Canal de Opinião. Por: José Lopes (engenheiro electrotécnico), extraído do Facebook
“...Quo vadis EDM?
Maputo
(Canalmoz) – Na sequência da explosão dos barramentos de um dos principais
centros da grande distribuição eléctrica de Maputo (66 kV), em Fevereiro 2013 a
capital de Moçambique voltou a ser dizimada por apagões durante quatro dias.
Embora
os blackouts e as explosões tenham vindo a tornar-se cada vez mais frequentes
nos últimos tempos (veja-se os casos da SE5, SE4, SE Nampula, etc.), desta vez,
para além de enormes prejuízos económicos, há infelizmente que lamentar a morte
de um trabalhador da Electricidade de Moçambique (EDM) – e é por aqui que
importa começar este comentário.
Recorde-se
que foi há pouco mais de dois anos que, com a tradicional pompa e
circunstância, a EDM convidou o Chefe de Estado para proceder à inauguração de
um Centro de Despacho da Rede Sul na Matola – um investimento superior a 5
milhões de dólares que, além de maior eficiência na gestão dos fluxos
eléctricos, era suposto visar também a melhoria da segurança humana na operação
das redes.
Contudo,
surpreendentemente, logo em Março 2012 começaram a surgir os primeiros sinais
de que algo de anómalo se passava no referido Centro de Despacho: segundo os
media, ao dito Centro não haviam chegado os sinais da génese e evolução de uma
grossa avaria na SE5, pelo que, na ausência de atempadas manobras de corte e
isolamento, um incêndio devastou completamente equipamentos orçados em 6
milhões de dólares nessa moderna SE5 (66/33 kV), o que, por arrasto, causou
extensivos apagões em Maputo durante vários dias – por caricato que possa
parecer, na altura, os media referiram que a EDM só veio a tomar conhecimento
do sinistro através dos alertas dados por residentes da área.
Como
se nos idos de Março 2012 tanta incúria já não bastasse, na sequência do
recentíssimo grande apagão de Fevereiro 2013, os media, com base em fontes
qualificadas da EDM que por temor repressivo insistem no anonimato, voltam
agora a noticiar que, na passada semana, este mesmo novíssimo Centro de
Despacho também não estaria em condições de operar o crucial barramento 66 kV
da Central Térmica de Maputo (CTM), pelo que, na sequência de um grave defeito causado
por uma descarga atmosférica numa das linhas de grande distribuição, terão sido
dadas instruções para a sua operação manual, mesmo sabendo-se já não serem
nominais as condições técnicas da instalação CTM (GIS/SF6/66 kV).
Entretanto,
embora ainda decorram as investigações policiais e peritagens técnicas quanto
às causas da explosão que vitimou o técnico da EDM – e espera-se que desta vez
a EDM não volte a esconder os seus resultados -, não tenho quaisquer dúvidas em
desde já afirmar que, em razão da inexplicavelmente rápida degradação da
moderna instalação 66 kV da CTM, em nenhuma circunstância se deveria ter optado
por uma operação manual em tensão sobre um defeito desconhecido, mas que se
sabia próximo; em particular porque persistiam as adversas condições
atmosféricas que haviam induzido a avaria, e também porque não estavam
disponíveis quer comandos locais à distância quer adequados equipamentos de
protecção; refira-se que, neste, como em tantos outros casos, qualquer operação
manual a ser feita directamente em painéis sob suspeita técnica só deverá ser
efectuado após o total desligamento na fonte dos respectivos alimentadores.
Incidentalmente, recorde-se que, no caso, também não foram aplicadas duas
antigas tradições deontológicas desta profissão de alto risco: (i) em
circunstâncias de perigo iminente quem dá as ordens é quem deve premir o botão
e (ii) um operador nunca deve estar sozinho aquando das manobras.
Sem
desrespeito pela centralidade deste caso - a vitimização do colega Isaac
Vicente António -, permita-se-me no entanto uma rápida incursão pelas prejuízos
induzidos por toda esta anomalamente frequente sequência de explosões,
incêndios e blackouts na EDM.
Como
toda a gente terá certamente reparado, a EDM - agora também popularmente
conhecida como Explosora De Materiais – é sempre lesta a anunciar os enormes
encargos de reposição dos seus equipamentos ($5-milhões na SE5, $6 a 8-milhões
na CTM, etc); paradoxalmente, e não obstante o determinado por várias Leis, a
EDM recusa-se sistematicamente a indemnizar os consumidores cujos equipamentos
são destruídos pela má qualidade do seu fornecimento eléctrico (oscilações,
voltagens não-nominais, extemporâneos cortes e religacões, etc.), ou cujos
produtos e/ou factores de produção perecem devido aos extensos mas
não-anunciados apagões.
Trata-se
de uma impunidade que urge colmatar, em particular porque, dado o longo tempo
requerido para a normalização da fiabilidade dos sistemas de Maputo (mais de 12
meses), 2013 será um ano electricamente muito difícil devido ao débil estado
das redes de grande distribuição 66 kV; neste mesmo contexto, e apesar de,
estranhamente, a EDM continuar a não dispor das mais básicas ferramentas de
planeamento eléctrico (ou pelo menos a não as divulgar), eu aqui generosamente
lhe forneço uma estimativa que me levou algum tempo a calcular: exceptuando a
Mozal - que é um enclave Eskom -, e os prejuízos causados aos equipamentos dos
consumidores, na actual estrutura sócio-económica de Maputo/Matola o Custo
Diário da Energia Não-Servida (ou de perda de carga) atinge os 47 milhões de
meticais ($ 1.6-milhões de dólares).
Há
pois métodos e contas que urge refazer...”
P.S.:
Bayano Valy e Milton Machel dedico-vos em particular este texto.
(José Lopes, ex-engenheiro da EDM,
ex-director nacional de energia, extraído do facebook com a devida vénia do
Canalmoz)
Imagem: noticias.sapo.mz
5 comentários:
Não há ninguém que repare neste HOMEM? Pobre País que tão mal tratas os teus Filhos que gostam verdadeiramente de ti, que já muito deram por ti, que sabem trabalhar ensinar e derigir, que teem muita experiência (profissional e da vida) que estão dispostos a darem mais uns anos de sacrificio por ti, mas, como grandes HOMENS e PROFISSIONAIS que são, não aceitam serem “derigidos” por incompetentes (quase todos “desmamados” por eles) instalados nos centros de “controlo” de intrigas e de quem quer trabalhar, e por isso mesmo, são despresados, injustiçados, mal tratados (como Pessoas e profissionalmente) enquanto os corruptos (de ideias e materialmente) continuam a delapidar por incompetência o que tanta falta fáz e pertence ao GRANDE POVO MOÇAMBICANO?
faisca
Beira, Dondo, Chimoio, Centro e Norte do País, tudo às escuras há vários dias, não por sabotagem (actos de Guerrilha) mas por incompetência e desleixo dos novos mandantes da EDM ( e os outros que estão no terreno e que são seus protegidos, mas, ainda são mais incompetentes que os seus padrinhos) que de profissionais da Electricidade nada têm e nada sabem , apenas são politicamente correctos, só bebem água destilada (alguns até juram que é água benzida), fazem a melhor “vénia do País”aos seus protectores e fazem questão de dormirem com o CARTÃO DO PARTIDO DEBAIXO DO TRAVESSEIRO.
E, agora vejam este HOMEM, um Profissional competentíssimo, incorruptível, o que melhor conhece a Rede Eléctrica do País os seus defeitos e necessidades, um Dirigente de mão cheia, que sabe dirigir mas ao mesmo tempo dizer como se deve fazer, mas que e por isso mesmo, sabe dar o valor a quem o tem e dizer não aos preguiçosos, incompetentes, bajuladores, aos que estão na Função Pública não para a servirem mas para se servirem dela, manipuladores de opinião pública, acaba por ser vitima destes “Senhores” que o votam ao esquecimento não por temerem a Pessoa Eng.º José Lopes mas sim e apenas temerem os seus conhecimentos, profissionalismo e verticalidade em todos os sentidos.
Uma coisa vos digo, com este HOMEM a comandar os destinos da EDM isto não acontecia, mas, se por acaso algo do género se desse não voltaria a acontecer e o problema seria resolvido em tempo aceitável, ou seja: horas (poucas) e nunca dias intermináveis como está a acontecer.
Dirigentes deste País, ACORDEM!
2014-02-06
Faisca
2014-02-07
Beira,Dondo, Chimoio, Centro Norte, etc, etc, tudo às escuras há vários dias por incompetência e desleixo dos actuais "responsáveis" da EDM.
Querem uma solução? Corram com estes PARASITAS e ponham como Director Geral da Energia de Moçambique este HOMEM que se chama Eng. José Lopes!
Electro Atom
O PCA da EDM, “Eng.” Augusto Sousa Fernando, exonerou o Eng. José Neves?
Estes Catraios, INCOMPETENTES E DESLEIXADOS, afastam todos aqueles que lhes podem dizer com autoridade, moral e profissional que eles estão a destruir a EDM em todas as vertentes, ou seja: do património material (equipamento) já pouco resta em condições mínimas de operacionalidade, o Pessoal para lá caminha, pois, há longo tempo que estes Miudos, fazem uma fuga para a frente iniciando a campanha de afastar todos os verdadeiros PROFISSIONAIS COMPETENTES que os fazem sentir pequeninos e porquê? Porque sabem que se não fora os seus PADRINHOS GOVERNAMENTAIS, eles não estariam nos lugares que estão porque de electricidade nada sabem, mais, qual o PAÍS NO MUNDO que não aproveitava os PROFISSIONAIS (para além de grandes Patriotas) e Engenheiros de mão cheia que eles exoneraram, tal como: José Lopes, Monteiro, José Neves, etc, etc, etc.
Quero fazer um apelo aos verdadeiros Patriotas, levem ao conhecimento dos Governamentais Moçambicanos esta politica de terra queimada que os novos EDMs com o PCA à cabeça, estão a fazer e digam-lhes que a solução está e só é possível com o afastamento destes “senhores” e que chamem os Eng. atrás referidos (e outros também afastados) para que no mínimo, parem a degradação material e Pessoal da EDM.
Eu sei do que estou a falar!
Francisco Queiróz Pinto
manyDesleixo e incompetência continuam:
Beira e Chimoio, novamente às escuras (ou quase), e porquê? Pararam a Central da Chicamba (para manutenção ou reparação), sem providenciar reserva de Potência disponível (o chamado N-1)!
O que é o N-1?
Para quem não sabe eu explico!
Imaginem que para fornecimento de Energia às Cidade de Chimoio e Beira são necessários três (3) Grupos, logo, teremos que ter 4 Grupos (4) grupos da mesma Potência na Rede (funcionamento) e para quê?
Elementar!
Se por qualquer motivo (avaria, manobra errada, etc.),um (1) dos Grupos “saltar” (sair de Rede) os outros têm Potência suficientes para fornece o consumidor (Cidades de Chimoio e Beira), e por isso não há qualquer interrupção de fornecimento de Energia.
Isto acontece porquê?
Porque substituíram o PCA da EDM e mais alguns na cúpula, mas, cometeram os mesmos erros dos antecessores, ou seja: deixaram que quem COMANDA TÉCNICAMENTE A EDM sejam os mesmíssimos!
E, para que toda a GENTE se ESPANTE, o HOMEM que mais sabe de Electricidade em Moçambique (então as Centrais de Mavúzi, Chicamba e Rede Eléctrica de Manica e Sofala conhece como as suas mãos), está votado ao esquecimento. Esse HOMEM chama-se (como toda a Gente já percebeu): Engenheiro, José Lopes.
Digo mais. Não aproveitar a capacidade de trabalho e conhecimentos deste Engenheiro é um CRIME!
naoqueronada
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