sábado, 26 de maio de 2012

Raul Araújo critica preparação de estudantes que chegam ao ensino superior



Luanda – O professor universitário Raul Araújo considerou, sexta-feira, em Luanda, que os estudantes chegam ao ensino superior, de uma forma geral, com um nível “muito” baixo de preparação, uma vez que vários deles entram para a universidade sem se quer conhecer regras elementares de gramática e do raciocínio lógico.

Fonte: Angop Club-k.net
Raul Araújo fez tal apreciação quando dissertava sobre o tema “A advocacia e o ensino do direito – qualidade e oportunidade”, durante o II Congresso da União dos Advogados de Língua Portuguesa (UALP), que decorre desde quinta-feira em Luanda.

Segundo o prelector, tal facto coloca um problema sério aos docentes, que não sabem o que fazer, “se os vão reprovar toda a vida ou se vão fechar os olhos e fingir que não lêem o que escrevem”, referiu.
 
Em sua análise, essa situação tem levado, infelizmente, ao surgimento de um conjunto de licenciados em Direito que depois de terminarem o curso têm sérias debilidades resultantes do problema de formação de base.
 
Para si, este problema muitas vezes não é ultrapassado nas universidade, porque de igual modo alguns docentes têm os mesmos problemas.
 
No prosseguimento, Raul Araújo é de opinião que existe a necessidade de se repensar muito seriamente as características dos planos curriculares do curso de Direito.
 
Pese embora não defenda a existência de uma plano de estudos uniforme para todas as faculdades, o prelector é de opinião que a solução alternativa deve passar pela definição de um conjunto de cadeiras com determinadas matérias que obrigatoriamente devem ser dadas em todas as faculdades de Direito, quer sejam públicas ou privadas, com intuito de se definir um perfil dos futuros licenciados.
 
Durante a sua alocução, o professor universitário reflectiu sobre o facto de o curso de direito ser generalista ou espacializado.
 
“Isto é, se o estudante que termina o curso deve sair da faculdade de Direito como um especialista ou licenciado em direito generalista, com qualidades para depois especializar-se pós-licenciatura”, frisou.

Nesse âmbito, informou que no plano curricular da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto (UAN) previram a introdução da cadeira de língua portuguesa em dois anos ou mais para tentar colmatar, um pouco, as deficiências que os estudantes trazem, à semelhança do que algumas universidades privadas já fazem.
 
Outro aspecto, analisou, tem haver com a adopção ou não, em Angola, do programa curricular de Bolonha, que baixou o curso de cinco para três anos.
 
Na ocasião, disse que a sua posição é completamente contrária à essa solução para o país.
 
No momento, fez uma chamada de atenção aos advogados, dizendo que o momento actual exige uma especialidade cada vez maior, uma outra postura profissional, uma outra maneira de estar na profissão sob pena de perderem a “carruagem” por causa da concorrência real, ou seja com o surgimento de escritórios de advogados estrangeiros.
 
Durante o encontro, que decorre até sábado, os participantes vão abordar, entre outros temas, "Advocacia, Estado de Direito e Desenvolvimento",  "Especialidade nas Constituições dos Países de Língua Portuguesa" e "O Sistema da Commonwealth e a Cooperação com a Advocacia de Língua Portuguesa".
 
Estarão igualmente em análise "A Advocacia e a Reforma no Judiciário", "Prerrogativas do Advogado – Direito doCcidadão", "Advocacia e o Ensino do Direito – Qualidade e Oportunidades", "O Sigilo Profissional, Relação de Confiança Advogado/Cliente e os Crimes de Capitais e Financiamento ao Terrorismo".

Consta ainda no programa do congresso a cerimónia de empossamento dos novos órgãos sociais da Ordem dos Advogados de Angola (OAA), que vai acontecer no sábado, último dia de trabalhos.

Participam do congresso representantes do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e de Timor-Leste.
 
Representantes do Congo-Brazzaville, RDC, Namíbia, Zâmbia, Guiné Equatorial e Guiné-Conakry participam no evento como convidados.


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