GRUPO
DE REFLEXÃO DA SOCIEDADE CIVIL SOBRE O PROCESSSO ELEITORAL
Luanda - Integra das conclusões e recomendações da
Mesa Redonda sobre o Estado do Processo Eleitoral Angolano decorrido nos dias
24 e 25 de Julho de 2012 no Hotel Alvalade, Luanda.
Fonte: Club-k.net
Conclusões e recomendações da Mesa Redonda
MESA-REDONDA
Reunidos nos dias
24 e 25 de Julho de 2012, representantes de organizações da sociedade civil,
jornalistas, acadêmicos e representantes de partidos políticos com o objectivo
de:
1. Avaliar os
níveis de preparação para as eleições gerais de 31 de Agosto;
2. Facilitar a
participação dos cidadãos no processo político de consolidação da democracia
através da aproximação entre os diferentes actores do processo eleitoral;
Discutiu-se o seguinte:
Discutiu-se o seguinte:
a) AMBIENTE ELEITORAL (GARANTIAS POLÍTICAS) EM ANO DE ELEIÇÕES
A democracia é inerente à natureza· social do homem, implicando para o efeito pluralismo, participação, representação efectiva, separação de poderes, eleições e alternância de poderes.
Em Angola o processo eleitoral ainda não está
suficientemente acompanhado dos mecanismos viáveis de garantias políticas.·
Constata que a utilização abusiva· dos orgãos de comunicação social e dos recursos do Estado para o benefício de um partido e respectivo cabeça de lista constitui fraude;
Angola irá realizar pela terceira vez as eleições, mas o processo ainda tem um défice de democraticidade;·
Hoje em dia, a realização das eleições· já não é o indicador acabado de que se está num
estado perfeitamente democrático porque as eleições podem igualmente ser usadas
como mecanismo de manutenção do poder autocrático, que visa apenas a
legitimidade nacional e internacional;
As eleições verdadeiramente· democráticas devem cumprir vários requisitos dentre
os quais: a concorrência e igualdade no acesso ao financiamento e comunicação
social; a periodicidade, a universalidade, a transparência, a independência e
imparcialidade dos órgãos gestores do processo.
b) O CONTENCIOSO ELEITORAL.
Este painel debruçou-se fundamentalmente sobre a componente legal de ilicitudes eleitorais que culminariam na impugnação das eleições se houver fortes indícios que ferem a legalidade. Todavia, dessa análise resultou que em Angola, mesmo que haja fortes sintomas de ilicitude, os actos eleitorais que carecessem de recursos judiciais, deparam-se com a falta de um Tribunal Eleitoral. Igualmente, o Tribunal Constitucional não oferece confiança e transparência suficientes pelo facto de ter uma estreita subordinação ao Executivo decorrente da sua nomeação.
c) O CÓDIGO DE CONDUTA ELEITORAL: O PAPEL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
Depois de se
analisar profundamente o papel do jornalista enquanto individuo e a
característica da mídia angolana suficientemente estatizada e por esta via
parcial no tratamento dos dados, das imagens e das opiniões, sobretudo dos
adversários políticos, concluiu-se que :
A ausência de uma fiscalização· efectiva, faz com que as recomendações emanadas do Conselho Nacional da Comunicação Social não sejam acatadas.
A interferência dos chefes de· informação nas redacções nos órgãos de comunicação
social e a auto-censura do trabalho do repórter põem em causa a isenção e a
imparcialidade dos jornalistas em lidar com a verdade.
Há um défice no compromisso do profissional da comunicação social com a democracia e a sociedade.·
A manipulação e desinformação por· parte dos órgãos de comunicação social públicos, tem contribuído na deturpação das informações, viola o direito a informação com verdade.
d) PARTIDOS POLÍTICOS
Depois de se abordar o quadro geral de visão de cada partido sobre o processo em curso, o foco da situação centrou-se ainda na inacessibilidade ao FICRE, de cuja auditoria e resultado não há informação pública.
Também informou-se que a ideia de voto antecipado e o voto no estrangeiro foi abandonada devido à pressão sobretudo da UNITA.
Analisou-se longamente sobre a situação do mapeamento das Assembleias de Voto, da suposta incapacidade financeira de se produzir as actas - sínteses que pudessem contribuir para a transparência na contagem dos votos.
Os partidos presentes, alegaram ainda que, existem fortes indícios de que a CNE e o Tribunal Constitucional não demonstram interesse na transparência do processo e estão a ser instrumentalizados para a consumação da fraude eleitoral.
Concluiu-se que os partidos políticos na oposição devem fazer mais em prol das eleições verdadeiramente democráticas.
Constrangimento: Apesar de terem sido convidados, a ausência da Comissão Nacional Eleitoral, Ministério da Administração do Território, Tribunal Constitucional, o MPLA, o PRS, a FNLA e ND defraudou as expectativas dos participantes.
RECOMENDAÇÕES
Em face das constatações, os participantes recomendam o seguinte:
Que se observem as normas e· principios de realização de eleições democráticas e transparentes, estabelecidos pela legislação nacional em harmonia com os padrões da SADC e da União Africana, subscritos pela República de Angola;
Que se garanta a participação· proactiva da sociedade civil no processo eleitoral, incluindo acesso as sessões do plenário da CNE, as Assembleias de Voto e Centros de Escrutínio (comunal, municipal, provincial e nacional).
Que o Estado garanta condições· para o exercicio das liberdades fundamentais dos cidadãos, entre elas, o direito a manifestação e de associação, bem como de denúncias de actos de intolerância politica e outros que violem o principio do Estado de direito;
Urgente adopção da postura· profissional e ética na comunicação social pública, observando o principio da imparcialidade e do contraditório;
Alertar que a utilização abusiva· dos orgãos de comunicação social e dos recursos do Estado para o beneficio de um partido e respectivo cabeça de lista, assim como a propaganda das obras do governo em cessação de mandato, fora do tempo de antena, constitui fraude;
Que as forças da ordem e os actores· politicos garantam a protecção da integridade fisica
e moral dos profissionais de comunicação social durante a cobertura do processo
eleitoral;
Despartidaração efectiva dos órgãos de
comunicação social públicos e privados;·
Que se publique o resultado da· auditoria ao Ficheiro Informático Central do Registo
Eleitoral (FICRE) e os cadernos de registo eleitoral;
Que a CNE garanta toda a logistica· para o funcionamento efectivo das mesas e das
assembleias de voto, conforme o previsto na alinea a) e ss do nº 1 do artigo
92º da Lei Nº 36/11 de 21 de Dezembro (Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais)
Que a CNE garanta o acesso dos· representantes e delegados de lista dos Partidos
Politicos e Coligações aos centros de escrutineo, em salvaguarda da lisura e
credibilidade do processo;
Que todos os partidos politicos, sem· excepção, divulguem e publiquem as fontes de financiamento
e o valor dos fundos usados durante o processo eleitoral.
Que durante a campanha eleitoral,· sejam encorajados e realizados debates públicos entre
os competidores, especialmente os cabeças de lista.
Os participantes,
Grupo de Trabalho
da Sociedade Civil para Processo Eleitoral é um grupo informal constituido por
associações e individuos com o objectivo de analisar e contribuir no processo
eleitoral angolano de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário