Não queremos continuar calados e na espera
eterna enquanto os nossos amigos continuam desaparecidos! Estamos especialmente
preocupados com o silêncio dos representantes do governo que em peito alto
assumiram investigar e esclarecer caso no passado dia 20 de dezembro de 2012
numa reunião que mantivemos com o Ministro do Interior, o Diretor Nacional da
DNIC, o Vice-Procurador Geral, o Vice-Ministro da Justiça e outras entidades do
poder executivo e administrativo do país, estando presentes também familiares
próximos dos nossos companheiros desaparecidos desde Maio de 2012.
http://centralangola7311.net/
Não vamos nos calar e queremos saber o
paradeiro dos nossos amigos quer estejam VIVOS ou MORTOS! Foi esta preocupação
que nos moveu a elaborar a carta que agora tornamos pública para a sociedade
angolana e não só.
Vamos continuar a olhar para isso como se
nada tivesse acontecido? Hoje é Alves Camulingue e Isaias Cassule, amanha
poderá ser qualquer um de nós. Precisamos dizer um basta nisso, somos seres
humanos, a nossa vida tem valor! Exigimos, respeito pelas nossas vidas e
dignidade humana. Não é crime reclamarmos os nossos direitos, os responsáveis
por esses atos devem ser apresentados e julgados segundo a nossa lei.
Não é um crime nascer em Angola, não é crime
combater uma ditadura! Não é um crime dizer que Eduardo dos Santos está no
poder há mais de 32 anos! Não é crime dizer que Angola está a ser desgovernada!
Não é crime manifestar-se contra as inúmeras injustiças que se comentem contra
os angolanos! Não é crime ter opinião! Então por que raptaram os nossos amigos?
Por considerarmos como insultuosa e execrável
a utilização de um assunto tão delicado para os habituais aproveitamentos
políticos com fanfarronices televisionadas, por recusarmos ser meros atores
nesta peça teatral e pelas famílias humilhadas, exigimos a quem de direito que,
no prazo de 15 dias, nos dê um esclarecimento definitivo acerca do paradeiro
dos nossos irmãos. O não cumprimento deste ultimato traduzir-se-á numa
multiplicação de incessantes reivindicações públicas, estando a primeira
agendada para exatamente 15 dias após receção da carta em anexo, entregue ao
MININT no dia 2 do corrente.
Que se dignifique o homem angolano, que se
respeite a soberania do povo angolano, e que se faça, acima de tudo, justiça.
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