sábado, 9 de fevereiro de 2013

Jornal alemão critica “gritante injustiça na distribuição de riqueza” em Moçambique


“É arriscado criticar a hierarquia de um país que desde a independência é governado de forma autoritária pela FRELIMO, contudo há quem o faça”, Jornal alemão, Die Zeit

Maputo (Canalmoz) – As desigualdades de oportunidades e benefícios na riqueza nacional gerada pelos recursos naturais em Moçambique mereceram um extenso artigo de um jornal alemão que denunciou e criticou uma “gritante injustiça na distribuição de riqueza” no país.
O semanário alemão Die Zeit refere no seu extenso artigo sobre a indústria extractiva em Moçambique que “grande parte da população de nada beneficia” com a riqueza do país. 
“Apesar de Moçambique ser considerado o quarto país mais pobre do mundo (N.R.: análise baseada no Índice de Desenvolvimento Humano-IDH), abriu-se uma corrida ao carvão, ouro e gás e é neste âmbito que empresas estrangeiras investem aqui milhares de milhões de dólares mas que ao invés de ajudar os 24 milhões de habitantes a sair da pobreza, acabam por enchendo os bolsos de alguns”, lê-se no artigo do Die Zeit.
“É arriscado criticar a hierarquia de um país que desde a independência é governado de forma autoritária pela FRELIMO”, contudo há quem o faça, salienta o Die Zeit. Um dos que arrisca é Rogério Ossemane, do Instituto de Estudos Económicos e Sociais (IESE), de Maputo. Ossemane “luta para que milhares de milhões gerados pelo carvão, gás e ouro sejam aplicados em benefício da população e exige mais transparência quer nos contratos quer no que toca ao comportamento das empresas estrangeiras”, lê-se no artigo.
Kristian Lempa, perito da GIZ, Agência Alemã de Cooperação Técnica, citado pelo Die Zeit, vê o desenvolvimento de Moçambique, apesar da injustiça social, com algum optimismo. 
“Moçambique pode ser um exemplo positivo. O país aprendeu com os erros de outros países africanos, ricos em recursos minerais. Por outro lado, a população não parece disposta a aceitar não beneficiar com o boom de recursos extractivos”, disse.
Entretanto, o jornal considera que “o fosso entre ricos e pobres aumenta cada vez mais”, escreve o Die Zeit acrescentando que “fora da capital a situação é muito precária e mesmo em Maputo houve desacatos severos, há dois anos, devido ao aumento de preços dos alimentos e gasolina. Agora a situação é tensa e não são de excluir greves mineiras como as da África do Sul”. (Raimundo Moiane/Die Zeit)

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