quarta-feira, 18 de março de 2009

Milagre divino (3)


Bento XVI vem para Angola muito milagreiro. Realizará os milagres: construção de um milhão de casas. As contas bancárias dos governantes aumentarão milagrosamente e os preços do petróleo também. A fome… também. E que vençamos o CAN 2010, com milhões de dólares abençoados e tão mal gastos. E que a bandidagem bancária continue a actuar, a espoliar, com a bênção papal… são tão amigos. Tal como ele, o Papa, eleito eternamente, milagrará a eleição presidencial indirecta, abençoada por ele e por Deus.


- É tormentoso convencê-los que parem de comer funji durante uns dias. Conseguido, cura garantida.
- E a badalada infertilidade?
- O machão rejeita convicto que ela é culpada. A querida, atordoada com lamurias acredita que Deus a abandonou. O macho em casa relincha que a põe fora de casa se a barriga não inchar, que facilmente a troca por outra. Dialogamos, enviamos o marido para o nosso posto médico… já está! As enjeitadas fanatizam-se, passam palavra que foi um milagre fora de série.
- E o emprego? Esse é um grande milagre!
- Aliciamos um crente empresário, o emprego é garantido. A crendice firma que Jesus fez um super milagre.
- Caçar esposa, esposo…
- Enfiam-se para aí, fazem dribles, uns passes, resolvem isso entre eles. Elas encontram marido, eles encontram mulher.
- Igreja Veni, muito trepadeira, milagreira.
- Igreja sem milagres não faz sentido. Os crentes vivem, precisam disso. Andam sobre brasas, perderam o tino. Como comboios desgovernados, perdidos sem estações, apeadeiros, sem paradeiros. Como avalancha seca de pedras a rolar por montanha, que acolhemos, prometemos o paraíso. Entes em tais condições acreditam em qualquer coisa.
- Operários contratados para a fábrica do Senhor. Fabricantes de dízimos.
- Está a brincar ou quê? Olhe que não se brinca com as Sagradas Escrituras, e muito menos com o santo nome de Jesus! Isto é-nos muito sagrado!
- Colonialismo, neocolonialismo, não há diferença. Difere nas mudas do capital volátil.
- O que é que disse?
- Que os mitómanos se igualam.
- É isso! Não há crença sem melómanos. Um órgão soberbo bem afinado põe os crentes em êxtase. Não me pergunte que não sei porquê, ninguém sabe. Como o amor.
- Ninguém sabe…
- Verdadeiramente ninguém o sabe explicar. Batemos na boa porta desse desconhecido com a religião, os crentes vão na conversa, e facturamos em nome do amor.
- Tirando proveito do instinto de conservação das espécies.
- Sim! Sim! O amor de fábrica com os crentes convencidos que são operários… que trabalham para o amor. Não somos diferentes dos outros. Ganhar dinheiro com a crendice humana começou na Terra com os primeiros humanos. Somos apenas maiorais espertos. Despertámos para explorar o passado e o próximo futuro. A meu ver não há nenhuma revolução que acabe connosco. Quando revolucionam, no início somos expulsos, espoliados, martirizados, empalados. Enfim, culpados de tudo. Depois a sanha esmorece. Encarnamos com vigor, mais poderosos. Sumamente negociamos muito bem com a religião. Sem dúvida, é o negócio mais apetecível. Custos inexistentes, os crentes suportam-nos. É o melhor negócio e patrocinado por Deus. Num piscar de olhos somos clientes VIP dum banco. É a dolce vita.
- E o ausente Voltaire quando reencarna, os alicerces bíblicos desmoronam-se?
- Facílimo! Chiamos aos crentes que os falsos profetas chegaram. Eles arrebatam-nos.
- E se não resulta… Contra-Reforma?
- Formulamos: Ab hoc et ab hac, que significa: por aqui e por ali : a torto e a direito. Vamos no seguro, seguramos as torneiras das fontes limpas governais… para que Dat veniam corvis, vexat censura columbas, que traduzido diz: A censura poupa os corvos e persegue as pombas.
- Os templos das memórias aquiescem mudos, soçobraremos sem mudança?
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