olhe, diga ao Elder que quero ir-me embora para Portugal.
- Está bem.
Depois enviou-me carne, mas não me enviou óleo para fritar. De bebidas parece-me que não tinha direito, a não ser água. A luz e o telefone foram-se por falta de pagamento. Também era difícil manter a luz, porque o cabo de alimentação estava muito sobrecarregado, devido a que existiam algumas pequenas empresas que tinham máquinas de fazer gelados, sumos, e o aumento constante de aparelhos de ar condicionado muito potentes, que faziam com que o cabo queimasse constantemente.
A empresa de electricidade já tinha dito, que cada um devia contribuir com a necessária quantia para a sua reparação. Mas ninguém queria pagar. Além disso também não pagavam os consumos. Os cortes eram constantes. Manter os produtos congelados era muito arriscado. Não sabia como conseguiria trabalhar. Heitor entregou-me uma quantia irrisória que mal dava para sobreviver. Iria ficar sem telemóvel. Apenas lhe perguntei:
- Heitor quando é que o Elder chega?
- Deve estar aí a chegar. Lá em baixo também não temos luz, nem telefones. O Elder disse para não pagar nada, até que ele chegue.
- Como é que eu vou fazer? Não tenho dinheiro.
- É como já lhe disse, espere por ele.
Foto: Morro da Maianga
Dificilmente conseguia desenvolver as minhas actividades, porque o transporte escasseava. Depois fiquei sem energia eléctrica. A Cidadela enviou uma circular a informar que, para o restabelecimento da energia teriam que ser pagos quatro mil dólares. O gerador passou a funcionar somente para a padaria. Quando esta terminava o trabalho, não havia luz. Quando haviam jogos ou outros acontecimentos desportivos, não se conseguia trabalhar, devido ao barulho que os adeptos faziam.
Quando saía e voltava era impedido de entrar, porque não tinha passe. A estação das chuvas chegou, e com ela as inundações. A corrente de água era tão intensa, que fazia com que o acesso não fosse possível. Como se não bastasse ficámos sem comunicações. Resumi tudo isto a Heitor, que me esclareceu:
- Os carros estão todos avariados. O gerador, o Elder disse para o ligar só para a padaria. Os telefones foram desligados por falta de pagamento.
- Necessito de dinheiro para as despesas correntes. O Elder não falou nada disso?
- Não, não me falou nada.
- Mas, ele disse-me que teria um fundo de maneio. Como é que vou conseguir trabalhar?
- Não sei.
Vi que estava a perder tempo, mesmo assim insisti, repeti:
- Sabe que os telefones foram desligados por falta de pagamento?
- Sim, sei. O Elder disse-me para não gastar nenhum dinheiro. Para aguardar até que ele chegue.
- Heitor, como sabe, até agora não consegui falar com ele. Trabalhar nestas condições não é possível. Diga-lhe que vou sair daqui. Vou voltar para o apartamento.
- Sim, ele também me disse que vai sair daqui.
- Sabe o que é que eu penso disto tudo?
- Não.
- Resume-se apenas a duas palavras vulgares. Sabotagem e irresponsabilidade.
Regressei ao apartamento. A despensa estava vazia. Liguei para Heitor que me tranquiliza:
- Já vou tratar disso.
A comida que me enviou, eram apenas umas latas de salsichas, queijo e presunto. O pão ficou esquecido. Liguei-lhe:
- Heitor, obrigado pelo que me enviou… falta o pão.
- Não temos carro.
- Não se esqueça que estou sem dinheiro.
- Está bem, já lhe vou enviar alguma coisa.
- Olhe, diga ao Elder que quero ir-me embora para Portugal.
- Está bem.
Depois enviou-me carne, mas não me enviou óleo para fritar. De bebidas parece-me que não tinha direito, a não ser água. A luz e o telefone foram-se por falta de pagamento. Também era difícil manter a luz, porque o cabo de alimentação estava muito sobrecarregado, devido a que existiam algumas pequenas empresas que tinham máquinas de fazer gelados, sumos, e o aumento constante de aparelhos de ar condicionado muito potentes, que faziam com que o cabo queimasse constantemente.
A empresa de electricidade já tinha dito, que cada um devia contribuir com a necessária quantia para a sua reparação. Mas ninguém queria pagar. Além disso também não pagavam os consumos. Os cortes eram constantes. Manter os produtos congelados era muito arriscado. Não sabia como conseguiria trabalhar. Heitor entregou-me uma quantia irrisória que mal dava para sobreviver. Iria ficar sem telemóvel. Apenas lhe perguntei:
- Heitor quando é que o Elder chega?
- Deve estar aí a chegar. Lá em baixo também não temos luz, nem telefones. O Elder disse para não pagar nada, até que ele chegue.
- Como é que eu vou fazer? Não tenho dinheiro.
- É como já lhe disse, espere por ele.
Foto: Morro da Maianga
Sem comentários:
Enviar um comentário