– opina Alice Mabota, presidente da Liga dos Direitos Humanos
Ela acusa a Policia de nunca esclarecer nada
“Se até hoje o Governo ainda não esclareceu aos moçambicanos como é que morreu Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique Independente, Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frelimo, Sebastião Mabote e Rafael Magune, quadros seniores do partido no poder, Frelimo, como é que vai nos explicar o que está por detrás de assassinatos e raptos na cidade de Maputo” – Alice Mabota
“Tenho receios que isto pegue moda. Um dia serei raptada porque falo muito. Vão me exigir resgate e onde é que vou arranjar dinheiro? Que tipo de Governo é este que acontecem coisas e não sabe explicar aos seus filhos?” – presidente da Liga dos Direitos Humanos sobre a onda de raptos em Maputo
Maputo (Canalmoz) - A presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabota associa a onda de sequestros que tem vindo a assolar a cidade de Maputo, a ajuste de contas, confrontação de negócios e lavagem de dinheiro, uma vez que está a ser difícil movimentar quantias elevadas de dólares americanos.
“Nós andamos numa brincadeira, mas isto é sério. A regra do rapto em qualquer parte do mundo é a mesmas, as pessoas envolvidas não falam e nem envolvem a Polícia nas negociações de resgate, mas depois de libertadas devem fornecer pistas à Polícia, o que não acontece no nosso país”, disse Alice Mabota à margem do workshop do Tribunal Africano dos Direitos Humanos, a decorrer na cidade de Maputo desde ontem.
Segundo Alice Mabota, “o fenómeno rapto é estranho para a sociedade moçambicana”. “Esta não tem hábito de raptar pessoas e exigir resgates com elevadas somas de valores monetários”.
“Os moçambicanos estão habituados a roubar e a bater nos noutros. Isto é natural na nossa terra. Rapto é um fenómeno que está fora da questão de modus vivendi dos moçambicanos negros.”
Segundo Mabota, “este fenómeno é importado”.
“Os casos de tráfico de drogas também não fazem parte da maneira de viver dos moçambicanos”.
“Já tivemos um problema com pessoas que não conhecíamos, mas dizia-se nos corredores que eram asiáticos. Estes estão divididos em várias castas, como por exemplo, temos gente que vem da Índia, Dubai, Paquistão e cada uma tem a sua maneira de viver. É preciso investigar”, disse.
Alice Mabota lembrou que “na cidade de Maputo houve casos de assassinatos onde pessoas eram regadas com balas. Isto aconteceu com o dono da Vidisco, também ameaças com explosões até hoje sem explicações”.
Governo não esclarece
“Se o Governo ainda não esclareceu aos moçambicanos como é que Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique independente, Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frelimo, Sebastião Mabote e Rafael Magune, quadros seniores do partido no poder, Frelimo, morreram, como é que vai nos explicar o que há por detrás dos raptos na cidade de Maputo?”, disse, “não será o problema de raptos que será esclarecido”, concluiu.
Alice Mabote recordou, entretanto, que o Governo ainda não foi capaz de esclarecer muitos assassinatos. “Viu-se umas pessoas com bombas nas suas casas. Isso parou. Agora deparamo-nos com o fenómeno de raptos. Não se sabe quem faz e de que nacionalidade é essa pessoa”.
“Tenho receios que isto pegue moda. Um dia serei raptada porque falo muito. Vão me exigir resgate e onde é que vou arranjar dinheiro? Que tipo de Governo é este que acontecem coisas e não sabe explicar aos seus filhos?”, questiona a presidente da Liga dos Direitos Humanos. (Cláudio Saúte)
Imagem: Maputo, bairro Coop; fotografia encontrada aqui]. Vai resmungando a colega, ...
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