Em Países de Língua Portuguesa (CPLP), 28 milhões
de pessoas são desnutridas, sendo Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e
Timor-Leste os países com as taxas de desnutrição mais elevadas, sobretudo em
crianças com idades que variam de 0 a 5 anos, sendo estas as principais vítimas
mortais
Maputo (Canalmoz) – Membros de diversas
organizações não-governamentais, em representação da sociedade civil da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), responsabilizam os governos
devido ao elevado índice de desnutrição instalado nos países lusófonos, cujas
principais consequências são óbitos na sua maioria crianças. Angola e
Moçambique são os países com maior índice de insegurança alimentar.
Estes pronunciamentos foram feitos pelos
participantes durante a realização recentemente da 1ª reunião do Conselho de
Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP, presidida por Moçambique. “Não
basta aprovar leis e estratégias sobre combate à insegurança alimentar, mas é
urgente ir ao cerne do problema com vista a produzir-se comida suficiente
para alimentar a sociedade no geral”, disse Saquina Mucavele, diretora da
organização moçambicana Mulher Género e Desenvolvimento (MuGeDe).
Por sua vez, o economista Firmino Mucavel disse que
a principal dificuldade no combate à insegurança alimentar é a dificuldade de
acesso aos alimentos, sobretudo por parte das pessoas vulneráveis, devido ao
elevado preço de produtos alimentares. Mucavel defende que os governos da CPLP
têm a responsabilidade de criar condições para reduzir os preços dos produtos
alimentares, sobretudo os básicos, de modo a que até as pessoas sem muitas
condições financeiras possam ter acesso aos produtos.
Moçambique e Angola são os piores
De acordo com os dados apresentados na quarta-feira
última pelo secretariado da CPLP, referente aos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), 28 milhões de pessoas são desnutridas, sendo Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau e Timor-Leste os países com as taxas de desnutrição mais elevadas,
sobretudo em crianças com idades que variam de 0 a 5 anos, sendo estas as
principais vítimas mortais. Preocupada com esta situação a sociedade civil
recomenda a necessidade de desenvolvimento de programas de educação nutricional
direcionados às mulheres-mães de modo a que estas saibam identificar quais
alimentos têm vitaminas suficientes para tornar resistente o sistema
imunológico das crianças.
Para Edna Possolo, chefe do Departamento de Nutrição
do Ministério da Saúde de Moçambique, o maior desafio é os governos conseguirem
alocar recursos suficientes para ajudar as mulheres-mães a terem meios próprios
de auto sustento.
Para o caso de Moçambique, Edna Possolo reconheceu
que a desnutrição crónica constitui uma grande ameaça para a saúde pública.
Referiu que o Ministério da Saúde está a desenvolver acções com vista a reduzir
a desnutrição crónica em menores de 5 anos, dos actuais 44% para 30%, em 2015,
e até 20%, em 2020.
Refira-se que da 1ª reunião do Conselho de
Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP, presidida por Moçambique, foi
produzida uma declaração final com recomendações e esse documento será
submetido ao Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP para a sua
posterior apreciação durante a conferência dos chefes de Estado e de Governos
desta comunidade que hoje se realiza. (António Frades)
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