PCP diz que Governo se prepara para impor novas
medidas de austeridade e que estas são reflexo de uma política “pescadinha de
rabo na boca”
24/06/2012 | 20:37 | Dinheiro Vivo
O secretário-geral do PCP disse hoje em Alpiarça
que o Governo se prepara para impor novas medidas de austeridade, o que representará
“um novo desastre” de uma política que é como “a pescadinha de rabo na boca”.
Jerónimo de Sousa falava no final da IX Assembleia
da Organização Regional de Santarém do PCP, numa intervenção centrada nas
razões que levaram o partido a apresentar a moção de censura ao Governo, que
será votada na segunda-feira no Parlamento.
“Ao contrário do que o Governo afirma, o segundo
semestre deste ano vai ser pior que o primeiro”, disse o líder comunista,
referindo os números da execução orçamental nos primeiros cinco meses do ano,
que revelaram uma quebra das receitas “para níveis que põem em causa o
cumprimento anunciado do défice para o presente ano”.
Lamentando que o Governo persista “nas mesmas
receitas”, Jerónimo de Sousa afirmou que as declarações do ministro das
Finanças, Vítor Gaspar, assegurando que o défice vai ser cumprido, significam
que o Governo se prepara para impor novas medidas de austeridade.
“Se assim for será um novo desastre”, disse,
sublinhando que esta solução é como “a pescadinha de rabo na boca: com as
políticas de austeridade aumenta-se a recessão, que faz aumentar o défice.
Aumenta o défice, novas medidas de austeridade e aumenta o desastre”, num
“ciclo ininterrupto” que a moção de censura apresentada pelo PCP quer
interromper.
Jerónimo de Sousa criticou ainda o
Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, por ter ido à América Latina como “um
vendedor do interesse nacional, a entregar a preços de uva mijona aquilo que
são as riquezas nacionais”, apontando como exemplos a TAP e a ANA.
“É uma vergonha ver Passos Coelho andar pela
América Latina a tentar vender empresas que são altamente rentáveis, que são
alavancas fundamentais para o nosso crescimento e o nosso desenvolvimento”,
afirmou.
O secretário-geral do PCP não poupou igualmente
críticas ao Presidente da República pela promulgação das alterações ao Código
do Trabalho.
“Fê-lo sabendo que tais alterações são de uma
violência desmedida contra os trabalhadores e que viola frontalmente a
Constituição da República, que jurou por sua honra defender. Fê-lo sabendo que
a sua decisão conduz a mais desemprego, a mais exploração, a mais repressão
patronal, a mais pobreza”, afirmou.
“Entre a Constituição e as exigências da troika o
Presidente da República decidiu rasgar o juramento constitucional e integrar os
apoiantes do pacto de agressão”, acrescentou.
Para Jerónimo de Sousa, “não há aspeto da vida
nacional que não seja motivo de censura”.
Imagem:
lasatura.blogspot.com
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