Autores escrevem sobre o que deve levar na mala. E
sobre o que vai encontrar quando chegar.
Mafalda de Avelar
http://economico.sapo.pt
Emigrar, seja lá para onde for, implica malas,
despedidas, alguns lenços de papel e sobretudo muita vontade de agarrar uma
nova vida. Mas não vá para fora para fugir a uma realidade. Vá, sim, como
escrevem os autores de "Atribulações de um português a fazer negócios em
Angola" (Esfera dos Livros), bem preparado e com a missão de fazer bons
negócios.
E o que deve um português levar na mala quando ruma
para Angola? Muita coisa. Mas sobretudo a capacidade de identificar
oportunidades, que são, segundo Nuno Gomes Ferreira, co- -autor desta obra, uma
viagem que se divide entre o curto, o médio e o longo prazo.
Construção, telecomunicações e agricultura são
sectores a ter em conta; tal como a produção de calçado, vestuário e loiças.
Tudo, obviamente, com parceiros locais. Sobre temas polémicos como a nova lei
de incentivo fiscal ou a dificuldade de expatriar dinheiro, fique a saber que a
triangulação (histórica) com Cabo Verde poderá ser uma boa opção. Tudo isto,
curiosamente, na semana em que a União Europeia e Angola assinaram um novo
acordo de cooperação - "Caminho Conjunto Angola - União Europeia". A
reter.
Qual a melhor forma de ir para Angola à procura de
novas oportunidades de vida?
Uma mensagem prévia: antes de pensar em ir para Angola, o português tem que ter uma ideia muito clara do que está a fazer em Portugal. Não faz sentido ir para Angola se não tiver uma vantagem competitiva clara daquilo que vai fazer no mercado angolano. E ter vantagens competitivas claras quando chegar a Angola. Quando chegar a Angola o melhor conselho que posso dar, embora neste momento não seja obrigatório, é a escolha de um parceiro local. Juridicamente não é obrigatório, mas é muito relevante a escolha de um parceiro local. E isto passa por dois motivos. Primeiro, temos um país muito dependente de petróleo, e obviamente quem controla o petróleo é o Estado. Por tanto, o melhor conselho que se pode dar a um empresário, que se queira posicionar em Angola, é que este se ligue a alguém do sector do petróleo; ou eventualmente a uma pessoa ligada directamente ao poder executivo.
Uma mensagem prévia: antes de pensar em ir para Angola, o português tem que ter uma ideia muito clara do que está a fazer em Portugal. Não faz sentido ir para Angola se não tiver uma vantagem competitiva clara daquilo que vai fazer no mercado angolano. E ter vantagens competitivas claras quando chegar a Angola. Quando chegar a Angola o melhor conselho que posso dar, embora neste momento não seja obrigatório, é a escolha de um parceiro local. Juridicamente não é obrigatório, mas é muito relevante a escolha de um parceiro local. E isto passa por dois motivos. Primeiro, temos um país muito dependente de petróleo, e obviamente quem controla o petróleo é o Estado. Por tanto, o melhor conselho que se pode dar a um empresário, que se queira posicionar em Angola, é que este se ligue a alguém do sector do petróleo; ou eventualmente a uma pessoa ligada directamente ao poder executivo.
É fácil encontrar assim um parceiro?
É fácil encontrar parceiros. É muito difícil encontrar o parceiro ideal.
É fácil encontrar parceiros. É muito difícil encontrar o parceiro ideal.
Existe alguma instituição que possa ajudar a dar
informações?
Considero duas hipóteses. A AICEP Angola (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), que está a trabalhar muito bem. E também aconselho uma visita previa à ANIP (Agência Nacional de Investimento Privado). Mas temos que ter presente que o mais importante para fazer um negócio, e um negócio sério, é ir por convite. É a melhor hipótese.
Considero duas hipóteses. A AICEP Angola (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), que está a trabalhar muito bem. E também aconselho uma visita previa à ANIP (Agência Nacional de Investimento Privado). Mas temos que ter presente que o mais importante para fazer um negócio, e um negócio sério, é ir por convite. É a melhor hipótese.
Ou seja é a chamada `Carta de Chamada´ dos tempos
modernos?
Exactamente. É a melhor maneira de ir para lá. Desde logo porque existe um novo enquadramento jurídico e a PME (Pequena e média empresa) para entrar já deverá ir com algum cuidado prévio sobre aquilo que vai fazer. Antes de embarcar é bom ter o projecto bem formalizado em Portugal para quando lá chegar estar bem direccionado e posicionado. Mas a escolha do parceiro é, sem dúvida, muito importante.
Exactamente. É a melhor maneira de ir para lá. Desde logo porque existe um novo enquadramento jurídico e a PME (Pequena e média empresa) para entrar já deverá ir com algum cuidado prévio sobre aquilo que vai fazer. Antes de embarcar é bom ter o projecto bem formalizado em Portugal para quando lá chegar estar bem direccionado e posicionado. Mas a escolha do parceiro é, sem dúvida, muito importante.
Fale-nos da nova lei. Até que ponto é que a nova
lei angolana para o investimento estrangeiro pode afligir quem quer investir em
Angola?
Existe um limite mínimo neste momento para se fazer um investimento e estar abrangido por essa nova lei: que é de um milhão de dólares americanos. No contexto actual já começa a ser muito difícil arranjar um pacote de um milhão de dólares para investimento e isso poderá ser limitativo na maneira de fazer negócios.
Existe um limite mínimo neste momento para se fazer um investimento e estar abrangido por essa nova lei: que é de um milhão de dólares americanos. No contexto actual já começa a ser muito difícil arranjar um pacote de um milhão de dólares para investimento e isso poderá ser limitativo na maneira de fazer negócios.
Essa lei também é aplicada a quem tem parceiros
locais?
Exactamente. Cada investidor externo tem que levar na bagagem - ou em equipamento, ou em dinheiro ou em ‘know-how' - o equivalente a um milhão de dólares.
Exactamente. Cada investidor externo tem que levar na bagagem - ou em equipamento, ou em dinheiro ou em ‘know-how' - o equivalente a um milhão de dólares.
Isso torna a vida difícil às PME's?
Para pequenos e médios empresários o livro deixa algumas portas de alternativas.
Para pequenos e médios empresários o livro deixa algumas portas de alternativas.
Que alternativas são essas?
Nomeadamente a utilização da plataforma de Cabo Verde; e a utilização de Cabo Verde como plataforma financeira e fiscal para entrada em Angola. Desde logo porque há uma moeda - que é o escudo caboverdiano - que está perfeitamente indexado ao euro (quando Angola está dolarizada) e um sistema fiscal muito similar ao nosso. Bem como uma convenção de dupla tributação de Portugal - Cabo Verde, que, por exemplo, não existe com Angola .
Nomeadamente a utilização da plataforma de Cabo Verde; e a utilização de Cabo Verde como plataforma financeira e fiscal para entrada em Angola. Desde logo porque há uma moeda - que é o escudo caboverdiano - que está perfeitamente indexado ao euro (quando Angola está dolarizada) e um sistema fiscal muito similar ao nosso. Bem como uma convenção de dupla tributação de Portugal - Cabo Verde, que, por exemplo, não existe com Angola .
Trabalho publicado na edição de 27 de Julho de 2012
do Diário Económico
Imagem: revistaculturacidadania.blogspot.com
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