Lisboa - O jornalista Joaquim Vieira, na sua biografia de
Mário Soares, recentemente editada (Esfera dos Livros), faz o ex-Presidente da
República soltar a língua mais do que é habitual sobre muitas figuras e
acontecimentos.
Fonte: Expresso. Club-k.net
José Eduardo dos
Santos não podia deixar de estar presente, conhecidas que são as más relações
de Soares com o ainda hoje Presidente de Angola (ao fim de 34 anos de poder).
Numa entrevista dada a Joaquim Vieira para o livro, em 16 de Fevereiro de 2011, no início da Primavera Árabe, Soares insurge-se contra o facto de o MPLA fazer parte da Internacional Socialista (IS), tal como, aliás, o partido do ex- presidente tunisino Ben Ali e o partido do ex-Presidente egípcio Hosni Mubarak.
"Ben Ali e Mubarak não deviam ter entrado na IS. Os dois estarem lá é uma merda, que é a IS nos últimos anos. Não tenho dito outra coisa. É uma pouca-vergonha", diz Soares (a jovem Beatriz Talájon deve ficar confortada)
"As ditaduras não devem poder entrar, mas é a mesma razão pela qual o MPLA de Angola também faz parte: é o partido único do José Eduardo dos Santos, ditador que confunde o seu gozo próprio com o orçamento", acrescenta.
É de se tirar o chapéu ao velho combatente socialista numa altura em que o "grande amigo de Angola" Paulo Portas, como lhe chama o "Jornal de Angola", está empenhado em levar tudo à frente para defender a honra do general João Maria de Sousa, pertencente ao grupo de generais mais próximos do regime.
João Maria de Sousa... por acaso Procurador Geral da República, nomeado por José Eduardo dos Santos e proposto pelo Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público -- órgão controlado pelo Presidente e pelo MPLA -- também conhecido por escrever cartas para Portugal a defender num processo arguidos a contas com a justiça, como aconteceu com Álvaro Sobrinho. O que abespinhou o juiz Carlos Alexandre.
Soares é mais um membro do Portugal livre que nada deve nem teme em relação ao actual regime angolano.
Era bom que Eduardo dos Santos se habituasse. E já agora Paulo Portas, que ainda há um mês disse que o Presidente angolano era um dos "grandes líderes africanos", cuja eleição em Agosto passado foi "um passo importante na estabilização, no desenvolvimento e no progresso de Angola".
Sem comentários:
Enviar um comentário