Cresce mais um barril de pólvora que
os funcionários locais escondem quando passa o chefe de Estado
Nampula (Canalmoz) – Nas cidades de Nampula e
Nacala Porto, a mendicidade das crianças cresce ao ritmo dos milhões de
investimentos estrangeiros anunciados a cada dia. Quando estas cidades estão a
colher milhões de dólares em investimentos de diversos projectos, centenas de
crianças desfavorecidas formam autênticos exército de chamados “meninos da
rua”. Não há governo nem pessoas de boa vontade que acudam estes petizes. A
esperança que os investimentos suscitam é inversamente proporcional ao
crescimento de autênticos exércitos de crianças abandonadas ou a deambular
pelas ruas sem qualquer rumo de vida. Cegos pelos investimentos não há quem se
aperceba que se está a criar um barril de pólvora – mais um.
O Canalmoz nas cidades de Nampula e cidade de
Nacala-Porto foi tentar perceber como os milhões em investimentos beneficiam as
crianças. Conversamos com vários petizes e, a história de cada um é diferente
do outro, mas todos se aglutinam num denominador comum: pobreza e falta de
amparo.
Na cidade de Nampula, visitamos o Parque dos
Continuadores, mesmo no centro da cidade. Conversámos com muitas crianças que
têm naquele espaço, tão abandonado como eles, a sua residência.
Aquelas crianças abandonaram as suas zonas de
origem por diversas razões. Os menores não querem regressar nem ouvir falar dos
centros de abrigo do Governo. Dizem que nesses centros passam por maus-tratos.
Fomos a Nacala. Pelo caminho constámos que há
um número elevado e crescente de crianças vivendo na rua, sem família por perto
e sem um tecto de abrigo. A sensação de que está a crescer um exército de gente
predisposta a todos os risco, é enorme.
Na vila de Namialo, distrito de Meconta, a
situação não é menos drástica. Basta um carro parar. Fica de imediato rodeado
de dezenas de crianças que repetem o refrão: “Estou a pedir 5 (meticais), tio!”
Exposição de crianças ao tráfico
Para falar deste assunto, o Canalmoz,
conversou com Manuel Conta, coordenador da Solidariedade-Zambézia, delegação de
Nampula, uma organização que trabalha em prol da criança. “É um risco. As
crianças estão expostas ao tráfico de menores. Assim se viola o direito à
educação, o direito à protecção, à habitação, à saúde condigna e demais
assistências a que a criança tem direito”, diz.
A organização dirigida por Manuel Conta, já
produziu um trabalho, em parceria com a Rede da Criança, referente ao levantamento
do número de crianças na rua e da rua. Trata-se de uma actividade que prevê
continuar nos próximos tempos “pelo menos na cidade de Nampula”.
Manuel Conta opina sobre a dramática situação
e diz que “o Governo nada faz”. “Só tocar palmas e grita”.
“No ano passado aquando da visita do
Presidente da República a Nampula, foram recolhidas crianças da rua e
encarceradas na 1ª Esquadra da PRM para que ele pensasse que já não há crianças
na rua”, denuncia Manuel Conta.
É neste ambiente que vivem as crianças de
Nampula. Por um lado o drama do seu dia-a-dia. Por outro um governo com
instituição para cuidar delas mas que no fundo nada faz por elas e até esconde
a realidade quando vai passar por perto o chefe de Estado. É neste mundo de
mentira que vivemos… É neste ambiente de falsidade que se vai escondendo a
realidade de crianças que um dia poderão surpreender tudo e todos, sobretudo os
que andam iludidos pelos milhões de dólares de investimentos. (Aunício da Silva)
Heidi
e Rolland Baker. Heidi e Rolland Baker são os líderes do Ministério ...
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