segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Texto da conferência de imprensa do presidente da UNITA, sobre o que se passou na área de Maiombe,


NO MUNICÍPIO DO CACUACO, NO DIA 23 DE FEVEREIRO DE 2013

Senhores jornalistas:
Em resposta às inúmeras chamadas e mensagens que os populares me fizeram, desloquei-me no Sábado passado, dia 23 do corrente mês, à área conhecida pelo nome de Maiombe, no Município do Cacuaco, acompanhado de vários colegas da Direcção do nosso partido, alguns deles deputados à Assembleia Nacional. O objectivo da nossa deslocação era visitar os populares que estavam a mandar-me mensagens, pedindo a minha presença no local. Levamos três cisternas de água, alguns fardos, bens alimentares e alguns medicamentos.
Era a nossa expressão de solidariedade, a mesma solidariedade de que o Senhor Presidente da República tanto falou na sua mensagem de fim de ano.
Tendo tomado conhecimento desta visita atempadamente, as nossas estruturas locais no Cacuaco, avisaram a Administração Municipal, por carta, cuja cópia também foi remetida ao Comando Municipal da Polícia.
A Administração do Cacuaco, na pessoa da Vice Administradora que se ocupa da área política, telefonou ao nosso secretário municipal a dizer que tinha recebido a carta e que não via nenhum inconveniente.

Entretanto, na sua declaração à Televisão Pública de Angola, o Segundo Comandante veio a público dizer que a Polícia não tinha tomado conhecimento. Isto é uma mentira grosseira, pois os nossos registos indicam que a carta foi por eles recebida, na Sexta-feira, dia 22, pelas 14H40.
De igual modo, ao chegarmos ao local, verificamos que o Comandante da Polícia Municipal do Cacuaco, António Ribeiro, já estava à espera da nossa caravana a cerca de dois quilómetros da referida área.
Portanto, não é verdadeira a afirmação, segundo a qual, a Polícia foi surpreendida com a minha presença ali.
Ademais, nenhum político, nenhum cidadão, nenhum representante do povo, precisa de informar ao Executivo da sua intenção de visitar e conversar com outros cidadãos, salvo se pesam sobre nós limitações ao exercício das liberdades democráticas.
Também não é verdadeira a afirmação, segundo a qual, nós estávamos a perturbar o trabalho de alojamento que o Executivo estaria a fazer naquela área, porque a nossa viagem foi barrada a um quilómetro do local.
De igual modo, também é falsa a alegada motivação do Executivo, de que queriam garantir a minha segurança.

Minhas senhoras e meus senhores:
Eu não teria necessidade nem tinha a intenção de convocar a imprensa para falar sobre isso, pois as imagens e os relatos que circulam nas redes sociais, já falam por si.
Decidi convocar a imprensa por causa do que vi na Televisão sobre o assunto. Só convoquei esta conferência para exprimir a minha profunda tristeza pelo papel ignóbil e indigno a que se prestaram compatriotas que aparentam ser Homens que deviam ter alguma dignidade humana.
Refiro-me ao Segundo Comandante da Polícia na Província de Luanda, o comissário Dias do Nascimento e um dos Secretários Provinciais do MPLA, o nosso mais novo Norberto Garcia.
São jovens que aparentam possuir uma certa intelectualidade, mas que se prestaram a fazer um papel rasteiro, indigno e vil, ao vir a público mentir sobre o que realmente se passou no Sábado na área do Maiombe, Município do Cacuaco;
Sobre o facto de a TPA ter sido convidada e não ter aparecido e, ainda para noticiar o facto, não buscou o contraditório, nem comentário;
Sobre o facto de a TV Zimbo ter lá estado e não ter tirado imagens, porque, segundo alegou o seu repórter, não tinha orientação da sua Direcção.
Só convoquei esta conferência, repito, para manifestar a minha profunda preocupação pelo estado em que se encontra o país.
Afinal, se pessoas a este nível, se deixam instrumentalizar a ponto de servirem como farrapos para limpar o lixo de Eduardo dos Santos, então para onde vamos?
Se pessoas a este nível, se prestam a este tipo de baixeza, então, onde está a dignidade humana? Como podem esperar o respeito dos cidadãos?
Por outro lado, se um Chefe pede aos seus subordinados para vir a público mentir descaradamente como se de um serviço público se tratasse, então, temos um regime que atenta contra a dignidade humana, que é um dos fundamentos da República de Angola.
Aquilo que presenciei no Sábado; aquilo que ouvi e vi na Televisão Pública de Angola sobre o assunto; esta conduta do Executivo, reforça a minha convicção de que o país está refém de um homem e de que o povo angolano ainda não está livre. Afinal precisa mesmo de ser liberto do medo.
Lanço um apelo veemente às Instituições competentes, como a Assembleia Nacional, o Ministério da Justiça através do Secretaria de Estado de Direitos Humanos, para criarem uma comissão de Inquérito para apurar exactamente o que está por detrás deste comportamento. Por outro, também apelo ao Povo Angolano, às Forças Patrióticas de Angola para perderem o medo e não aceitarem tamanha humilhação.

Luanda, aos 25 de Fevereiro de 2013

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