Por Lázaro Pinduca
A Igreja Assembleia de Deus Pentecostal está a
viver um período conturbado devido ao uso dos seus púlpitos, na província da
Huíla, para cultos de angariamento de votos a favor do MPLA. Por um lado, os
pastores afirmam, de forma surpreendente, o seu activismo partidário. Por
outro laod, os fiéis manifestam-se atónitos com a obrigação de terem de
votar todos no mesmo partido, conforme apelos dos seus líderes.
O mais preocupante é o modo como os líderes
religiosos dessa denominação ameaçam os fiéis para não votarem em qualquer
outro partido, excepto o MPLA, nas eleições de 31 de Agosto. Por exemplo, a 15
de Julho, o pastor Lola Manuel lembrou aos fiéis a importância das eleições e
sublinhou que o boletim de voto apresenta nove partidos políticos concorrentes.
“Este ano, o MPLA é o número dois, e não dez, como em 2008. Os irmãos não podem
confundir! O MPLA é o número dois e ninguém pode votar na galinha [UNITA] que é
o número um. Quem o fizer será descoberto porque aqui na igreja tem gente do
SINSE [Servicos de Inteligência e Segurança do Estado]“.
Vários fiéis, de forma anónima, continuam a
condenar o modo como os pastores usam a igreja para fins políticos, comerciais
e pessoais. Referem, por exemplo, o culto de homenagem ao Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, realizado em Agosto de 2009, por ocasião do
seu aniversário natalício, oficiado pelo líder máximo da referida igreja,
Francisco Panzo. Alguns membros da direcção da igreja denunciaram o culto como
um acto comercial que envolveu a disponibilização de verbas, por parte do
governo, para a construção de novas igrejas. Outros denunciam a ambição do
reverendo Franscico Panzo em fazer parte do Conselho da República, à semelhança
de alguns líderes de outras denominações religiosas, pelos privilégios e
imunidade que o cargo de conselheiro do chefe de Estado confere.
Os escândalos no seio desta denominação religiosa
agudizaram-se quando o ancião Domingos Galego, auxiliar do pastor Ramalheto,
major na reserva das ex-FAPLA, juntou-se ao Fórum Independente dos
Desmobilizados de Guerra de Angola (FIDEGA), para reclamar os seus subsídios
como veterano de guerra. O reverendo Ramalheto do Prado, o responsável máximo
da igreja na Huíla, suspendeu-o de todas as actividades na igreja, em Fevereiro
passado, por considerar a sua reclamação como uma afronta ao poder do MPLA. Há
duas semanas, o antigo oficial faleceu vítima de doença, sem que a sua
suspensão tivesse sido levantada.
Ramalheto do Prado é apontado, pelos seus fiéis,
como oficial superior do SINSE, para além do exercício médico na Maternidade do
Lubango, como ginecologista. Por sua vez, o pastor Lola Manuel exerce funções
no Hospital Militar do Lubango, como enfermeiro.
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