terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Estudante angolano preso na China por reagir a assalto. Condenado a 10 anos de prisão


Luanda - A relação de subserviência de Angola face à China decorrente da hipoteca do nosso país ao gigante asiático tem tido consequências danosas para Angola. O que acontece é que os chineses ditam as regras do jogo em todos os negócios e o governo angolano só obedece, fazendo vista grossa inclusive a desmandos feitos por cidadãos e empresas chinesas em Angola e na China.

*Carlos Duarte
Fonte: Makaangola.org

Condenado a 10 anos de prisão
Um exemplo disso mesmo aconteceu no princípio do ano com um estudante angolano, cujo nome omitimos por razões de segurança, na cidade chinesa de Xangai. Na China desde o ano passado, integrando um grupo de mais de três dezenas de bolseiros do Instituto Nacional de Bolsas de Estudo (INABE), o estudante da Universidade Ton Ji foi condenado a 10 anos de prisão por reagir a um assalto.

A história conta-se em poucas linhas. No começo de Janeiro passado, o apartamento do estudante foi assaltado por cidadãos chineses, algo que acontece com inusitada frequência aos angolanos e outros estrangeiros na China. Como o jovem estudante tivesse reagido ao assalto e na refrega com o invasor lhe tivesse provocado um corte com arma branca no lado direito do peito, o caso foi levado às autoridades policiais chinesas.

Imediatamente a polícia encaminhou o caso às instancias judiciais e o estudante angolano foi sumariamente julgado e condenado a 10 anos de prisão, num julgamento claramente parcial e manipulado, o qual não teve em conta o direito de defesa do acusado. Nem o consulado de Angola, nem o INABE reagiram ou prestaram assistência judicial ao estudante bolseiro.

Segundo relatos de um colega do estudante angolano ao Maka Angola, são frequentes os abusos e roubos aos estrangeiros e quando estes apresentam queixas às autoridades policiais a únicas palavras que ouvem é “aqui o chinês é quem manda”. Ainda de acordo com declarações da nossa interlocutora, os agentes consulares de Angola em Xangai fazem ouvidos de mercador às constantes reclamações dos estudantes angolanos naquela cidade. Os abusos são tão descaradamente praticados que já se tornou comum, por exemplo, um estudante angolano chegar a um balcão de banco para receber uma transferência e não levantar a quantia exacta. “Muitas vezes vamos ao banco levantar 500 dólares, por exemplo, e só recebemos 400. Quando reclamamos ou questionamos o valor em falta ouvimos o mesmo de sempre: aqui o chinês é quem manda e ponto final.”

A situação dos estudantes angolanos, cujos apartamentos são assaltados amiúde sem que haja da polícia uma atitude repressiva, é tão desesperante que, mesmo tendo os estudos pagos pelo Estado angolano, pelo menos três bolseiros preferiram retornar a Angola, temendo o pior.

Sem comentários: