Este dirigente da UNITA respondia a
um ex-ministro português que dissera que “Portugal ajudou a UNITA”
Pretória (Canalmoz) – A Unita desmentiu que
tivesse recebido financiamento secreto de Portugal como alegado pelo
ex-ministro da defesa português Castro Caldas, e acusou por seu turno Portugal
de ter participado nas operações que levaram à morte do seu dirigente Jonas
Savimbi.
Falando perante uma comissão parlamentar
portuguesa, Castro Caldas disse que o Fundo de Defesa do Ultramar funcionava
como um “saco azul” para financiar operações secretas e Jonas Savimbi foi um
dos beneficiários.
Castro
Caldas disse que teve “relatos vivos” da participação portuguesa no financiamento
de Savimbi.
“….
Como ministro, vim a ter o relato vivo de pessoal que participou em operações
encobertas, como seja o financiamento do Savimbi”, disse o ex-ministro
português.
De
acordo com Castro Caldas, Savimbi, que foi morto em 2002, foi “durante muito
tempo financiado pelas Forças Armadas portuguesas”.
“E a
maneira que as Forças Armadas tinham de o fazer só poderia ser através de
instituições semelhantes como esse fundo”, acrescentou.
A
UNITA negou de imediato a alegação através do seu porta-voz Alcides Sakala.
“Esta informação não corresponde à verdade,” disse Sakala.
“ A
UNITA não recebeu ajuda nenhuma de nenhum governo português,” acrescentou.
Sakala
recordou que a UNITA manteve uma representação diplomática em Lisboa durante a
guerra civil em Angola e que ele próprio foi representante da Unita nessa
delegação.
“Nunca
recebemos fundos de nenhum governo português,” disse.
“Mantivemos
sim uma representação diplomática porque nos foi permitido que mantivéssemos
uma delegação, uma representação que tinha em certa medida estatuto de uma
embaixada em Lisboa,” acrescentou Sakala que recordou que no passado tinha
havido também “recorrentes” alegações de que a UNITA teria recebido apoio
português durante a guerra colonial algo que, disse ele, foi desmentido por
figuras históricas da UNITA que participaram na luta de libertação nacional.
Sakala
disse ainda que o ex ministro da defesa português teria também afirmado em
Lisboa que militares portugueses participaram na “concepção dos planos
que levaram á execução do Dr. Savimbi”.
O
porta-voz da Unita disse que isto confirmava anteriores denúncias do movimento
“nunca confirmadas ou desmentidas” pelo governo português que militares
portugueses estavam presentes na província do Luena durante essas operações de que
resultaria a morte do líder historic da UNITA.
“Nós
tínhamos conhecimento que havia uma presença (de militares portugueses), para
além de outros países que também conhecemos, que participaram nessas
operações,” disse Alcides Sakala.
“Tínhamos informações vindas do Luena que nos
diziam da presença de militares portugueses envolvidos na planificação dessas
operações,” acrescentou. (João Santa Rita – VOA)
Imagem:
Jonas Malheiro Savimbi, líder da
UNITA preso em combate e posteriormente assassinado pelo MPLA
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