terça-feira, 10 de março de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (31). Novela


Na realidade fizemos mais uma revolução. Plantamos campos agrícolas… nos estádios de futebol. Construir, espatifar o dinheiro que resta em campos de futebol, é diversificar a economia.


- Elder não estou de acordo, acho que isso é desumano.
- Porra! Mas o que é que tu queres? Mandei um motorista ao Sumbe receber 10.000 dólares. Não apareceu mais. Fugiu com o dinheiro e com o carro. Combino para fazer um serviço às dez da manhã sem falta. Não aparecem, a desculpa é sempre a mesma, que lhes dói as costas. Não se pode assumir nenhum compromisso. Dizem que vão voltar no outro dia à mesma hora. Tornam a não aparecer. Estão com dores de cabeça. Claro! Dores de cabeça da bebedeira... mas são todos assim… mas o que é que tu queres?!
- Elder, será porque não os tratas bem?
- Trato-os bem demais. A secretária agora aparece-me ás dez da manhã e quer sair ás quinze, diz que é por causa do trânsito. Quer dizer, tenho que fazer o serviço dela. Ouve!.. este país está fodido. Não tem hipótese nenhuma. Sabes o que é que eu vou fazer?
- Não.
- As instalações da segurança vão ser transformadas em armazéns e residências. Vou construir um pequeno restaurante para consumo interno. Uma oficina de reparações de automóveis…e vou vender medicamentos. Algumas suites com as condições necessárias para vivermos. Também terás a tua, também passarei a viver aqui. Vou também construir um minimercado.
- Elder, tanta coisa?
- Vais ver! Algumas pequenas áreas serão para escritórios, para alugar. E claro, um escritório para desenvolvermos a nossa actividade de economia e contabilidade. Vou ficar só com dez pessoas, todos brancos. Mais dois empregados para a limpeza, e para fazerem alguns recados. Ficaremos como peixe na água. É impossível trabalhar com esta gente. Só servem para fazerem recados, e mesmo assim ainda arranjam problemas. Ah! Vou-te arranjar uma secretária para te auxiliar, para que não te sintas só.

Na realidade sempre pretendemos ser o que não somos. Sem nos darmos conta estamos vestindo uma máscara constantemente. – Pensei.

É-me apresentada a Secretária. Elder tinha-me dito que ela tem vinte e três anos. É alta, magra, esbelta, atraente. Tem bons conhecimentos de inglês. Sabe bater textos convenientemente no computador, mas na folha de cálculo Excel é uma desgraça. No segundo dia de actividade noto que o chefe da padaria está constantemente a subir para telefonar. Quando me ausento e regresso noto que os dois passam o tempo a conversar. Uma semana depois ela diz-me:
- Amanhã não venho trabalhar. Pretendo estudar economia, vou tratar da matrícula.
- Ok. Você é que sabe o que é melhor para si.

Curiosamente no mesmo dia o chefe da padaria falta ao trabalho por motivo de doença. No outro dia a Secretária aproxima-se de mim. Mostra-me um sorriso encantador. Vai até à janela e olha para baixo. Regressa e diz-me:
- Olhe, se necessitar de mim estou na padaria.

Uma hora depois regressa e pede para falar comigo:
- Sabe, consegui a matrícula na faculdade. A partir da próxima semana só posso trabalhar um período do dia.
- Acho melhor falar com o Dr. Elder.
- Está bem, assim farei.
Deixei de a ver nos dias seguintes.

Foto: Angola em fotos

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