Maputo (Canalmoz) – A ética é uma das
disciplinas da filosofia. É uma virtude humana que visa direccionar o homem
para o bem, para o bom caminho e conduta meramente adequada à sociedade. A
ética é a chave moral para abrir a mente humana para que o Homem pratique o bem
garantindo uma convivênvia saudável pressupondo-lhe a construção, manuntenção e
preservação dos valores atinentes à sua existência.
A ética é a ciência da moral, por sua vez
atinente à prática dos bons costumes que não ofendam a qualquer que seja a
figura humana perante a convivência em sociedade; é o instrumento que nos
orienta à prática do bem.
A ética é uma virtude de teor construtivo e
contrário ao mal, que ilumina a mente dos homens dotando-lhes de princípios que
orientam e guiam a sua coexistência e adequados ao padrão pleno, correcto, de
agir, de ser, de estar e de fazer o que bem nos advém da nossa mentalidade,
procura combater veementemente virtudes negativas, contrárias aos bons costumes
(a corrupção, o furto e acima de tudo a imoralidade) e edificar uma sociedade
sã.
Transcende para uma dimensão meramente
estética e bela que as individualidades devem e podem fazer o seu uso com
vista à valorização das regras da coexistência humana. A ética se
circunscreve em vários domínios da vida social a destacar: na educação, na
saúde, na família, na política, na profissão e em outros.
Assim, na educação desempenha um
preponderante papel na orientação às diversas entidades ligadas ao ensino, a
formação das futuras personalidades que servirão aos interesses da nação.
Porém, nesta acepção, a ética-educacional ilumina a mentalidade da comunidade
escolar numa estreita ligação com a sociedade civil fluorescendo lhes virtudes construtivas
ligadas aos valores morais, princípios éticos oferendo aos educadores e
educandos, a tamanha consciência sobre a vida.
Na educação, a ética, sendo contrária às
virtudes más que se circunscrevem à margem da moral (a corrupção, o furto, a
injúria e no geral da imoralidade) procura iluminar no processo do
ensino-aprendizagem através da tamanha responsabilidade dos agentes educadores
na transmissão consciente e moral dos conhecimentos científicos ao serviço da
formação das futuras personalidades ao serviço da manutenção de uma sociedade
saudável, de valores e bons costumes.
Na saúde, a ética procura iluminar numa
relação intrínseca do doente e do médico na medida em que este, sendo uma
figura social, cabe-lhe o papel de zelar pela ética e deontologia no exercício
das suas funções inerentes a salva de vidas dos seus semelhantes; o médico deve
zelar pelos bons princípios, atendimento adequado, acompanhameno moral e
psicológico ao doente com vista a garantir e preservar a sua confiança, fé e
sobretudo auto-estima para com o mesmo.
Na saúde, a ética transcende as questões
meramente socio-éticas atinentes à saúde do meio ambiente. Aqui, a ética
sanitária visa a educação social sobre os cuidados a ter no que concerne à boa
gestão dos resíduos inúteis, locais e habituais de convivência e outras
situações que nos levam a essa virtude moral.
Sendo a ética a ciência da moral e por sua
vez traduzida em bons costumes, visa o privilégio de todos enquanto cidadãos e
actores éticos dotados de veia de igualidade de direitos e de circunstâncias no
que tange a ética na saúde. À luz dos bons costumes, respeito pelo semelhante,
não seria imperioso o meu vizinho atirar em frente da minha residência,
um saco de lixo, ou ainda desfrutar da música ao som estrondoso
enquanto eu estiver em repouso.
Pelo contrário, à luz da cidadania, a ideia
brilhante contra essa virtude má do meu vizinho seria no entanto todos enquanto
vizinhos, associarmos as possíveis ideias em busca de uma solução adequada sem
detrimento do outrem que consistiria em abrirmos um buraco em local adequado
onde passaríamos a depositar o lixo, assim preservar-se-ia a saúde para todos
bem como a boa imagem que isso deixará do nosso habitual local de convivência.
A outra vertente é a ética-política onde visa
propor valores e objectivos que permitam a realização plena dos direitos civis
inerentes aos cidadãos fortalecendo-se o espírito de cidadania activa
fazendo-se concidir com ela a realização da vontade da colectividade ou do
interesse público. Na política, a ética desempenha o preponderante papel de
dirimir numa perspectiva, os previlégios de poucos e na outra as necessidades
ou carência de muitos e instaurar direitos para todos independentemente
da cor, raça, sexo, etnia, posição social e religião.
Requer-se através da ética política, uma
participação activa das massas com vista a cimentar a cidadania e
fortalecer o espírito da paz, democracia e valores ético-políticos.
Se circunscreve ainda a ética-política nas
questões ligadas à legitimidade de título e de exercício dos orgãos que compõe
as classes políticas, contra as instituições públicas e privadas aquando do
mandato que lhes forem conferidos, isso porque à luz da ética, não seria
correcto nem lógico, o Presidente da República, Ministro, Director, PCA ou outros
orgãos da administração pública no âmbito do exercício das suas funções
violarem a rede legal e atravessarem para actuações que se inconformam com a
lei e princípios que regem as suas actividades.
Segundo a tradição da ética enquanto
ética-política, da instauração de direitos para todos e estreita observância do
princípio da legalidade, os orgãos ora mencionados, no âmbito do exercício das
suas funções, seria absolutamente anti-ético politicamente, subtraírem bens,
quer sejam em objectos ou valores monetários pertencentes às instituições
públicas e privadas concorrendo para a queda da economia da sociedade,
retardando o desenvolvimento e corrompendo com as disposições proferidas na
legitimidade de exercício.
Esta figura permite que os dirigentes das
diversificadas instituições ligadas à administração pública atuem em sede da
legalidade e no respeito pelas normas abstraindo-se da confusão entre o poder
económico e poder político.
Na legitimidade de título, a ética-política
procura iluminar de certo modo as entidades pelos quais esta acepção as rodeia,
fazendo valer a legalidade. Esta disposição reflecte os factos sócio-políticos
assistidos aquando da realização dos pleitos eleitorais em alguns países de
África e em outros quadrantes do mundo onde tem-se verificado graves violações
da legimitidade de título na medida em que os alguns dirigentes e candidatos
tem optado pela violência de tamanha barbaridade no cometimento da fraude
eleitoral através da viciação de votos com vista atingir o poder político, por
meio da animalidade política.
Em princípio, é contrário á ética, a
assumpção do poder político por meio de fraude porque isso corrompe com a
Constituição e com direitos fundamentais dos cidadãos e dos povos.
Olhando para o caso concreto de Moçambique, a
questão da ética-política vem representando acentuado desequilíbrio sob ponto
de vista da actuação dos orgãos competentes, em determinadas matérias ligadas à
legalidade, justiça, igualidade e o bem estar social. Ora, aquando da
realização das primeiros pleitos eleitorais multipartidários em 1994
fundamentando-se e representando-se a manisfestação da democracia, rolaram
rumores no seio da sociedade civil sobre a possível fraude eleitoral de uma das
forças política ou partido político; se tal facto político-social constituiu
realidade, doravante que se aceita que uma das funções da ética-politica foi
violada, instaurando–se desequilibrio democrático e reduzindo-se o fundamento
da democracia e plantando se mais ódio entre os partidos.
Para uma abordagem recente, a sociedade civil
continua reclamando de certo modo e ainda sob ponto de vista de opiniões sobre
a governação corruptiva e indecente de alguns órgãos, governação e exercício
das actividades caracterizados pelo enriquecimento cujo origem e aquilo que é a
realidade dos moçambicanos representa uma diferença tenaz entre esses
órgãos e as classes minimamente favorecidas.
Pensa-se que os políticos e dirigentes no
geral, deviam-se abstrair da ostentação exagerada da riqueza e optarem por
previlégios de igualidade, distribuição equitativa da riqueza, respeitando-se o
princípio concernente à igualidade, justiça social o bem estar material e
espiritual e instaurar-se um clima favorável entre as classes governante e
governadas assim ao serviço da ética-política.
A ética-política, como recita a própria
expressão, não se apadrinha de modo algum, com declarações e discursos
belicistas de algumas figuras políticas, pelo contrário, esses, devem-se guiar
pela ética e moralidade no exercício dos poderes conferidos pelo povo e governo,
em respeito ao Estado de direito e de justiça social.
Na cidadania, a ética desempenha o
preponderante papel de fortalecer o espírito da unidade, cidadania, valores
sociais e morais ao serviço do progresso e do desenvolvimento da nação e da
sociedade; enquanto todos como actores sociais, devemos participar na mitigação
de virtudes contrárias ao bem estar social, material e espiritual coagulando o
comportamento que rege a nossa convivência. Esta acepção de ética e cidadania,
se circunscreve de modo privilegiado, na participação activa e massiva de todo
cidadão, quer em pleitos eleitorais na busca da verdade democrática ao serviço
da nação, quer na participação exclusiva em quase todos os domínios da vida, da
cultura, da economia, etc., na busca do progresso para o alcance dos
objectivos plasmados na agenda do desenvolvimento.
A ética enquanto ciência da moral, dos bons
costumes, da tradição do bem, dos valores morais e sociais combate a corrupção
procurando eliminar todas as formas de subversão dos valores legitimamente
proclamados. A corrupção, mesmo sendo activa ou passiva, numa relação intríseca
de corrupto e corruptor, é força contrária e destruidora da ordem social, é
negação radical da ética e destrói as instituições criadas para a realização de
direitos; a corrupção é anti-ética e instituto imoral pois tende para a
perversão crítica sobre instituições de direito na gestão da coisa pública. (Mateus Licusse)
Imagem: jangadeiroonline.com.br
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