sábado, 28 de março de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (38). Novela


- O que é que vieste aqui fazer? Como conseguiste a chave da casa?
- Vi a luz acesa e vim investigar. O Elder disse-me que não estaria aqui ninguém. Deixou-me a chave para tomar conta da casa na sua ausência.
- Com essa não contava!

Não tive tempo para responder. Estávamos de costas para o quarto. Ouvi o barulho dos passos que se aproximavam. Preparei-me para dar boa noite ao Elder. Os passos continuaram até à porta de saída.
Este Elder é muito imprevisto. – Pensei a sorrir.
Olhei e vi que não era ele. Entretanto, Ava mudava constantemente de posição. Cruzava e descruzava as pernas. Cansada da posição ficou com elas abertas. O cinto do roupão estava desapertado. A beleza das áreas íntimas soltou-se. Ela pouco se importou com isso. Disse-lhe:
- Ava, vou-me embora, até amanhã.

Levantou-se, foi até à cozinha, depois ao quarto e terminou a olhar pelo vidro da janela. Voltou-se para mim e deixou sair um choro abundante. Correu e estendeu os braços no meu corpo. Conseguiu dizer:
- Não, não vás, preciso da tua ajuda.
- Não sei em que…
- Sim, aquele que saiu é meu amante. Por favor não digas a ninguém.
-Ava, nada tenho a ver com a vida privada das pessoas.
- Não é isso.
- Então o que é?

Sentou-se, tentou arranjar os cabelos desalinhados, olhava para todas as direcções. Fez um grande esforço para se concentrar. Enfim confessou:
- Vou-te explicar. O Elder não me presta a mínima atenção. Sou mulher…todos os dias tenho desejos. Tal como os animais, sou uma fêmea, e sinto o natural desejo biológico que me conforta.
Confesso que não estava preparado para mais esta surpresa. Não sabia o que dizer, por isso deixei-a à vontade. Era preferível escutá-la:
- Sinto nojo de fazer amor com ele. Sinto medo de apanhar a Sida. Além disso ele vigariza-me. Vigariza toda a gente. Vou-lhe pedir o divórcio. Sabes, ele queria que eu vendesse estes apartamentos, onde estamos, mas não aceito, porque quando a minha vida correr mal, e isso a qualquer momento acontece a qualquer de nós, virei para o meu país. Pelo menos não ficarei na rua, e se necessário para sobreviver, venderei estes apartamentos. Entretanto, consegui uma loja de modas em Portugal. Estou a esforçar-me para fazer passagens de modelos. Pretendo entrar no comércio internacional, contratar manequins. Fica atento, não confies no Elder. Quando o conheci ele não era assim. Mudou muito, já não é a mesma pessoa.

Achei que devia dizer qualquer coisa:
- As pessoas nadam na incerteza.
Ela não prestou atenção:
- Amanhã parto para a Namíbia.
- Já devias ter ido.
- Posso contar com o teu sigilo?
- Sim… fica tranquila.
- Vou-te dar um beijo. Terás sempre a minha amizade.
- Apenas desejo que deixes as amarguras da vida de lado.
- Sábios conselhos, nunca os esquecerei.
- Em qualquer lado, procura sempre lutar para seres feliz.

Subi, entrei, sentei-me, acendi um cigarro e comecei a escrever:

Ah! Esta civilização da maldade
Onde viver é uma grande mágoa
Caminhar nos dá tonturas
Esperando que uma bomba rebente
E acabe com os honestos
Que ainda restam

Não faz sentido impor sociedades
Que dependem de outras
Isto é apenas para manter a escravidão
Milenar, agora moderna, legalizada

Depois vamos para a guerra das estrelas
Sempre a guerra
Pouco mais sabemos fazer
Iremos, viajaremos
Em grandes naves espaciais
Que transportarão milhares de pessoas
Para depois serem abatidas
Diminuindo o inimigo
Tal como na Terra
Depois não viveremos em paz
No espaço
Teremos por companhia flores plásticas
Oh! Meu Deus!
Fazei com que eles acabem com as fomes.

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