Luanda - Hoje a minha convicção é maior. Temos uma
justiça moldada para os ricos e para todos quantos fazem da corrupção uma
instituição protegida.
Fonte: Folha8
Os pobres nascidos
e criados de 1975 a esta parte, são eternos discriminados deste regime, que se
vinga pelo facto de terem nascido e crescido pobres no tempo colonial, logo são
sujeitos à mais cruel vingança, por parte dos actuais dirigentes, que os trata
como reles leprosos, atirando-os para a sarjeta da marginalidade e, pior,
preferindo dar bifes aos cães do que aos famintos indígenas.
A oposição, a
sociedade civil não arregimentada, os padres coerentes e não submissos ao ouro
do poder, os jovens conscientes, não podem mugir nem tugir e, na mais prenhe
ilegalidade, têm os passos rastreados e os telefones sob escuta. Se denunciarem
uma injustiça, a justiça coloca-se ao lado dos violadores, aconselhando os
violentados a seguirem o melhor caminho: contar o sol aos quadradinhos nas fedorentas
masmorras do regime.
Sei do que falo.
Muitos, que não o fazem, também…
Hoje desta tribuna
alerto, também, o Dr. Sérgio Raimundo de que será o próximo alvo a abater pelo
Ministério Público, face às atoardas e mentiras urdidas pelo procurador geral adjunto,
Adão Adriano António e juiz Cristo, que falhos de argumentos, o minam junto da
submissa Ordem dos Advogados, azaradamente dirigida por um dos seus piores
bastonários. Em causa está, talvez, a sua ingenuidade em acreditar que o que
está em causa é a defesa da verdade material, do direito e da justiça.
Não é! A causa é a
falsidade e a injustiça.
E enquanto esta
procissão silenciosa vai descendo os carreiros da lamentação, os pobres vão
contando as estrelas na calada da noite, ansiando pelo novo amanhecer, para
o ajuste de contas, dos muitos pendentes.
I) 80.000 foram
assassinados no 27 de Maio de 1977. Resultado: não se fala mais nisso, porque
Neto disse: “não vamos perder tempo com julgamento”.
Hoje a tese
mantém-se actual.
II) Ricardo de
Melo, foi assassinado. O sistema sabe quem o matou. Resultado da investigação:
arquive-se, criticava o regime.
III) Mfulumpinga
Landu Victor foi assassinado.
Resultado era da
oposição: arquive-se.
IV) Sexta-Feira
sangrenta, centenas de autóctones foram assassinados por “balas policiais”.
Resultado: arquive-se; são “Langas, zairenses” da oposição.
V) Fernando Miala,
São, Miguel Francisco Ferraz António do SIE, acusados de tentativa de golpe de
Estado, foram presos e condenados. Crime: nenhum…
VI) Graça Campos,
Rafael Marques, William Tonet, foram presos. Crime; criticar o regime.
VII) Jovens
revolucionários, acusados de arruaça, danos, desacato. Resultado: prisão.
Crime; manifestarem-se ao abrigo da Constituição.
VIII) Filomeno
Vieira Lopes, agredido por agentes da Segurança de Estado: Resultado, nenhum.
IX) Antigos
Combatentes e desmobilizados de guerra, manifestam-se por falta de pagamentos.
Resultado: regime coloca PIR na rua.
X) Campanha de
calúnia, difamação e injúria na comunicação social do Estado, contra os opositores
do regime.
XI) Quim Ribeiro
mais 20 oficiais superiores da Polícia Nacional, estão ilegalmente presos, sem
que haja uma acusação capaz de alicerçar provas irrefutáveis cerca de um ano
depois.
Estes são apenas
algumas das sementes de tempestade lançadas pela arrogância deste regime,
estupidamente militarizado, nos discriminados campos dos autóctones pobres, que
um dia brotarão flores vulcânicas, capazes de unir os descamisados e alterar a
actual pradaria, ainda que, hoje se rejeite as comparações de um possível
quadro idêntico às Sírias, às Líbias e aos Egiptos.
Mas a mudança
ainda que dure virá um dia, no dobrar de uma esquina qualquer, para colocar um
STOP na actual balbúrdia partidocrata. E eu acredito, já não falta muito, para
o advir, pois a consciência dos famintos, dos analfabetos e dos discriminados,
está a intelectualizar-se nas escolas da fome, licenciando-se com teses de
unidade, para a luta em prol da democracia.
A justiça de hoje
protege todas as ilegalidades e arbitrariedades de quem, alcandorado na
bajulação, presta vassalagem ao regime. Daí os actuais milionários serem uma
espécie rara e distinta, engordada com dinheiros públicos, mas imunes a acções
investigativas do poder judicial.
Os bens públicos são divididos entre si e os dos privados, são confiscados, com os mesmos artifícios empregues pelos colonialistas portugueses, que mandaram às urtigas o instituto do usucapião da esfera dos autóctones discriminados.
A natureza da colonização é a posse e a propriedade da terra, pois sem ela não é possível ser colono, logo a sua actual manutenção constitucional de a terra ser propriedade originária do Estado é um preceito colonial, que requer uma revolução para a sua revogação.
Logo não nos espantemos que, os dólares de sangue, tendo solicitado um parecer ao constitucionalista português, Jorge Miranda, sobre a legalidade presidencial de criar o Fundo Petrolífero, este, ao arrepio da Constituição Jessiana e das demais leis angolanas, tenha dito, que JES está coberto de legitimidade, mas contornando o semáforo, talvez por Angola ser um país governado por alguns pretos africanos complexados. Logo não é crime transformar a ilegalidade em legalidade, uma vez serem os dólares de sangue que vão engordar as contas do eminente e reputado professor constitucionalista português, Jorge Miranda. É pois neste clima que se forja o grande partido angolano que vai arrasar nas próximas eleições: o PDFA (Partido dos Discriminados e Famintos de Angola).
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