segunda-feira, 23 de março de 2009

É tão vulgar ser-se general


Luanda não é nenhuma cidade, é um amontoado desordenado de prédios, torres e condomínios. Prédios dos generais, torres e condomínios de amores filiais. E prédios em ruínas, a implodirem. Por fora não se vê bem, mas por dentro dos apartamentos nota-se a queda iminente. É rachas por todo o lado. Como o governo é de generais, ninguém se preocupa com as casernas prediais. Luanda é uma unidade militar em estado de sítio.

Tem que haver sempre lucro do trabalho. Isto não é trabalhar, é psicopatia humana.

Já se nota a destruição da campanha da austeridade. A energia eléctrica, está a crachar pela milionésima sessão consecutiva. Com geradores por todo o lado, Luanda não é uma cidade. É um campo da morte.

Na realidade existem dois émepêlás: um MPLA, outro MPLA-PR, do Presidente, e da Presidência da República. Insisto: funcionários da Presidência da República impõem-nos Terror. Está evidente… isto é África, é Angola muito forte, muito rica. Mas, vê-se cada vez mais miséria. E isso esconde-se, porque perturba o falso crescimento económico.

Os especuladores avançam, continuam no terreno… intocáveis. Basta verificar as subidas das bolsas e do preço do petróleo, quando os EUA injectam dinheiro. Ou o caso da AIG. Quer dizer: a economia continua no comando dos mesmos criminosos, no mesmo mundo criminoso.

Para qualquer lado que olhe só vejo fardas. Seguranças por todo o lado… numa cidade insegura. Rouba-se com muita segurança.

Vivo num país, numa cidade onde é tão vulgar ser-se general. Estão em todo o lado… até na democracia. Fardada, armada, baleada.

Se a economia é descompassada por um só partido… então, quem faz os preços subirem? Quem faz inflação? Se tudo está nas mãos de uma família, é difícil responder? Não!

O calvário português, outra vez. Já a palavra de ordem foi lançada. «Vamos roubar os portugueses, os brancos, para eles ficarem com medo, e fugirem para os países deles.»
Os jovens aproveitaram-se, aproveitam-se, e passaram ao ataque. Dois portugueses duma empresa de informática levaram monte de chapada, surripiaram-lhes os valores e os telemóveis. A populaça apoiou e seguranças próximos fingiram que nada viram. Depois também apoiaram.
Outro português a caminho do minimercado ficou sem vinte mil kwanzas e sem o telemóvel, daqueles muito valiosos. Pouco depois a outro limparam-lhe cem dólares e também o telemóvel. Mas… um português junto ao Mercado do São Paulo em Luanda, levou bruta surra por tentativa falhada do roubo de uma pasta a uma senhora.

São inúmeros os casos de uma verdadeira guerra surda, não declarada. Bom, quem é branco arrisca-se a qualquer momento à limpeza dos valores que transporta.
Aqui fica o alerta. Portugueses, isto não dá para investir, dá para resistir, destruir. Lamento imenso que não entendam, não percebam absolutamente nada da Luanda actual. Como o querido amigo de Angola, José Sócrates.

Foto: Angola em fotos





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