Luanda – O professor universitário Raul Araújo
considerou, sexta-feira, em Luanda, que os estudantes chegam ao ensino
superior, de uma forma geral, com um nível “muito” baixo de preparação, uma vez
que vários deles entram para a universidade sem se quer conhecer regras
elementares de gramática e do raciocínio lógico.
Fonte: Angop Club-k.net
Raul
Araújo fez tal apreciação quando dissertava sobre o tema “A advocacia e o
ensino do direito – qualidade e oportunidade”, durante o II Congresso da União
dos Advogados de Língua Portuguesa (UALP), que decorre desde quinta-feira em
Luanda.
Segundo o prelector, tal facto coloca um problema sério aos docentes, que não sabem o que fazer, “se os vão reprovar toda a vida ou se vão fechar os olhos e fingir que não lêem o que escrevem”, referiu.
Em
sua análise, essa situação tem levado, infelizmente, ao surgimento de um
conjunto de licenciados em Direito que depois de terminarem o curso têm sérias
debilidades resultantes do problema de formação de base.
Para
si, este problema muitas vezes não é ultrapassado nas universidade, porque de
igual modo alguns docentes têm os mesmos problemas.
No
prosseguimento, Raul Araújo é de opinião que existe a necessidade de se
repensar muito seriamente as características dos planos curriculares do curso
de Direito.
Pese
embora não defenda a existência de uma plano de estudos uniforme para todas as
faculdades, o prelector é de opinião que a solução alternativa deve passar pela
definição de um conjunto de cadeiras com determinadas matérias que
obrigatoriamente devem ser dadas em todas as faculdades de Direito, quer sejam
públicas ou privadas, com intuito de se definir um perfil dos futuros
licenciados.
Durante
a sua alocução, o professor universitário reflectiu sobre o facto de o curso de
direito ser generalista ou espacializado.
“Isto
é, se o estudante que termina o curso deve sair da faculdade de Direito como um
especialista ou licenciado em direito generalista, com qualidades para depois
especializar-se pós-licenciatura”, frisou.
Nesse âmbito, informou que no plano curricular da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto (UAN) previram a introdução da cadeira de língua portuguesa em dois anos ou mais para tentar colmatar, um pouco, as deficiências que os estudantes trazem, à semelhança do que algumas universidades privadas já fazem.
Nesse âmbito, informou que no plano curricular da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto (UAN) previram a introdução da cadeira de língua portuguesa em dois anos ou mais para tentar colmatar, um pouco, as deficiências que os estudantes trazem, à semelhança do que algumas universidades privadas já fazem.
Outro
aspecto, analisou, tem haver com a adopção ou não, em Angola, do programa
curricular de Bolonha, que baixou o curso de cinco para três anos.
Na
ocasião, disse que a sua posição é completamente contrária à essa solução para
o país.
No
momento, fez uma chamada de atenção aos advogados, dizendo que o momento actual
exige uma especialidade cada vez maior, uma outra postura profissional, uma
outra maneira de estar na profissão sob pena de perderem a “carruagem” por
causa da concorrência real, ou seja com o surgimento de escritórios de
advogados estrangeiros.
Durante
o encontro, que decorre até sábado, os participantes vão abordar, entre outros
temas, "Advocacia, Estado de Direito e Desenvolvimento",
"Especialidade nas Constituições dos Países de Língua Portuguesa" e
"O Sistema da Commonwealth e a Cooperação com a Advocacia de Língua
Portuguesa".
Estarão
igualmente em análise "A Advocacia e a Reforma no Judiciário",
"Prerrogativas do Advogado – Direito doCcidadão", "Advocacia e o
Ensino do Direito – Qualidade e Oportunidades", "O Sigilo
Profissional, Relação de Confiança Advogado/Cliente e os Crimes de Capitais e
Financiamento ao Terrorismo".
Consta ainda no programa do congresso a cerimónia de empossamento dos novos órgãos sociais da Ordem dos Advogados de Angola (OAA), que vai acontecer no sábado, último dia de trabalhos.
Participam do congresso representantes do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e de Timor-Leste.
Representantes
do Congo-Brazzaville, RDC, Namíbia, Zâmbia, Guiné Equatorial e Guiné-Conakry
participam no evento como convidados.
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