segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

E mais uma menina escrava nasceu ao ar livre, e chamaram-lhe Jasmim


Quero apresentar-vos uma menina que ainda não tem nome a "Jasmim", nasceu hoje às 10 horas, em plena estrada, debaixo de um sol de 35º, a caminho de um posto de saúde distante. Jasmim, é o nome que lhe dei, porque nasceu como as flores.
Já pensou em ter uma filha nestas circunstâncias? Isso já não lhe comove? Será que perdeu a humanidade?

Alexandra Gamito (Aléxia)

Pois é, este é apenas um exemplo daquilo que vem ocorrendo um pouco por todo o país. E até este momento a nossa sociedade permanece omissa e cúmplice com a falta de humanidade de “alguns” actos arbitrários e criminosos de GOVERNANTES BEM IDENTIFICADOS, com algumas raras excepções que actuando isoladas, são prova de que esta não é uma orientação do Governo Central ou de qualquer partido. Este tipo de acção arbitrária tem que ser corrigida de acordo com os procedimentos legais e institucionais de quem tem poder e responsabilidade de o fazer.
Repito, hoje não medi consequências, nem fiz qualquer cálculo, nem sei mesmo que caminho é este que é necessário trilhar, nem sei sequer se está disposto a dar a vida por uma Angola diferente. Também não sei se outras sensibilidades da nossa sociedade têm a coragem de dar um passo nesta direcção. Mas duma coisa tenho certeza, se sairmos todos para amar os nossos irmãos em sofrimento. O material é a parte mais fácil, dá-se um pouco de comer, algo para vestir ou qualquer outra coisa que valha para o momento e está resolvido.

O meu apelo vai noutro sentido, no sentido de fazermos um “movimento” colectivo que demonstre o nosso total desagrado por este tipo de prática. Naturalmente, que esta exigência requer maior disponibilidade de tempo, de espírito de vontade de conciliar opiniões para as diferentes acções que cada um pode tomar a iniciativa de fazer quer isoladamente, quer como corpo, unidos a volta desta questão. Numa família, quando há um grave problema, a família junta-se para o resolver. Nós ANGOLANOS, temos que ganhar consciência que somos uma GRANDE FAMILIA. Cada membro desta grande família tem o dever e a responsabilidade de agir em benefício da manutenção da vida de todos, garantindo que nada falte a ninguém. Por isso, esta proposta é a mais difícil, mas a única que nos vai retirar do abismo para onde caminhamos.
Não basta acusar o “regime”. Que regime? Não fazemos todos parte do mesmo regime?
É imperioso ir além, e corrigir cada passo mal dado pelos “nossos irmãos”, pois o que importa profundamente é que as práticas de governação erradas sejam paulatinamente corrigidas. Temos que aprender com as galinhas que comem grão a grão. Um dia teremos o papo cheio de uma NOVA HUMANIDADE.
Por isso considero importante e imprescindível, RESPONSABILIZAR qualquer pessoa por praticas semelhantes as retratadas no video. Pois, pelo resultado, se comprova que a pessoa responsável pela decisão, neste caso a Administradora Municipal de Cacuaco, não está capaz de exercer a função que o cargo exige. Sendo o principal e único pressuposto o de servir a comunidade humana, fazendo emergir os valores pelo respeito humano. Única via, para em consequência disso, exigir o mesmo do cidadão.
É insuficiente e inútil acusar o regime. Isso não muda nada.
Mas terá muito peso se todos os que se identificam com os valores humanos, valores de justiça, valores cristãos fizermos uma petição e uma acção que ponha termo em definitivo a este tipo de prática. Para que a mensagem seja inequívoca, e chegue a todo o país, para mostrar que estamos totalmente em desacordo e que agiremos sempre em unidade e sintonia sempre que algo semelhante acontecer.
Esta petição deve ser feita por todos os que não concordam com a forma como as pessoas vítimas desta violação foram tratadas (veja fotografias tiradas no sábado quando nos arredores do bairro Mayombe, fica na zona da Caope, em direcção à Funda, basta perguntar que te indicam o local) a onde, segundo Rosa Janota, administradora de Cacuaco estavam a realojar os antigos moradores do Mayombe, cujas casas foram demolidas pelas autoridades municipais há uma semana.
Vamos esquecer qualquer “diferenças”, mas vamos defender o VALOR FUNDAMENTAL que cada ser tem de ser tratado com DIGNIDADE, RESPEITO como garantida da preservação da VIDA. QUEREMOS UMA ANGOLA CAPAZ DE PROMOVER O DESENVOLVIMENTO HUMANO SUSTENTÀVEL E UNA VIVA EM PAZ. E a paz surgirá. Pois a paz, só é paz, se for coletiva. Enquanto exercermos a força e a violência contra qualquer um dos nossos irmão NÃO HÁ PAZ.
OS GOVERNANTES DE ANGOLA DEVEM PASSAR A UTILIZAR OS INSTRUMENTOS LEGAIS, OS INSTRUMENTOS E MÉTODOS DE LIDERANÇA; GESTÂO E PLANIFICAÇÂO PARA GERIR PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL (envolvendo as pessoas nas decisões que afetam a sua vida, identificando prioridades, definindo processos, definido recursos, etapas e avaliando resultados para aprender e corrigir processos semelhantes). Assim podemos garantir que o processo salvaguarda a integridade de todos os ANGOLANOS (ou residentes em Angola) em harmonia com a defesa de interesses públicos.
Aos Gestores PUBLICOS TÊM OBRIGAÇÂO DE CUMPRIR COM O PARADIGMA DA ADMINISTRAÇÂO MUNICIPAL, que prevê mecanismo de concertação e consulta. Se estes mecanismos estiverem funcionais, pode-se fazer um processo negocial, respeitando quer as prioridades públicas, quer os interesses de todos os cidadãos. Sendo que o CRITÉRIO DE DISTRIBUIR MELHOR, deve beneficiar cada cidadão do território nacional.
DOS PARTIDOS POLÌTICOS (TODOS) espero e desejo uma acção enérgica para garantir que o pressuposto acima seja uma prática de todos os governantes em todos os municípios e que se acabem de uma vez com este tipo de VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS. Os partidos de oposição têm que ter uma intervenção concreta em tempo real para sanar este mal da nossa sociedade. Aqui não se trata de atacar pessoas, mas corrigir más práticas de governação.

DA SOCIEDADE CIVIL gostaria de ver verdadeiros movimentos de pressão, advocacia e lobby para que o pressuposto acima seja uma realidade. Sonho com uma sociedade civil interveniente em processos reais. Para que serve fazer conferências? Elas só podem ser úteis se for para adquirimos capacidade de atuar estruturadamente como um corpo de pressão. O caminho faz-se caminhando, e as fraquezas se superam quando estamos a trilhar o caminho certo. Os obstáculos, são a demonstração evidente da necessidade de mudança. Fica o desafio.

Será que as organizações da sociedade civil podem liderar a recolha de assinaturas em protesto contra este tipo de acção, como um contributo prático e demonstrativo da nossa insatisfação?

DOS LIDERES RELIGIOSOS, espero que sejam capazes de serem fiéis seguidores de JESUS CRISTO, que sempre esteve do lado dos pobres. Dos Bispos, Reverendos, Padres, Pastores, religiosos, leigos e congregações espero que sejam capazes de serem fiéis aos valores expressos no Evangelho. JESUS disse: "Amarás o teu próximo, como a ti mesmo". Naturalmente, que nenhuns Bispos, Reverendos, Padres, Pastores, Religiosos, Leigos gostariam de serem tratados como foram tratadas estas pessoas, sem qualquer respeito e consideração pela sua dignidade e sujeitas a ficar a viver ao relento como se pode ver no vídeo. A certeza de que todos pregam e VIVEM o Evangelho, dá-me a certeza que uma acção concertada se fará sentir, sem demora.
Cada um de nós, gostaria que a nossa necessidade fosse tida em consideração e atendida. Façamos o mesmo com aquelas pessoas que hoje vivem ao relento. Este é o apelo que faço a todos os Angolanos e Angolanas.

Em meu entender todos “deveríamos” assumir o papel de sensibilizar todos os níveis de governação em Angola para que se adoptem outros procedimentos para o desalojamento de pessoas, que implique:
1. O envolvimento e negociação, pois considero necessário que as famílias se preparem para a mudança, as pessoas devem ter tempo para criar as condições para a deslocação, com prazos definidos;
2. Planificação de todo o processo de transferência;
3. O desalojamento e realojamento em bairros de baixa renda, têm uma dimensão HUMANA que não pode ser descurada, por isso a importância de equipes multi-sectoriais (sociólogos, assistentes sociais, pedagogos, antropólogos, Urbanistas).
4. Ampliar as capacidades de planificação, gestão, e liderança, re-estruturar todos os serviços da administração pública para que ela possa cumprir de facto o seu papel.
5. Garantir as condições de habitabilidade, escola definitiva para as crianças e professores, água e assistência médica garantida de acordo com o normativo do ministério da saúde.
6. Garantir que seja feita a demarcação do terreno para cada casa, onde se preveja a possibilidade de noutra etapa construir os arruamentos, instalar a estrutura de esgotos, água, energia.
7. Se estude a possibilidade de dar créditos bancários, para a construção de casas evolutivas (no sentido técnico). A opção de construção deve ser feita pelos futuros proprietários de acordo de entre três a quatro modelos e a capacidade de devolução de cada família;
8. Se garanta o registo de propriedade para que estes munícipes não voltem a estar em risco de desalojamento logo que a pressão urbana aumentar.

Outras sugestões serão de grande valia.
Se o processo de desalojamento e realojamento envolver todos os intervenientes, e se for planificado não será necessária à intervenção da "POLÍCIA” e nem contar com o “USO DA FORÇA".

De mim, espero nunca ficar cega para a realidade, nem perder a sensibilidade de sofrer, com quem sofre. Espero não me conformar com a injustiça, com a desumanidade e que Deus me dê a graça de ser coerente com esta opção todos os dias da minha vida".
Para ver o vídeo clique aqui




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