Luanda. - O presidente da Assembleia Nacional de Angola, Fernando Piedade Dias dos Santos “Nandó”, expropria terreno de um cidadão particular no município de Viana. In Rádio Despertar.
No bairro da Cuca, o engenheiro (?) que reparou a estrada, alteou-a de tal modo que a chuva invadiu as casas. In Justino Pinto de Andrade na Rádio Ecclesia
Deitei-me com pensamentos terríveis. Veio-me à memória um grande invento: Considero que o automóvel foi o invento mais estúpido que o ser humano inventou. Um pneu fura, ou a bateria deixa de funcionar, fica imobilizado. O mais grave é que na realidade as pessoas quando entram e se sentam, sem se darem conta estão num túmulo ambulante. A qualquer momento ficam sem a vida. O veículo não tem sequer um dispositivo anti-colisão. As velocidades aumentam. Na verdade trata-se de um meio legal de suicídio colectivo. Ganhar fortunas com as mortes dos seus ocupantes. A morte é paga antecipadamente.
Fui para o que restava da empresa de segurança. Oiço a voz do Heitor:
- Espere aí, espere aí.
Paro e aguardo que se aproxime:
- Olhe, o electricista já não incomoda mais o Elder.
- Porquê?
- Foi-se… espatifou o carro, não se aproveita nada.
- Como é que foi isso?
- Deixou o outro conduzir, e ele esqueceu-se de fazer a curva.
Uma semana depois Heitor relata-me uma grande desgraça:
- O Elder e a Ava, tiveram um acidente na Namíbia. Chocaram de frente com outro automóvel. Parece que ele tem algumas costelas partidas. A Ava é que ficou pior. A cabeça suportou o choque, não tinha cinto de segurança. Tem que fazer operação ao cérebro, não se sabe como vai ficar. Agora, é que estamos fodidos.
CAPÍTULO VI
ANITA
Malcolm X leva-me a casa da irmã, a Anita. Sai rapidamente e deixa-nos sós. Ela vem com uma cerveja.
- Senta-te, bebe e fica à vontade como se estivesses na tua casa.
Eu queria dizer qualquer coisa, mas ela não deixa:
- O meu irmão assaltou um banco e comprou-me este apartamento…
- Mas Anita…
- Quero lá saber. Para sobreviver neste país temos que roubar. Aliás toda a gente rouba, em todo o mundo todo o mundo rouba. O mundo transformou-se numa grande sociedade de gatunos de comissões. Eles só trabalham assim, quero dizer, o trabalho deles é uma comissão, só que nós exageramos. Não sabemos fazer mais nada. Vivemos disso, compreendes? É por isso que os organismos internacionais nos abandonam. Eles chegam aqui, estabelecem um plano de desenvolvimento, depois desistem porque nós queremos a comissão. Não resta outra hipótese, a África Negra estará para sempre entregue à sua sorte.
- Anita, receio que essa filosofia levará a humanidade à destruição, ao caos político, económico e social.
- Oh, nasci e cresci no caos social. O meu pai fez filhos com dez mulheres. Sou filha da segunda esposa. Até aos quinze anos vivi no Lubango a ouvir tiros, explosões e bombardeamentos aéreos. O meu pai quando a minha mãe lhe servia a comida muito quente, ou com pouco ou muito sal, atirava-lhe com o prato na cara. Batia-lhe constantemente por qualquer motivo fútil.
Emudeceu a mostrar a tristeza do rosto, a lembrar-se do passado. Magra e alta com o cabelo desfrisado que acariciava o ligeiro top transparente que mostrava os pequenos seios. Um pequeno calção justo realçava a beleza das coxas morenas. A elegância do corpo cativava o olhar. Ela notou a minha introspecção sobre o seu corpo. Veio-lhe um sorriso e acrescentou:
- O meu pai fazia os filhos e depois corria com as mulheres, e nós que nos desenrascássemos. Gostava muito de mudar de mulher. Agora esta com quem está a viver não conseguiu, porque os irmãos dela lhe ameaçaram. Não quero vê-lo nem a essa mulher. Por causa dela tive que sair de casa. Ela tem planos para ficar com tudo, mas o meu pai por causa disso, pôs duas sobrinhas lá em casa. Ela ficou muito aborrecida e despreza-as porque as considera um obstáculo. O meu pai está sempre a criar problemas ao vizinho porque, como não paga o consumo de electricidade os funcionários desligam o quadro eléctrico dele. Ele deu a morada do vizinho. Questões judiciais e outras, dá a morada do vizinho. O vizinho já escapou de ser preso e de levar um tiro.
Foto: Angola em fotos
No bairro da Cuca, o engenheiro (?) que reparou a estrada, alteou-a de tal modo que a chuva invadiu as casas. In Justino Pinto de Andrade na Rádio Ecclesia
Deitei-me com pensamentos terríveis. Veio-me à memória um grande invento: Considero que o automóvel foi o invento mais estúpido que o ser humano inventou. Um pneu fura, ou a bateria deixa de funcionar, fica imobilizado. O mais grave é que na realidade as pessoas quando entram e se sentam, sem se darem conta estão num túmulo ambulante. A qualquer momento ficam sem a vida. O veículo não tem sequer um dispositivo anti-colisão. As velocidades aumentam. Na verdade trata-se de um meio legal de suicídio colectivo. Ganhar fortunas com as mortes dos seus ocupantes. A morte é paga antecipadamente.
Fui para o que restava da empresa de segurança. Oiço a voz do Heitor:
- Espere aí, espere aí.
Paro e aguardo que se aproxime:
- Olhe, o electricista já não incomoda mais o Elder.
- Porquê?
- Foi-se… espatifou o carro, não se aproveita nada.
- Como é que foi isso?
- Deixou o outro conduzir, e ele esqueceu-se de fazer a curva.
Uma semana depois Heitor relata-me uma grande desgraça:
- O Elder e a Ava, tiveram um acidente na Namíbia. Chocaram de frente com outro automóvel. Parece que ele tem algumas costelas partidas. A Ava é que ficou pior. A cabeça suportou o choque, não tinha cinto de segurança. Tem que fazer operação ao cérebro, não se sabe como vai ficar. Agora, é que estamos fodidos.
CAPÍTULO VI
ANITA
Malcolm X leva-me a casa da irmã, a Anita. Sai rapidamente e deixa-nos sós. Ela vem com uma cerveja.
- Senta-te, bebe e fica à vontade como se estivesses na tua casa.
Eu queria dizer qualquer coisa, mas ela não deixa:
- O meu irmão assaltou um banco e comprou-me este apartamento…
- Mas Anita…
- Quero lá saber. Para sobreviver neste país temos que roubar. Aliás toda a gente rouba, em todo o mundo todo o mundo rouba. O mundo transformou-se numa grande sociedade de gatunos de comissões. Eles só trabalham assim, quero dizer, o trabalho deles é uma comissão, só que nós exageramos. Não sabemos fazer mais nada. Vivemos disso, compreendes? É por isso que os organismos internacionais nos abandonam. Eles chegam aqui, estabelecem um plano de desenvolvimento, depois desistem porque nós queremos a comissão. Não resta outra hipótese, a África Negra estará para sempre entregue à sua sorte.
- Anita, receio que essa filosofia levará a humanidade à destruição, ao caos político, económico e social.
- Oh, nasci e cresci no caos social. O meu pai fez filhos com dez mulheres. Sou filha da segunda esposa. Até aos quinze anos vivi no Lubango a ouvir tiros, explosões e bombardeamentos aéreos. O meu pai quando a minha mãe lhe servia a comida muito quente, ou com pouco ou muito sal, atirava-lhe com o prato na cara. Batia-lhe constantemente por qualquer motivo fútil.
Emudeceu a mostrar a tristeza do rosto, a lembrar-se do passado. Magra e alta com o cabelo desfrisado que acariciava o ligeiro top transparente que mostrava os pequenos seios. Um pequeno calção justo realçava a beleza das coxas morenas. A elegância do corpo cativava o olhar. Ela notou a minha introspecção sobre o seu corpo. Veio-lhe um sorriso e acrescentou:
- O meu pai fazia os filhos e depois corria com as mulheres, e nós que nos desenrascássemos. Gostava muito de mudar de mulher. Agora esta com quem está a viver não conseguiu, porque os irmãos dela lhe ameaçaram. Não quero vê-lo nem a essa mulher. Por causa dela tive que sair de casa. Ela tem planos para ficar com tudo, mas o meu pai por causa disso, pôs duas sobrinhas lá em casa. Ela ficou muito aborrecida e despreza-as porque as considera um obstáculo. O meu pai está sempre a criar problemas ao vizinho porque, como não paga o consumo de electricidade os funcionários desligam o quadro eléctrico dele. Ele deu a morada do vizinho. Questões judiciais e outras, dá a morada do vizinho. O vizinho já escapou de ser preso e de levar um tiro.
Foto: Angola em fotos
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