Maputo
(Canalmoz) – A IX Cimeira da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP),
que se realizou na última sexta-feira, na capital moçambicana, Maputo, foi
parca em decisões de impacto relevante na vida dos povos dos respectivos
Estados.
Ou
seja, foi uma cimeira pobre que não deixou história para contar. É por isso que
meios de comunicação de quase todos os jornais dos países lusófonos fizeram
títulos banais, ou com opiniões dos dirigentes participantes na cimeira, ou com
assuntos triviais, pois factos relevantes não houve.
“IX
Cimeira termina com aprovação da “Declaração de Maputo”, escreveu a Agola
Press - Agência de Informação de Angola; “CPLP: Prémio José Aparecido de
Oliveira atribuído a Lula da Silva”, escreve, por sua vez, o semanário SOL,
editado em Lisboa; “Guiné Equatorial não vai aderir à CPLP”, foi o título da
RTP; Do Brasil, o diário IOL destacou: “Cimeira CPLP com Passos e Cavaco, mas
sem Dilma”; “CPLP gere Teodoro Obiang em “banho-maria”, escreveu o diário “O
País”, editado em Maputo.
Estes
títulos parcos reflectem precisamente o que foi a IX Cimeira da CPLP. Mesmo no
próprio website da organização www.cplp.org não há algum destaque atractivo. Ao
que tudo indica, esta foi mais uma cimeira para estoirar o dinheiro dos
contribuintes dos respectivos Estados.
A
Declaração de Maputo, que é uma espécie da acta da Cimeira e das reuniões
preparatórias, não tem nada que se destaque. Nas 16 linhas que contém, só fala
de saudações às “realizações” dos estados membros, mas não há nada que
interesse dos povos de cada país representado. Por exemplo, uma das resoluções
que se pode admitir que atrai atenção, aprovada nesta cimeira, é a
“Resolução relativa ao Acordo sobre Concessão de Vistos de Múltiplas Entradas”.
Engane-se quem pensar que os cidadãos dos Estados membros da CPLP passarão a
viajar entre os respectivos Estados com supressão de vistos.
Esta
resolução é mais um documento que não traz nada de concreto. Apenas
“recomenda aos serviços competentes na área de Migração e Fronteiras em cada
Estado membro, a elaboração, quando possível, de […] listagem[s] indicativa[s]
das instituições públicas e privadas, sediadas no seu território, competentes
para emitir as credenciais e recomendações […] conforme previsto no Acordo
sobre Concessão de Vistos de Múltiplas Entradas para Determinadas Categorias de
Pessoas, e a remessa das mesmas ao Secretariado Executivo, no prazo de seis
meses / até 31 de Janeiro de 2013”.
Moçambique assumiu presidência da organização
Entretanto,
uma das coisas que também que se poderia destacar desta cimeira da CPLP seria a
eleição de Moçambique para, através do seu chefe de Estado, Armando Guebuza,
assumir a presidência da organização, mas isso também era há muito conhecido
desde que se decidiu que a IX Cimeira seria em Maputo. Portanto, não foi houve
nada de novo e duvida-se que moçambicanos conheçam as vantagens desta
presidência. Significará apenas mais um título no currículo de Armando Guebuza.
Segundo
Armando Guebuza, a presidência de Moçambique vai dar continuidade aos
principais assuntos e dossiers importantes, tais como o fortalecimento da
cooperação em vários domínios, nomeadamente na saúde e educação, meio ambiente
e género, justiça e defesa, juventude e sociedade civil.
Nada
de concreto prometeu senão a repetição do que já está escrito nos documentos
dos governos dos países membros da organização.
Destaque
também para a recusa da entrada da Guiné Equatorial na organização, que era
muito contestada pela sociedade civil dos países da CPLP devido ao regime
antidemocrático instalado naquele país pelo presidente Teodoro Obiang.
George
Chicoty, ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, que presidiu ao encontro
na ausência do chefe de Estado de Angola que presidiu à CPLP no último biénio,
despertando uma certa ironia disse que o não à Guiné Equatorial surge do facto
deste país “não ter registado melhorias significativas nas reduções dos níveis
de corrupção, cumprimento dos direitos humanos, abertura para diálogo político
e democrático, daí que recomendam àquele país que continue a implementar
reformas na expectativa de que venha a ser admitido nas próximas cimeiras”. Em
suma, a Guiné Equatorial não entrou desta vez na CPLP mas permanece aberta essa
possibilidade. (Borges Nhamirre)
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