segunda-feira, 23 de julho de 2012

As Amantes da Secreta em Benguela


Por Nelson Sul D’Angola
Os antigos agentes dos serviços secretos da delegação provincial em Benguela do extinto Ministério da Segurança do Estado (MINSE), ameaçam realizar manifestações antes das eleições de 31 de Agosto, para exigir o pagamento de pensões. Por força dos Acordos de Paz de Bicesse, em 1991, entre o governo do MPLA e a rebelião da UNITA, o governo desmobilizou grande parte dos efectivos da segurança em Benguela. Das várias reivindicações, os antigos oficias da actual delegação dos Serviços de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) exigem a sua integração na Caixa Social das Forças Armadas Angolanas (FAA).
Para além do descontentamento dos antigos agentes, Maka Angola  soube, de fonte fidedigna, que membros do aparelho de segurança no activo, em Benguela, deverão também apresentar as suas reivindicações ao governo, no período de campanha eleitoral.
Nas últimas semanas, segundo informações recolhidas por Maka Angola, ter-se-á instalado um clima de mal-estar na delegação provincial do SINSE, devido a uma alegada discriminação na distribuição de regalias aos oficias operativos em prejuízo dos operativos de base (o chamado “pessoal do giro”). As fontes do Maka Angola dizem que os referidos privilégios atribuídos aos oficias operativos (como é o caso dos chefes de departamentos, de secção e seus adjuntos) incluem a aquisição de créditos bancários fáceis por via do Banco Angolano de Investimentos (BAI), enquanto a maior parte do operativos de base vive em condições degradantes, sem casa própria nem transporte.
Um outro grupo, tido como o mais privilegiado nos serviços de inteligência é o das agentes secretas. Operativos experientes reclamam que muitas delas são inexperientes e, regra geral, são usadas para “observação visual” e como amantes de indivíduos sob particular atenção ou investigação do SINSE.
As “meninas da secreta”, segundo os seus detractores, têm direito a casas, carros de luxo, créditos bancários fáceis, viagens ao exterior do país e bolsas de estudos em função de atributos que pouco ou nada têm a ver com a competência profissional ou tempo de serviço.
«É esse o país que nós estamos a construir. Os que trabalham duro recebem salário de miséria, enquanto os que passam a vida a ‘arranjar as unhas’ auferem ordenados milionários”, disse irónico, uma das fontes do Maka Angola. A referida fonte nota ainda o agravamento das desigualdades e a crescente tensão nos corredores do SINSE em Benguela.
O Poder do SINSE
Os serviços de inteligência têm causado grandes temores na sociedade angolana, projectando uma imagem de omnipresença até na intimidade dos cidadãos. O regime dedica especial atenção a este sector, como vital para a sua manutenção no poder, mas as tensões internas mostram um serviço com as mesmas disfunções do sector público do Estado.
Por isso, desde o dia 5 de Março de 2011, o regime angolano do Presidente José Eduardo dos Santos não dorme tranquilamente. As causas dessas insónias, em princípio, têm um nome: Agostinho Jonas Roberto dos Santos. Um nome imanado dos líderes fundadores da UNITA, da FNLA, do actual presidente do MPLA e da república e do seu antecessor nos respectivos cargos.
A “brincadeira” do anónimo Agostinho Jonas Roberto dos Santos (AJRS) não chegou a ser concretizada e o MPLA demostrou que estava preparado para “matar” qualquer um que pusesse em causa a sua manutenção no poder e a de José Eduardo dos Santos. Desde a convocação da manifestação para o 7 de Março de 2011, através das redes sociais,  para o  derrube do regime do Presidente José Eduardo dos Santos, a governação do MPLA deixou de ser a mesma e mais cidadãos  empenharam-se em participar, de forma mais activa, na vida política do país.
Entretanto, passados 17 meses, até ao momento, nem mesmo o SINSE conseguiram identificar a verdadeira identidade de AJRS. Usando das novas ferramentas tecnológicas, como é caso do Facebook, o anônimo cidadão causou grande pânico nas hostes do regime que derrotou um gigante bem armado, como é caso de Jonas Savimbi, da UNITA.
O misterioso Agostinho Jonas Roberto dos Santos conserva o mérito de ter sido o mobilizador das dezenas de jovens que, desde o ano passado, se têm notabilizado na promoção de manifestações anti-governamentais. A estes protestos seguiram-se manifestações por parte de veteranos de guerra, exigindo os subsídios que lhes são devidos, em muitos casos, há 20 anos.


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