Benguela - Partido Popular lança campanha a eleições gerais e diz que presidente angolano perderá poder "nas urnas" ou "na rua". Bloco Democrático, também extraparlamentar, diz que dos Santos ultrapassou limite de tempo no cargo.
*Nelson Sul D’Angola
Fonte: DW Club-k.net
Dois partidos sem assento parlamentar lançaram esta semana as respectivas campanhas políticas para as terceiras eleições multipartidárias angolanas desde a implementação do multipartidarismo, em 1991. O escrutínio deverá ser realizado em setembro.
Numa sala totalmente lotada pelos partidários e simpatizantes do Partido Popular, o presidente da agremiação, David Mendes, discursou dizendo que o partido está disposto a enfrentar José Eduardo dos Santos "sem medo" caso o presidente angolano venha a ser o cabeça de lista do MPLA, partido que governa Angola desde a sua independência, há 36 anos.
Durante o último fim de semana, o MPLA realizou reunião na qual estava prevista a divulgação da lista de deputados que concorreria às eleições gerais angolanas. Espera-se que o presidente angolano seja primeiro nome da lista do MPLA. Segundo a Constituição do país, o cabeça da lista vencedora no escrutínio se torna automaticamente presidente da República.
"Não temos medo do José Eduardo dos Santos. Não temos medo do MPLA. Não temos medo das ameaças! Nós vamos lutar. Nós vamos resistir. Se não querem perder nas urnas, como vão fazer batota, vão perder na rua!", afirmou Mendes, destacando que "acabou o tempo dos ditadores".
Durante o discurso, o presidente do Partido Popular ainda questionou a origem do enriquecimento de Isabel dos Santos, filha primogénita do presidente angolano.
"Nós queremos que o José Eduardo dos Santos venha e diga que o dinheiro que nós encontramos nas contas dele não é dele. Todos nós sabemos que a filha do presidente está a comprar todas as empresas em Portugal. Onde ela trabalhou para ter tanto dinheiro? Só porque tem um pai que é presidente?", questionou.
Sem legitimidade
Também sem assento parlamentar, o Bloco Democrático expressou por meio do secretário geral Filomeno Vieira Lopes que "o presidente [José] Eduardo dos Santos já ultrapassou os limites de tempo para governar o país. A Constituição anterior previa um máximo de 15 anos [na presidência]", lembrou Lopes.
O secretário geral ainda apontou para a relação entre a Justiça e o Executivo do país ocidental africano: "Nós, na altura, recorremos a instâncias judiciais do país. Como estas são subordinadas ao poder político, consideraram que José Eduardo dos Santos não tinha tempo [limite] nenhum de mandato e que portanto podia permanecer no poder. A primeira questão é esta: José Eduardo dos Santos não deve ter legitimidade para concorrer".
Filomeno Vieira Lopes ainda afirmou que, tal como noutros países em Angola, "o velho caciquismo da manipulação das consciências, da opressão e da agressividade contra os mais pobres está em declínio".
"Com a determinação de todos, lançaremos para o caixote de lixo da história os adeptos da opressão, da manipulação das consciências, da corrupção. A agressividade contra os mais pobres, a bajulação institucionalizada se transformou em fórmula mágica para o acesso aos bens", denunciou.
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