terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Estará Hugo Chaves vivo ou morto? Canal de Opinião. Por: Eduardo Namburete



Maputo (Canalmoz) - A divulgação das recentes imagens do Presidente venezuelano, Hugo Chaves, onde numa delas aparece lendo o jornal oficial do Partido Comunista Cubano e ladeado pelas duas filhas mais velhas, parece ser a nova estratégia de marketing do governo venezuelano visando acalmar as pressões dos seus opositores, que desejam a declaração imediata da sua incapacidade para continuar como Presidente daquele país da América do Sul e a convocação de novas eleições.
A estratégia pode não ter atingido os efeitos desejados, uma vez que gente há que celebrou a aparição do líder em imagens como que a confirmar o seu breve regresso, e outros que olharam para as imagens com algum cepticismo, chegando mesmo a sugerir que se tratava de uma montagem para manter vivo um líder moribundo.
Quando vi as imagens de Chaves lembrei-me de imediato do filme “Sob fogo cruzado” de título original “Under fire” estrelado por Nick Nolt, Jane Hackman e Joanna Cassidy, e juntei-me ao grupo dos cépticos questionando-me se Hugo Chaves estaria vivo ou morto.
O filme “Sob fogo Cruzado” ou “Under fire” retrata os últimos momentos da guerra civil na Nicaragua em 1997, movida pela guerrilha popular sob a liderança do comandante Rafael que levou ao derrube do corrupto Presidente Anastasio Somoza.
No filme, o comandante Rafael é morto, e a confirmação da sua morte significaria o retomar do apoio americano a Somoza que já o havia perdido por conta da sua incapacidade de controlar a guerrilha. Para evitar que tal acontecesse, os guerrilheiros forçaram um fotojornalista norte-americano para fotografar o comandante Rafael lendo um jornal do dia para provar que ele estava vivo, contrariando o que Somoza informava aos americanos sobre a sua vitória contra os guerrilheiros e a morte do comandante Rafael. A fotografia foi publicada numa revista e esta verdade fabricada produziu os efeitos pretendidos – o mundo, principalmente os Estados Unidos da América que apoiava Somoza, acreditaram que o comandante Rafael estava vivo e Somoza foi abandonado pelos seus aliados e a guerrilha popular na Nicaragua celebrou a queda de Anastasio Somoza.
No caso da Venezuela  qual seria o interesse do governo em evitar que a verdade sobre a morte de Chaves ou a sua incapacidade permanente venha a público? É sabido que a confirmação da morte de um Chefe de Estado, e neste caso um com muitos inimigos (naturais e criados, internos e externos), pode levar o país a um caos e provocar mais mortes. Portanto, manter Chaves vivo, nem que seja pelas fotografias, assegura que o governo ganhe mais tempo para organizar a casa, transferir o que tiver que ser transferido, deslocar quem tiver que ser deslocado, sensibilizar quem tiver que ser sensibilizado e no final deixar a verdade cair em chão almofadado.
Longe de mim querer validar a opinião dos cépticos, de que Chaves pode estar morto ou permanentemente incapaz de voltar a presidência, não posso deixar de perguntar porquê o governo venezuelano optou por divulgar fotografias, que são imagens estáticas, e não gravar imagens em vídeo onde Chaves poderia acenar ou pronunciar algumas palavras para o seu querido povo. Se está consciente o suficiente para ler um jornal, com o calor das suas filhas, os médicos não iriam se opor que ele fizesse o aceno habitual para o seu povo e prometer “hasta la vista”. (Eduardo Namburete)

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