Por António Capalandanda:
Quando falta pouco mais de um mês para os angolanos
irem às urnas nas eleições presidenciais e parlamentares de 31 de Agosto de
2012, instalou-se um clima de medo e mesmo pânico nas províncias do interior,
nomeadamente Benguela e Kwanza Sul, onde correm rumores do retorno à guerra
civil.
Populares estão a abandonar as suas aldeias,
fixando-se em lugares mais próximos e, em alguns casos, na província do Huambo.
Desde o princípio do mês de Julho, as Forças
Armadas Angolanas (FAA) destacaram uma companhia com cerca de 90 militares no
município da Ganda, província de Benguela, composta por cerca de 90
militares.
Segundo depoimentos de alguns aldeães, a 17
de Julho, alguns efectivos da referida companhia, em conjunto com agentes da
Polícia Nacional, efectuaram patrulhas na povoação de Bongola, comuna de
Ebanga, criando um clima de intimidação na localidade. A patrulha mista,
segundo testemunhas oculares, forçou o jovem João Guerra a despir a camisola da
UNITA, em público.
Dois dias depois, a 19 de Julho, outra
patrulha mista cercou a residência de um político da UNITA, Francisco Pereira,
na aldeia de Kassamba, comuna de Ebanga, conforme depoimentos prestados por
testemunhas. visado encontrava-se ausente. Os militares e agentes policiais
permaneceram no local das 13h00 às 17h00 horas.
De seguida, ainda de acordo com as mesmas
testemunhas, os patrulheiros invadiram as residências de duas simpatizantes da
UNITA, Filomena Domingas e Salomé Sambo. Retiraram-nas dos seus lares, sob
ameaças de armas de fogo e as transportaram numa viatura militar. As aldeães
informaram ter sido abandonadas, a alguns kilómetros da aldeia. A situação
criou pânico na aldeia, tendo originado a fuga de populares da aldeia de
Kassamba para a Ganda.
Segundo o secretário municipal da UNITA na Ganda,
Fernando Quintas Sachipala, a sua organização recebeu na sede municipal, na
passada sexta-feira, sete dos seus militantes oriundos da aldeia de Kassamba.
Contactado pelo Maka Angola, o administrador
municipal da Ganda, Caetano Mateus Lopes, disse desconhecer a informação da
concentração de militares na comuna de Ebanga.
Efectivos Militares no Kwanza Sul
Já no município de Cassongue, província do Kwanza
Sul, foi destacado um pelotão de cerca trinta homens que, desde o início deste
mês, efectua rondas nas aldeias.
Populares disseram ao Maka Angola que, no
dia 18 Julho, na comuna da Songa, município do Wako Kungo, as FAA proibiram a
população de ir às suas lavras, sem, no entanto, terem apresentado qualquer
justificação.
Na localidade, as pessoas começaram a associar a
realização das eleições, a 31 de Agosto, com o retorno à violência
política e começaram a armazenar alimentos e sal, como medida preventiva.
A população de Songa é maioritariamente deslocada
de guerra, proveniente do município do Mungo, província do Huambo, uma região
limítrofe.
Em declarações a este portal, Oliveira Miguel
Kapata, secretário provincial da UNITA no Kwanza Sul, disse que o seu partido
recebeu informações de que alguns populares começaram a regressar às suas zonas
de origem (Mungo), devido ao clima de instabilidade que se regista na Songa.
As autoridades locais e o MPLA, no Kwanza Sul, não
responderam às chamadas para comentar sobre o assunto. No entanto, uma
fonte militar assegurou que as brigadas destacadas em alguns municípios de
Benguela e Kwanza Sul pertencem à região militar, em Luanda. O oficial disse
tratar-se de um destacamento normal, que nada tem a ver com o processo
eleitoral.
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