quarta-feira, 23 de maio de 2012

Entre Nampula a Nacala-Porto. Crianças formam “exércitos” de meninos da rua



Cresce mais um barril de pólvora que os funcionários locais escondem quando passa o chefe de Estado

Nampula (Canalmoz) – Nas cidades de Nampula e Nacala Porto, a mendicidade das crianças cresce ao ritmo dos milhões de investimentos estrangeiros anunciados a cada dia. Quando estas cidades estão a colher milhões de dólares em investimentos de diversos projectos, centenas de crianças desfavorecidas formam autênticos exército de chamados “meninos da rua”. Não há governo nem pessoas de boa vontade que acudam estes petizes. A esperança que os investimentos suscitam é inversamente proporcional ao crescimento de autênticos exércitos de crianças abandonadas ou a deambular pelas ruas sem qualquer rumo de vida. Cegos pelos investimentos não há quem se aperceba que se está a criar um barril de pólvora – mais um.
O Canalmoz nas cidades de Nampula e cidade de Nacala-Porto foi tentar perceber como os milhões em investimentos beneficiam as crianças. Conversamos com vários petizes e, a história de cada um é diferente do outro, mas todos se aglutinam num denominador comum: pobreza e falta de amparo.
Na cidade de Nampula, visitamos o Parque dos Continuadores, mesmo no centro da cidade. Conversámos com muitas crianças que têm naquele espaço, tão abandonado como eles, a sua residência.
Aquelas crianças abandonaram as suas zonas de origem por diversas razões. Os menores não querem regressar nem ouvir falar dos centros de abrigo do Governo. Dizem que nesses centros passam por maus-tratos.
Fomos a Nacala. Pelo caminho constámos que há um número elevado e crescente de crianças vivendo na rua, sem família por perto e sem um tecto de abrigo. A sensação de que está a crescer um exército de gente predisposta a todos os risco, é enorme.
Na vila de Namialo, distrito de Meconta, a situação não é menos drástica. Basta um carro parar. Fica de imediato rodeado de dezenas de crianças que repetem o refrão: “Estou a pedir 5 (meticais), tio!”

Exposição de crianças ao tráfico

Para falar deste assunto, o Canalmoz, conversou com Manuel Conta, coordenador da Solidariedade-Zambézia, delegação de Nampula, uma organização que trabalha em prol da criança. “É um risco. As crianças estão expostas ao tráfico de menores. Assim se viola o direito à educação, o direito à protecção, à habitação, à saúde condigna e demais assistências a que a criança tem direito”, diz.
A organização dirigida por Manuel Conta, já produziu um trabalho, em parceria com a Rede da Criança, referente ao levantamento do número de crianças na rua e da rua. Trata-se de uma actividade que prevê continuar nos próximos tempos “pelo menos na cidade de Nampula”.
Manuel Conta opina sobre a dramática situação e diz que “o Governo nada faz”. “Só tocar palmas e grita”.
“No ano passado aquando da visita do Presidente da República a Nampula, foram recolhidas crianças da rua e encarceradas na 1ª Esquadra da PRM para que ele pensasse que já não há crianças na rua”, denuncia Manuel Conta.
É neste ambiente que vivem as crianças de Nampula. Por um lado o drama do seu dia-a-dia. Por outro um governo com instituição para cuidar delas mas que no fundo nada faz por elas e até esconde a realidade quando vai passar por perto o chefe de Estado. É neste mundo de mentira que vivemos… É neste ambiente de falsidade que se vai escondendo a realidade de crianças que um dia poderão surpreender tudo e todos, sobretudo os que andam iludidos pelos milhões de dólares de investimentos. (Aunício da Silva)

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